41. A Vida em Padang

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Estava ansiosa por ver Harta e a família, por ter dinheiro, por ter algum tempo para encontrar um sítio em que pudesse enviar um e-mail a Linda. No entanto, trabalhou sem folga as primeiras semanas para garantir um pagamento elevado e pela ajuda de ficar hospedada no hotel e pelas roupas que lhe deram (que foram deixadas por clientes). O seu trabalho era num sistema da empresa que apenas a deixava aceder às marcações de quartos e aos e-mails da empresa. Não podia ir ao seu e-mail e também tinha receio de o fazer e ser apanhada. Por isso, mais uma vez o e-mail para Linda ficou adiado.

No seu primeiro dia de folga, foi procurar onde poderia enviar um e-mail para Linda, apesar de não ter a certeza se conseguia pagar o valor necessário, e procurar casas em Padang mas que tivessem anúncios em inglês. Vagueou pela cidade a reparar em todos os cafés e edifícios. Harta tinha um telemóvel pequeno daqueles ainda com teclas, via-se muito à venda com preço barato. Tinham também um smartphones. Estava ansiosa para receber o seu ordenado. Podia comprar um e utilizava a Internet que o hotel dava de graça aos seus hóspedes. Nem precisava de encontrar uma biblioteca ou cibercafé. A biblioteca era melhor, mas onde haveria uma?

Quanto mais caminhava pelas ruas de Padang mais via que as casas no geral tinham poucos andares, algumas pareciam mesmo barracas, com cultivo de plantas e galinhas a passear... mesmo em plena cidade com pouco espaço. Existiam também edifícios lindos como o do hotel onde trabalhava com os telhados a erguerem as suas pontas para o céu. Bela pensou que deviam ser turísticos como o seu hotel até porque estavam muito bem estimados. Por vezes via-se prédios como os que estava acostumada em Portugal, mas ela suspeitava que fosse condomínios porque tinham uma guarita de segurança na porta.

A rua tinha muitas bancas com vendas de comida e outras coisas, mas não viu nenhum café que tivesse computadores. Se quisesse Wi-fi tinha no hotel, mas não lhe adiantava de nada sem telemóvel nem computador. Tomou cuidado para saber como voltar, uma vez que as placas todas indicavam o nome das ruas em bahasa indonésio que era o mesmo que chinês para ela.

No final do dia voltou para o hotel desanimada. Até poderia ter passado por alguma biblioteca, mas como não sabia nada de indonésio não seria capaz de reconhecer e não iria entrar em qualquer edifício apenas porque tinha uma placa...

No dia seguinte, tentou mais uma vez sair e procurar algum sítio que tivesse casas para alugar em inglês. As ruas de Padang pareciam as ruas de uma aldeia muito grande, tinha casa modestas mas a terra e o ar de campo parecia estar em todo o sítio. Apenas os prédios que por vezes brotavam do nada a faziam lembrar que estava numa cidade.

Vagueou mais uma vez a ver atentamente as lojas da rua, no entanto, as ruas tinham casas tão semelhantes que quando viu estava perdida. Não sabia onde estava nem onde era o hotel. O pânico tomou conta dela, ela nem sequer tinha dinheiro para um táxi e mesmo se tivesse não saberia dizer onde era o hotel... As lágrimas fugiram-lhe dos olhos enquanto o seu coração subiu-lhe à garganta. Caminhou apressada, pelas ruas a tentar voltar a ver algo familiar algo que tivesse a certeza que já tinha visto antes. Nesta confusão, voltou-se para verificar a rua e embateu contra um homem.

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