Durante a semana seguinte, Bela pensava como conseguir enviar um email a Linda. Agora que estava em Padang e que sentia-se mais perto de conseguir os seus objetivos, Bela desesperava por falar com Linda. As suas colegas do hotel que falavam entre si em indonésio, não falavam com ela e acreditavam que ela não compreendia nada do que diziam. Bela, no entanto, com as suas aulas com Harta e com a convivência no ambiente em que só se falava aquela língua ia compreendendo algumas palavras. Por isso, compreendeu que o único computador que tinha acesso à Internet e não apenas ao sistema de trabalho era o que estava no escritório de Rafael, mas que estava todo em português, o que elas não entendiam. Porém, para Bela não poderia ser melhor.
No dia seguinte, Bela madrugou. Harta dormia descansado abraçado a uma das almofadas que os separavam na cama. Bela acordou ainda mais cedo do que Batari que costumava ser a primeira pessoa a se levantar para preparar o pequeno almoço (que eram mais um almoço para Bela). Silenciosamente saiu e quando chegou ao hotel teve cuidado para passar sem que a rececionista percebesse.
Passou pela sala onde costumava trabalhar. Onde apenas alguns colegas que atendiam as chamadas noturnas estavam nos seus cubículos no fundo da sala. Conseguiu também passar sem ninguém notar. Quando chegou ao gabinete de Rafael e abriu a porta cuidadosamente, viu a secretária de Rafael que parecia vazia e abandonada. Porém ao chegar perto da secretária já com um sorriso e a murmurar « é hoje que eu consigo» Rafael levanta-se de debaixo da mesa com uma caneta na mão e assustam-se ambos:
- Bulan! - gritou Rafael que deu um pulo e colocou a mão no peito – o que faz aqui tão cedo?!
- Ah! Eu... - Bela esperou que as ideias viessem, mas nada surgiu na sua mente.
- É hoje que consegue o quê? - perguntou Rafael com um sorriso desconfiado.
- Sabe é que eu preciso de enviar um e-mail com urgência e não tenho como...
- E pensou usar o meu computador sem pedir?! - Rafael franziu o rosto – sabe que eu não sou assim tão severo, pode pedir quando precisar. O que não pode é usar o meu computador sem pedir!
- Desculpe... – Bela arrependeu-se da ideia estúpida que teve. No entanto, como não podia explicar a importância do e-mail que ia enviar, nem pensou que ele podia aceitar mesmo sem saber o assunto do e-mail. Bela respirou fundo e pediu a Rafael para enviar um e-mail.
Rafael cedeu o seu computador, mas sem sair do gabinete e observando-a com atenção com um sorriso disfarçado. A verdade é que estava muito curioso sobre o que ela estava a fazer no computador. A quem precisava de enviar um e-mail uma mulher sem nada e que já estava a viver com o namorado? Como uma mulher muçulmana (ou assim parecia) estava a viver com o namorado sem casar? Os muçulmanos estavam cada vez mais liberais... Tudo sobre Bulan era fora do normal para Rafael. Talvez, fosse isso que o fascinava nela.
A primeira coisa que Bela fez foi ir à sua caixa de correio eletrónico. No entanto, tinha sido bloqueado por inatividade e ela só conseguiu enviar de um novo e-mail que era desconhecido para Linda. Bela tinha receio de ir às redes sociais. Não queria que a irmã soubesse através de uma rede social, que já deveria ter a sua conta eliminada, juntamente com todas as pessoas do seu trabalho. Principalmente, agora que sabia que tinham atacado os outros colegas que como ela tinham vindo fazer o relatório. Ela ficou feliz de pelo menos recordar o e-mail da irmã. Pragmática como era, era apenas o nome separado por um ponto.
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Investigação na Indonésia
Mystery / ThrillerBela, subdiretora da Global, é enviada para investigar os estranhos incêndios supostamente causados pela sua empresa na Indonésia. Durante a viagem, ela perde tudo inclusive a sua identidade o que a leva a refletir sobre a sua vida e o que é importa...