54. Os Ciúmes de Harta

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Enquanto caminhavam para casa, o silêncio reinou entre eles. Quando chegaram Bela estava a tirar o lenço quando Harta a encostou à parede.

- Bela tu gostas de mim? Tu queres mesmo casar comigo?

– Harta! Encontrei-o por coincidência! Não podes ter ciúmes, cada vez que eu falo com um homem!

- As coisas são muito diferentes aqui... - Harta desviou a cara - ele é português por isso podes ter algum interesse.... - hesitou – podes estar comigo só por gratidão...

Bela tocou-lhe no rosto e beijou-o. Um beijo delicado que queria contar tudo o que ela sentia por ele. Harta puxou-a para si com um braço enquanto a sua mão passava suavemente pelo seu cabelo. Entretanto, ouviram um vigoroso «hum! hum!» de Samir e logo se despegaram. Cada vez estava mais difícil manterem-se longe um do outro.

Samir foi ter com Batari e disse-lhe qualquer coisa que a fez rir e Harta corar. Na hora de jantar anunciou que iria avançar o casamento o mais rápido possível porque já havia muito namoro na casa. Traduzido por Harta, contrariado. Bela sorriu.

Começava a ficar ansiosa pelo casamento, mais pelo momento em que poderia estar a sós com Harta sem interrupções. Os seus beijos, o seu toque era algo magnético que ela sentia que precisava como uma droga para viver. Isto levava a muitas questões, mas evitando as mais sérias e as quais tinha mais dúvidas perguntava-se: como seria um casamento muçulmano? Teriam algo semelhante a um padre? Seriam realizados na mesquita? Ela não sabia.

Já tinham terminado as condições para o casamento. Nunca tinha pensado nisso antes, votos para um casamento. No entanto, fazia sentido. Ela tinha pensado em algumas coisas como ser fiel e não ter outras mulheres (sim, pelo menos isso ela sabia da religião dele), não ser agressivo, deixá-la trabalhar, estudar, seguir a sua religião à sua maneira, ter independência financeira, respeitá-la e amá-la. Coisas simples, mas importantes. Ela não conhecia muito bem a religião, mas já tinha ouvido falar de homens que casam com várias mulheres, vendem as mulheres, obrigam-nas a ficar em casa e a não ver mais ninguém. Não via Harta a fazer isso, mas sempre era algo para colocar. As condições do Harta eram tão simples: respeitar a religião, aceitar as suas decisões em termos profissionais e morar sempre com ele. No fundo, eram muito parecidas com as dela.

– O meu pai quer realizar o Manghi. A festa de noivado. Onde trocamos anéis de noivado – explicou Harta ainda a traduzir o que Samir dizia e tirando Bela da sua abstração.

– Ah! Vocês também fazem isso! Que bom! – pensou Bela que era algo que ela conhecia.

– Os meus pais estão já a preparar o vestido para o jantar...

– Não é preciso jantar. Podes dar-me só o anel.

– Não, para nós é preciso o jantar.Vem toda a minha família para saberem que vais fazer parte da família. Pena que não tens pais porque senão falaríamos com eles sobre o casamento.

– Se a minha irmã responder ao e-mail podem falar com ela. Ela é como se fosse minha mãe.

– Mas ela não serve como teu guardião... – Harta coçou o queixo – Só se for o marido dela.

– Não, desculpa, mas não. Eu sou a minha guardiã.

Harta riu-se. Abanou a cabeça. Perguntou-se porque alguma vez pensou que Bela precisava de um guardião?

– Traduziu a conversa para os pais e ficou combinado o jantar para o fim de semana seguinte.

Samir estava preocupado com aquela situação. Ele tornou-se mais rígido depois de ele os ter apanhado a beijarem-se. No entanto, a mãe de Harta estava nas nuvens esperava que isto acontecesse, sempre que olhava para Bela ria-se e cuidava muito bem de tudo o que era dela. Quase todos os irmãos e irmãs dela tinham muitos filhos. Batari sentia-se diminuída por ter uma família pequena.  

Samir tomou uma decisão: Harta iria dormir na sala com Samir enquanto Batari dormiria no quarto com Bela. Nem Bela, nem Harta, gostaram da mudança. Tentaram argumentar, mas o comportamento deles não tinha sido o mais apropriado.

Samir não queria uma noiva grávida. Bela podia não ter família e não querer saber da sua reputação, mas era importante para eles que ela não manchasse o nome da família Dewi. Na casa deles ficaram os dois na cama, mas dividiam o quarto os quatro. Não podia acontecer nada. Agora, era diferente, principalmente depois de os ver agarrados aos beijos não podia aceitar. Bela suspirou. Em vez de estar mais próxima de Harta sentia-se cada vez mais afastada. No entanto, ele segurou-lhe a mão debaixo da mesa durante o jantar.

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora