Capítulo 57

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Eu estava abraçado a ele. Inspirando o cheiro único que ele tinha com minha cabeça enterrada em seu peito. Ele estava quente, e sua respiração pesada de sono fazia minha cabeça se movimentar preguiçosamente. Eu observei a curva de sua boca, o cabelo espetado, a forma como sua garganta se movimentava..

Eu estava rendido a ele. Cada parte minha. Ele tendo consciência ou não.

Eu voltara a tomar meus medicamentos. Não poderia, em sã consciência, deixar de tomá-los. Não depois daquele dia. Depois das revelações dele, nós nos tornamos mais próximos, de um jeito que nunca imaginei que seríamos.

Nós não estamos namorando. Não precisamos de um título idiota para mostrar a intensidade do que sentíamos. O que nós somos é bem mais que um simples namoro. 

Ele é meu amigo. Ele esteve lá para mim; tanto quanto Sean um dia já esteve, e eu estava aqui para ele também. Acho que seria mais simples dizer que somos um time. Uma forma bastante resumida, na verdade. Mas era bom o bastante.

Ele me incentivava todos os dias: com os remédios, os trabalhos.. e eu o ajudava também. Ele tem sido mais comunicativo, aos poucos, eu tenho o conhecido melhor. Aprendi coisas em semanas que não soube em um ano.

Ele me contou sobre o pai deplorável, e eu achei justo contar mais um pouco sobre os meus. Acho que nunca tinha falado em voz alta tudo que disse a ele. Nem mesmo a Sean, mais porque Sean não precisava de explicações. Ele também contou que estava fazendo administração porque o pai o obrigara a comandar suas empresas futuramente, foi quando liguei os pontos para descobrir de onde ele tirava o dinheiro para as despesas. Ele era podre de rico. Jason podia ser uma caixinha de surpresas.

Eu levantei, tomando cuidado para não acordá-lo, mas Jason me puxou para a cama antes que eu pudesse fazer tal coisa.

-Onde vai?- perguntou, a voz rouca sonolenta.

-Esperava tomar um café- eu respondi, com um risinho bobo.

Ele resmungou

-Ta bom.. só não esquece das pílulas- avisou meio irritadiço. Eu assenti, mesmo que ele não pudesse ver. 

Eu desci ao andar inferior, apenas para preparar meu café amargo. Não era o ideal, mas ao menos me manteria aceso pelo resto do dia. Eu enfiei uma torrada entredentes, apenas para não correr o risco de passar mal. Remédio, café preto e estômago vazio geralmente não combinavam.

Eu comia com certo esforço aquela torrada amanhecida enquanto subia as escadas, tomando cuidado para não derramar o liquido quente das canecas. Eu me sentei na ponta da cama ao adentrar o quarto, ele ainda estava desmaiado.

-Trouxe café!- eu disse, tentando ao máximo soar animado.

-Seu café é péssimo- ele resmungou, se mexendo no lençol fino. 

Eu realmente desejava que ele usasse mais que boxer para dormir. Me forcei a tirar os pensamentos impuros da cabeça, fazendo o meu melhor ao fingir uma cara de espanto por seu insulto.

-Não é assim tão mal..- continuei.

-Preferia dormir- respondeu.

-Você é tão, tão chato- eu disse, despositando a caneca na mesinha ao lado da cama.

Eu peguei uma das pílulas que tomaram poeira por meses e engoli. Suspirando, eu me deitei. 

O remédio estava fazendo efeito. Eu não gostava, era praticamente ser uma marionete. Os sentimentos eram artifíciais. Jason devia ter percebido, já que me deu um beijo. 

Foi delicado, e tinha gosto de café ruim.

-Sabia que quando você me chamava pelo segundo nome, eu realmente não gostava?- ele perguntou, eu percebia que ele tentava me animar.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora