Capítulo 54

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Jason paralizou quando eu disse aquilo. O rosto não trasmitia nada.

Eu queria voltar atrás com o que eu disse. Talvez seria melhor se continuássemos brigando, nos evitando e fingindo que nunca.. transamos. Não durou muito disso, mas eu sabia que se eu não pusesse um fim naquilo agora, eu provávelmente jamais conseguiria de novo.

É uma coisa que as pessoas tendem a fazer. Se acomodar. Encarar as coisas dá trabalho. É complicado.

Para falar a verdade, todos esses problemas se parecem com a depressão. Você sabe que não vai acabar bem, mas continua mesmo assim. Porque você não consegue fazer diferente. Não tem energias suficiente para isso. Como um inseto atraído pela luz fervente de uma varanda.

Jason estava ao meu lado no sofá. Eu não sabia ao certo a quanto tempo ele estava lá.

Eu o olhei. Cada tatuagem, cicatriz e covinhas. O cabelo escuro como os olhos e a pele pálida. Eu só conseguia encará-lo agora, porque eu não sabia o que dizer. Era uma das poucas vezes que eu não sabia o que dizer.

Tudo agora poderia ser decisivo. Depois de quase um ano brincando de gato e rato estávamos frente a frente. ''Prontos'' para exclarecer as coisas.

-Sobre o que quer falar?- ele perguntou. A voz em um timbre baixo e relaxado.

-Sobre.. isso- eu disse, fazendo expressões corporais com as mãos para nós dois.

-Tudo bem. Pode falar.

A calma dele era cortante. Quase irritante.

-O que eu sou para você, Jason Tucker?- eu perguntei. Sentado sobre meus pés. Olhando em seus olhos.

Era um frase curta. Poderia por tudo a perder.

O silêncio tomou conta da casa. Ela nunca foi tão quieta como agora. Nem mesmo naquelas noites em que eu chorava sozinho até dormir.

A expressão dele ainda era ilegivél. Sua garganta se movimentou, indicando que ele engolia em seco. Ele suspirou profundamente, fechando os olhos com força. Como se para acordar de um pesadelo terrível.

Mais alguns momentos se passaram disso, antes dele abrir os olhos escuros e lumbrificar os lábios.

-Eu não poderia expressar em palavras- ele concluiu. A voz rouca.

Não era a resposta que eu esperava, mas por enquanto, era boa o suficiente.

-Você tem que me dizer o que quer. Agora. Eu não posso ser seu brinquedinho. Não posso ser sua pequena descoberta. Eu tenho que saber o que você quer- eu disse. As palavras descendo grossas como vomito pela minha garganta.

-Você quer.. namorar?- ele perguntou.

Eu esperava que soasse cheio de terror. Mas na verdade soou apenas com curiosidade.

-Você quer?- eu rebati.

-Você acabou de dizer que não queria mais que eu brincasse. Eu espero o mesmo de você- ele disse, duro.

-Eu te perguntei primeiro.

-Você não pode por tudo isso- ele imitou minhas expressões corporais -..nas minhas mãos. Isso é composto por duas pessoas. Eu também quero saber suas opniões, e o que você sente. É importante para mim tanto quanto é para você.

Eu suspirei. Minha cabeça martelava. Tudo em mim me dizia que eu deveria pular fora enquanto ainda havia tempo.

-Tudo bem. Prometo não deixar tudo por sua conta.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora