8. Bela Acorda

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Presente

Bela acordou. Estava nua, apenas com uma simples túnica de hospital vestida. Tinha as costas descobertas. A cama estava rodeada por um plástico a fazer de dossel. Estava sozinha no quarto. Sentia uma estranha humidade no ar e o cheiro intenso de desinfeção. Ao seu lado tinha um aparelho a apitar, tinha o seu braço ligado a soro que estava pendurado numa vara de metal e um aparelho estranho no dedo.

Tudo parecia ser normal para um hospital, mas aquele "dossel" de plástico e um quarto tão amplo só para uma doente era estranho. Ao sentar-se os ossos pareciam ser facas que lhe espetavam a barriga, a pele parecia querer rasgar-se. Devia ser daquela doença estranha. Pelo menos estava limpa. «Desinfeção que palavra maravilhosa» pensou. Nada de águas sujas do mar pegando-se ao seu corpo, nada de armazéns sujos e nada de manchas na sua pele! Aproveitou a sensação e deixou-se estar.

Bela começou por gozar a limpeza e conforto do momento, mas depois de pouco tempo já estava impaciente. Não tinha nada para fazer a não ver máquinas e equipamentos médicos! O quarto estava demasiado vazio, mesmo para um quarto de hospital. Quando o médico chegou e entrou no quarto ficou espantado ao vê-la sentada a inspecionar o aparelho que media as suas pulsações e tensão.

What are you doing?

– Ah! Doutor! Pensei que nunca mais vinha alguém ter comigo! - respondeu Bela em inglês. - Estou aqui há horas presa neste plástico! O pior é que preciso mesmo de ir a casa de banho!

– Seja como for, não se pode mexer tanto. Como se sente?

– Bem, como tivesse passado dias a dormir um bom repouso.

– Não passou dias, passou semanas. Não tem dores? Enjoos?

– Semanas?! Como assim?

– Bulan tem uma doença desconhecida e foi até agora a única sobrevivente. - respondeu o médico rispidamente – esteve com 39° de febre até anteontem, durante três semanas e meia. Não pode fazer gestos tão repentinos!

» Vai ter que ficar, pelo menos, mais três dias no hospital. Espero que compreenda que precisamos de avaliar melhor a sua situação. Tem ali uma casa de banho - apontou para o canto e abriu o plástico protetor. Bela nem pensou duas vezes, libertou-se com ajuda do médico dos aparelhos, e foi quase a correr para lá.

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