Capítulo 33

7.3K 741 203
                                    

Jason Verona

-Você é teimoso pra caralho, devia ter pegado uma blusa minha- Jean disse pela quarta vez no caminho.

-Eu sempre esqueço de lavar ou devolver coisas, e você é um saco com isso.

-Por isso eu ia te dar uma que eu não uso muito.

-Nem está tão frio de qualquer forma- argumentei, ajustando o couro a minha pele exposta.

Deduzi que estávamos próximos quando escutei o barulho familiar de música psicodélica e as luzes coloridas cada vezes mais próximas conforme nos aproximávamos da esquina.

A grande casa estava brilhando em cores fluorescentes.

Algumas garotas do ensino médio saiam da casa com os braços envolta do pescoço de caras que tinham ganhado bolsa de futebol.

Elas estavam com cara de não saber o próprio nome.

-Nojentos de merda- cuspi no tênis surrado um deles quando continuei andando em direção ao barulho ensurdecedor.

Jean, ao contrario das outras vezes, não flertou com qualquer um que respire a nossa volta.

Embora a música tivesse uma vibe boa, eu não estava a vontade de entrar na pista de dança e beijar uma garota desconhecida com gosto de cerveja, continuei a desviar do mar de pessoas que estava no hall e na sala, para logo chegar com Jean na cozinha do lugar.

Como o resto da casa, estava escuro e brilhante. Eu podia ver que restos de salgadinho estavam espalhados sobre o balcão com o resto das bebidas.

Metade delas custavam vinte dólares, mas agora isso não fazia a mínima diferença para mim, agora que estava acompanhado, pelo menos teria alguém para me levar no hospital para a lavagem estomacal.

-Ow cara- Jean encostou no meu braço quando me viu virando o terceiro copo de álcool em menos de um minuto.

-Só me leve ao hospital se der alguma merda- cortei, virando um copo cheio de líquido azul.

A bebida tinha um gosto de sorvete de céu azul, mesmo com o amargo e o calor do álcool.

Virei outro copo.

-Ver você tentando ter uma overdose não era o jeito que imaginei passar o domingo a noite- Jean se encostou no balcão ao meu lado, bebericando uma cerveja preta.

-É irônico você estar falando sobre eu estar me embebedando, dado a suas três lavagens estomacais esse ano- cuspi.

-A bebida está fazendo efeito então?- ele olhou o bico da garrafa com um sorriso felino.

-Não enche..

-Não to te julgando cara, só estou dizendo que isso é meio incomum. Eu caio bêbado, você transa com as garotas, e os dois saem se ajudando?

Lancei um olhar que logo foi entendido.

-Não vejo em como saio beneficiado nisso tudo.

-Você goza, mesmo tendo que limpar meu vômito no final da noite.

Sorri, molhando meus lábios com a bebida morna.

Um tempo se estendeu de nós dois bebendo enquanto observava a movimentação do salão a nossa frente.

O efeito do álcool tinha chegado finalmente.

Sentir meu corpo entorpecido e minha mente enevoada era mais que satisfatório.

Foquei minha mente apenas na batida eletrônica da música.

Sem pensamentos.

Sem lembranças.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora