Harta não conseguiu recusar, não pelos argumentos de Bela, mas pela certeza no seu olhar que estava a fazer o que era certo. Tinha a sensação que ela iria mesmo que ele dissesse que não ia com ela. Por isso, levou-a no dia seguinte que era sua folga e a de Bela de volta ao local de produção de óleo de palma.
Ainda estavam na estrada e já as altivas palmeiras da produção se viam. A sua sombra cobria apenas o chão árido que poucas ervas daninhas tinham coragem de preencher. O céu estava claro e prometia um dia sem nuvens. Bela estava em silêncio por duas razões. A primeira é que não queria irritar ainda mais Harta com medo de ele desistir de a ajudar. A segunda era que se preparava mentalmente para tudo que precisava ver e fazer para obter as informações que precisava.
Como saíram de manhã, tiveram tempo para dar várias voltas aos campos da Global. Linda tinha comprado um smartphone para Bela e ela aproveitou para tirar fotos para o seu relatório. O seu caderno estava cheio de apontamentos impossíveis de compreender para Harta e também o seriam para quem compreendesse bem português. Eram códigos e ideias que só Bela conseguia entender.
O dia escorregava como areia pelos dedos, Harta pressionava para voltarem, mas Bela tinha sempre mais alguma coisa a ver ou a fazer. Ele estava preocupado, não queria voltar de noite, mas Bela não queria ceder. Não percebeu nada do plano secreto de Bela. Só compreendeu no momento em que os trabalhadores estavam a sair do edifício principal da produção da Global como uma multidão e ela disse-lhe:
- Vamos entrar, rápido! – e correu e contornou os postos de vigia sem que ele a conseguisse agarrar.
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Investigação na Indonésia
Mystery / ThrillerBela, subdiretora da Global, é enviada para investigar os estranhos incêndios supostamente causados pela sua empresa na Indonésia. Durante a viagem, ela perde tudo inclusive a sua identidade o que a leva a refletir sobre a sua vida e o que é importa...