Capítulo 60

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O dia chegou. Eu mal notara que chegou até estar em cima de um banquinho, a procura de uma mala no ármario. 

Talvez eu devesse ter me acostumado a ideia. Talvez pequenos lembretes diários no meu  subconsciente tivessem me acostumado a ideia de estar de volta a cidade. Falar com meus pais.

Mas eu não fiz tal coisa; ao invés disso, eu me forcei ao máximo para esquecer. Fosse com tarefas domésticas, provas ou Jason. Era rídiculo sequer pensar que eu me acostumaria a isso. Mesmo que eu tivesse me preparado para isso desde o outono, ainda não seria o suficiente. Rezei para conseguir manter as feições neutras que treinei no espelho por tempo suficiente na presença deles.

Meus olhos coçavam da falta de sono enquanto organizava a mala, o escuro e o vento frio como minha companhias silênciosas enquanto eu dobrava e organizava as roupas de inveno em movimentos frenéticos e precisos.

A cama rangeu e os lençóis farfalharam, roubando minha atenção de forma instintiva.

-São quatro da manhã- Jason anunciou em um tom de reprovação, coçando os olhos.

Bem, talvez eu tivesse percebido que dia era hoje.

-Estou arrumando a mala- anunciei, voltando minha atenção a qualquer espaço livre na mala que abrigasse meu cachecol vermelho.

Um suspiro grave e carregado deixou sua garganta.

-A mesma mala que você montou e desmontou nos últimos três dias?

Eu estava mais que ciente de que partiríamos logo, então.

-Volte a dormir ou me ajude a encaixar a droga do cachecol na mala- foi a única coisa que eu disse.

Não ousei olhar para ele, não quando escutei a cama ranger outra vez e presumido que ele realmente voltara a dormir. Mas ele apareceu ao meu lado em alguma hora; soube disso pois suas mãos se envolverão as minhas delicadamente demais em contraste com meu dedos frenéticos, agarrando o tecido de lã com ambos os nossos dedos e por fim o colocando em um pequeno espaço que devo ter passado os olhos pelo menos um duzia de vezes. Foi só aí que eu o olhei. Foi só aí que eu percebi que ele sorria, apesar de estar evidentemente cansado e irritado. Ainda de cueca e cara amassada.

Deus, eu o amava tanto. Nunca amei ninguém desse jeito, e devo ter dito em voz alta, pois ele me envolveu com os braços e disse:

-Nunca amei alguém como amo você.

Foi quando eu suspirei profundamente, meu corpo relaxando com o contato de sua pele nua, ao mesmo tempo que ele depositou um beijo em um de meus ombros.

-Vamos dormir, devemos guardar o máximo de energia que pudermos se o que disse sobre seus pais for verdade- ele me ofereceu um de seus sorrisos sonolentos, e me deixei ser guiado por seu toque até a cama emaranhada.

-Eles são- eu disse antes de sequer pensar, as palavras saindo emaranhadas e frias.

-Certo, desculpe.

Eu apenas balancei a cabeça, minha cabeça latejando e os olhos pesados ao sentir o impacto macio do colchão contra mim. Soltei outro suspiro, ao mesmo tempo que os braços dele me puxaram para mais perto e suas pernas se enroscaram nas minhas. O calor de seu corpo me envolveu com rápidez e eu me aninhei em seu peito.

 O calor de seu corpo me envolveu com rápidez e eu me aninhei em seu peito

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Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora