Capítulo 55

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-Eu te avisei- disse, estridente.

-Não sei porque você se importa com esses idiotas. Nenhum deles pagam nossas contas- ele disse simplesmente.

As coisas tem sido.. diferentes.

Eu nunca fiquei tanto tempo sem xingar, brigar ou insultar o Jason em todo o nosso tempo juntos. Nós estavámos conversando e agindo como pessoas normais.. um casal normal.

Isso é, nós não somos um casal. Enfim...

Ainda é meio suspeito. Eu ainda espero que ele chegue em casa acompanhado e bêbado, que me evite e brigue comigo. Mas ao invés disso, ele tem parado de sair para ficar comigo, tem parado de beber descontroladamente e me incentivado a voltar a ativa.

Ele tem sido tão bom que tenho medo de tudo isso ser um sonho, acordar, e ver que tudo continua igual.

-Tudo que eu não preciso são mais perguntas- eu sibilei, virando apenas para ver quantas pessoas nos encaravam.

Todas elas.

-Você não precisa responder as perguntas- ele continuou, imbatível, olhando para frente.

-Nunca mais deixo você me convencer de nada- eu disse, entredentes.

Pela primeira vez desde o caminho de casa, ela me olhou. Sorrindo de maneira sujestiva.

-Nunca diga nunca- avisou.

Dessa vez foi eu que olhei para frente. Recusei cada investida de Jason e evitei cada olhar. Apesar disso, Jason continuava com o sorriso estúpido nos lábios. Eu vi de soslaio. Eu me concentrei a continuar minha caminhada pelo campus.

Eu queria ir para casa, me agasalhar e ver 10 coisas que eu odeio em você de novo. Não aula de cálculo. Eu odiava cálculo.

Voltar a ativa era estranho. Como se eu tivesse começado o ano de novo. Meus cadernos quase em braco. Uma tonelada de tarefas.. um inferno total.

-Quer fazer alguma coisa no almoço?- ele perguntou.

-Hm.. tudo bem. Quer comer no restaurante da frente?

O rosto de Jason se contorceu em uma careta.

-Você e a Gen comeram tanto aquele maltido hambúrguer vegetariano que eu mal consigo sentir o cheir. O pior é que você nem mesmo é vegetariano.

-Aquele hambúrguer é atemporal. E de qualquer forma, não faz mal comermos salada e um pouco de tofu de vez em quando. Comemos carne vermelha todo o dia.

Jason franziu os lábios, ciente de que eu estava certo, mas não dando o braço a torcer.

-Tudo bem- eu cedi. -Mas eu escolho o resturante. É bem capaz de você pedir Vodka e uns shaches de katchup para o almoço.

-Você faz descaso de mim- ele disse em um tom drámatico. Colocando as mãos sobre o peito para infatizar.

-Não que eu esteja mentindo.

-Não que você esteja mentindo- ele concordou.

Eu ri, parando de caminhar ao perceber que havíamos chegado aos prédios.

-Nos vemos mais tarde- ele disse, caminhando de costas para seu prédio.

-Nos vemos mais tarde- prometi, rindo ao ver que ele bateu com as costas na parede.

***

As horas que se passavam foram exatamente como eu imaginava que seriam. Eu queria me matar, e nem tinha chegado as 12. Um inferno.

Eu queria apenas que o professor nos liberasse. Não era como se ele estivesse explicando um assunto super importante. Na verdade, ele nunca explicava nada.

Ele estava sentado atrás de sua mesa mexendo no telefone. Juro que não sei como alguém que acha que a luz azul do telefone fica imperceptível se colocada em um livro conseguiu ser professor de faculdade. 

Eu tentei me concentrar nos livros cheios de números. Eu tinha que me concentrar. Afinal, eu precisava deles para meu futuro trabalho.

E eu achando que a matemática iria acabar no ensino médio..

O sinal finalmente tocou. A essa altura, eu já tinha rabiscado metade da folha e pronto para enviar mensagens de texto para Jason ou Gen. Dei graças a Deus enquanto partia para fora como um canhão, carregando os livros comigo.

Jason estava na entrada do meu prédio, andando de um lado para o outro como um patinho perdido. Um patinho de um metro e noventa e quase oitenta quilos.

-Oi- eu soltei, minha voz transparecendo meu cansaço.

-Tudo bem, Baby?- ele perguntou, todo preocupado.

-Só cansaço do último semestre. O professor passou um trabalho macabro e eu apenas rabisquei o caderno a aula toda- eu resmunguei enquanto andavámos juntos para fora do campus.

Eu não via Gen em canto algum. Não que fosse difícil reconhece-la com todo o branco da neve.

-Viu a Gen hoje?

-Não..

-Eu queria me encontrar com ela para contar sobre nós antes de ela descobrir sozinha e me esfolar.

Jason riu para mim e rosnou para uns caras que fizeram gestos obscenos para mim. Eu não disse nada, mal me mexi, para falar a verdade. Caminhamos em um silêncio ensurdecedor pela imensidão gelada dos bares, antes de finalmente escolher um pub qualquer.

-Eu devo ter feito algo muito ruim naquela droga de festa- eu disse ao me sentar.

Jason travou o máxilar, como se eu tivesse entrado em um assunto delicado.

-Eu notei os olhares. E não era por estármos juntos- eu conclui, pedindo algo gorduroso para o garçom.

Jason pediu vodka com gelo.

-Você pode, por favor, me contar o que houve?

-Você não vai gostar..- avisou.

-Conta mesmo assim- insisti. Jason me avaliou; percebeu que não tinha saída, então falou:

-Você acabou na piscina apenas de meia calça e roupa de baixo. Eu tive que fazer exatamente a mesma coisa da festa de Halloween. Foi um porre.

Minha respiração travou. Fazia total sentido. As pessoas não me olhavam espantatos por estar acompanhado de Jason, e sim por ter coragem o suficiente para aparecer na aula depois de tudo isso. 

Puxei a bebida de Jason para mim, mas ele a puxou de volta depois de alguns goles.

-Você não sabe beber.

Eu não respondi. Estava envergonhado demais para fazer tal coisa. Eu apenas encarei as várias bebidas pela metade espalhadas pelas estantes do ''restaurante'' escuro, esperando pela coisa que pedi mais cedo. Não exitei em comer. Mesmo o gosto não sendo convidativo.

-Baby..

-Estou bem.

-Não parece bem.

-Não quer dizer que eu não esteja.

-Você tem uma resposta para tudo?

-Quase.

Os lábios dele se repuxaram.

-Vamos para casa. Eu te ajudo a estudar, quem sabe conseguimos esquecer essa merda- ele disse, levantando-se e jogando dinheiro sobre o balcão.

Não me dando tempo suficiente para pensar, Jason me puxou do pub deprimente.


Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora