Capítulo 64

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Seus dedos deslizaram pela minha cintura, tão suave e cuidadosamente que mal passou de um roçar, seus olhos procuravam os meus de forma desesperada. Aqueles não eram os olhos dele. Estavam nublados, sem o brilho do castanho claro.

-Por favor..- ele pediu, a voz em uma súplica -.. me deixe... me deixe tocar você.. eu..

As palavras eram enroladas, tropeçavam umas nas outras. Mas eu sabia, que de alguma forma, aquilo não saiu da boca pra fora. Soou como se ele tivesse guardado isso para si... a súplica, era demais.

-Eu prometo ser gentil.

Um polegar calejado acariciou minha bochecha, perto da linha dos olhos. O toque rendeu um arrepio em minha espinha. Um frio na barriga. Minhas mãos estavam geladas, era como se eu não soubesse mais usar a língua.

-Eu sei que você seria gentil.

-Então.. então me deixei fazer isso. Por favor- um suspiro pesado deixou seu peito enquanto ele se embolava com as palavras outra vez. -Eu quero muito isso. Você.

Minha pernas estavam como gelatina nesse ponto.

Tortura. Era com certeza algum tipo de tortura comigo. Algum castigo dos céus por sabe Deus o que. Talvez meu pai realmente estivesse certo, e de fato eu pagaria por minhas "ações pecaminosas''.

Eu não poderia deixar isso acontecer. Não com seu hálito cheirando a bebida. Não com ele sendo meu meu melhor amigo.

-Calvin..

Ele envolveu meu pescoço com os lábios, tão delicadamente quanto quando fez com o aperto em minha cintura.

-Calvin..

Os olhos nebulosos encontraram os meus outra vez, uma pergunta silenciosa quando seus dedos pararam no primeiro botão de minha camisa de flanela.

-Calvin!

Pisquei. Meu coração estava acelerado, minhas mãos tremiam envoltas aos talheres de prata. Meu pai me encarava com uma expressão fria de ódio de uma parte da mesa, acompanhando meu estremecer com os olhos.

Escondi a mão de baixo da mesa coberta.

-Oh. Desculpe, o que disse?- perguntei à minha tia Clear a minha frente.

Seus cabelos cacheados como o meu estavam na altura do queixo, acentuando ainda mais seu rosto rechonchudo. Seus olhos eram predatórios como os de minha mãe e sua sobrancelha bem feita estava arqueada em desaprovação.

-Estava perguntando como tem sido.. na faculdade- ela direcionou um olhar nada discreto ao meu namorado ao meu lado, que olhava para todos com uma expressão contida.

Eu estava cansado dessa droga de pergunta.

-Oh- forcei um sorriso. Sabia que me rosto devia estar branco como de um doente. -Tem sido maravilhoso. O clima é ótimo.

Tia Clear enfiou um garfo de purê na boca pintada de vermelho, seus dedos cobertos de anéis quase não conseguindo acompanhar os movimentos do talher na rapidez que ela queria.

Ela podia não se parecer com minha mãe, nem se vestir como ela, mas poderia ser tão venenosa quanto. Até mais.

Ela murmurou um "sei".

-E seu amigo?- interrogou com outra olhada para Jason.

Meu pai murmurou algo sobre como não gostava de como a palavra "amigo" saia da boca dela. Minha mãe cutucou um pedaço de aspárago frio em seu prato. Não tinha dito uma palavra até agora, ou mesmo comido.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora