Capítulo 43

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Para ser sincero, fiquei meio decepcionado com a reação do Jason ao acordar comigo pela manhã. Ele não pulou da cama e levou as cobertas junto, ou algo do gênero.

Eu esperava de verdade ter acordado antes dele para evitar de ele me ver babando e descabelado, ou poder pegá-lo de surpresa uma vez na vida, para variar. Mas é claro que não acordei.

Ele estava com um braço atrás da cabeça quando acordei, como se estivesse relaxando na cama que não era nem mesmo grande suficiente para portar suas pernas enormes.

Senti meu rosto corar e se contorcer em uma careta desgostosa quando vi os quando os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso ladino. Foi quando percebi que minha cabeça estava enterrada no seu peito meio nu.

Pulei para a ponta da cama em um movimento estranhamente rápido vindo de mim. Ele agora colocou os dois braços atrás da nuca, fechou os olhos e sorriu ainda mais.

Bufei.

-A quanto tempo estava me vigiando?- perguntei cruzando os braços.

-Não estava te vigiando- ele disse da outra ponta da cama.

-Foi bem isso que pareceu- conclui.

Ele abriu os olhos.

-Não sei quanto tempo estava fazendo isso. Talvez uma hora- chutou.

Imaginar Jason encarando minha cara amassada e inchada por uma hora me fez querer afundar no chão até chegar no lençol freático.

-Por quê não me deixou dormindo sozinho?- perguntei.

Ele pareceu analisar se valia a pena gesticular a boca para me responder por um momento.

-Não queria te acordar. E não tem como sair desse seu projeto de cama sem fazer isso.

-Minha cama é grande o suficiente.

-Para crianças e anões.

Joguei uma almofada que encontrei no chão em seu rosto.

-Não é minha culpa se você tem essas pernas de aranha- rebati.

Suas sobrancelhas se arquearam e seus lábios se curvaram de forma divertida.

Continuei do mesmo jeito que estava. Com as pernas cruzadas na posição indinho e o mais próximo que consigo de fazer uma carranca ameaçadora encarando Jason e me perguntando por quê ainda não o expulsei de minha cama a ponta pés.

Deixar ele dormir aqui na noite passada foi uma ideia estúpida.

-Se eu soubesse que você reagiria tão bem assim ao acordar comigo salivando no seu corpo teria te jogado escada a baixo noite passada.

Ele mordeu o lábio interior de forma sútil, como se para segurar uma palavra intrusa ou evitar uma risada.

-Não me parece ruim ter você salivando no meu corpo, com tanto que faça no lugar certo.

Eu não tinha dúvidas que estava com o rosto no mínimo rosado depois de sentir minhas bochechas até a ponta de minhas orelhas esquentarem. Minhas narinas inflaram.

-Sai. Da. Minha. Cama. Agora.

Ele levantou da cama sem protesto, mesmo seu sorriso presunçoso ter deixado claro a sua satisfação de conseguir me deixar desconfortável tão facilmente. Ele ajeitou seu fios negros de forma preguiçosa para trás enquanto deixava o quarto com passos leves. Os olhos nunca deixando os meus enquanto fazia isso.

Pulei da cama quando escutei os últimos degraus da escada ranger, indo ao banheiro em seguida.

Pela primeira vez em semanas eu me permiti encarar meu reflexo no espelho. Não posso dizer que é como eu imaginava, mas eu com certeza não estava bem também.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora