Capítulo 66

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Natal.

Uma data tão querida para todos... O cheiro de biscoito amanteigado, canela e o vapor aromático do Peru saindo do forno. Involuntariamente pensamos em uma sala reunida por pessoas amadas relembrando histórias embaraçosas enquanto bebem chocolate quente e esperam dar meia noite para começar a devorar a comida.

Bom, isso não funciona em casa. Fora eu e meus primos de 7 anos, minha mãe era a única pessoa a beber chocolate quente (com um quantidade mais do que considerável de Uísque) e a única parte agradável nas conversas era quando tia Clear alfinetava meu pai de forma passiva-agressiva ou quando minha prima Violet reclamava que o assunto machista do pai dela e do meu atrapalhava a linha de raciocínio de seu romance gótico.

Eram 10 da noite agora e tudo que eu conseguia fazer era responder uma pergunta ou outra e roer as unhas. Jason estava tão farto ao meu lado que usou uma desculpa mal feita de que iria ajudar Nona nos biscoitos de gengibre. E eu o segui, é claro.

A cozinha não estava tão caótica; fora o fato de vovó Beatriz bater de frente sobre colocar mais canela e Nona roubando a xícara de farinha de sua mão para-a impedir de colocar na massa. Eu e Jason arqueamos as sobrancelhas para a cena.

Pela primeira vez na vida eu vi Beatriz com o cabelo fora do lugar e a de roupas amassadas, mas ela ainda usava um salto curto e quebrava os ovos na travessa com tanto nojo que quase fiz eu mesmo. Com equilíbrio, ela correu até o balcão mais próximo e jogou um bocado de pó branco que havia dentro na mistura... e aquilo parecia..

-Vovó eu...

Ela se virou apenas o suficiente para ver nossos rostos enquanto cutucava o quer que estivesse no forno. Nona por outro lado, cortava os pequenos biscoitos de gengibre como se fizesse isso todos os dias.

-Saia da cozinha- ela comandou.

-Mas..

-Está tudo sobre controle, saia daqui logo.

Jason permaneceu como uma estatua observando tudo, e pela graça de Deus resolveu me seguir. A parte ruim foi ter que voltar para sala.

Noite passada meu pai disse pessoalmente á mim que eu deveria permanecer perto da família, sabe lá Deus por que. Diz ele que para matar a saudade de todos.

Eu realmente queria matar todos. As crianças do tio Ben insistiam em sujar cada canto disponível na casa e Violet foi a única que pode acampar no meu quarto sem ser perturbada.

No limite que eu estou. Estava seriamente pedindo por algum dinheiro para limpar a casa e levar a droga da cerveja do tio Ben, e devo dizer que Jason faz um papel de hétero bom, dado que ele parava TUDO que está fazendo por um jogo de futebol estupido.

-Calzinho!

E falando no diabo..

Girei meus calcanhares para o batente da porta, caminhando até uma das grandes janelas que dava para a cozinha. Ao me debruçar sobre a madeira, pude ver a enjoativa visão de meu pai e meu tio deitados como parasitas assistindo jogo. New York Giants estava ganhando.

Murmurei algo em resposta.

-Trás uma cerveja aqui?- ele disse como não fosse uma pergunta. Ainda por cima virou -obrigado.

Um dia e meio. Um dia e meio. 

Eu tentava manter meu caminhar o mais calmo possível enquanto vasculhava a geladeira. O mesmo na volta.

-Toma.

-Pode trazer para mim?

Deus me ajude Deus me ajude Deus me..

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora