33. No bar

169 41 37
                                    


O bar tinha poucos clientes porque a maioria da população daquela região era muçulmana, como Harta, por isso não bebia álcool. Essa era uma das muitas razões porque Harta não queria ir. Sentaram-se na mesa atrás dos funcionários da Global.Bela ficou na mesa enquanto Harta pediu sumo para os dois no balcão. O empregado do bar ficou um pouco surpreendido, mas não falou nada.


–Queria falar contigo sobre aquele assunto. Parece que não vão enviar mais ninguém para investigar a plantação – o homem careca franziu as rugas da testa –, querem trabalhar com a polícia daqui.


–Com a-a-a po-po-polícia?! – o colega quase caiu da cadeira.


–Sim, eles estão desconfiados. Afinal de contas já é a terceira pessoa a morrer a vir para cá.... – o seu olhar estava fixo no copo e a testa franzida, como se no copo estivesse um enigma difícil de decifrar.


–Mas... – o outro ainda estava agitado e gesticulava muito – mas nós não fizemos nada àquela mulher que morreu no avião...


–Pois, mas os outros dois morreram os dois de acidente de carro. Era de desconfiar,não achas?


O outro parou, pensativo.


–Co-conheces alguém na polícia? – perguntou por fim.


– Não...– voltou a franzir a testa –, mas posso voltar a ver nos meus contactos. O Dr. Miguel não pode saber de nada disto, ouviste?

- Sim, m-m-mas não devias dar tantas horas de trabalho... - o homem despenteou-se e voltou a gesticular amplamente ao ver o olhar do encarregado - esta gente é mole, mas qualquer um se revolta quando está cansado demais...

- Por acaso, estás a dizer-me como fazer o meu trabalho?! - gritou o encarregado.

- Nã-Não, mas.... - o funcionário tremeu apenas de ver o olhar do seu chefe nem conseguiu completar a frase.

- Ah! Bom! Nós temos cada vez mais pedidos com maiores quantidades, e sabes que não há solo que aguente estas árvores muito tempo? É preciso garantir o nosso trabalho! Sabes bem que eles queriam fechar isto! Eu estou a fazer um bem a esta gente. Eles têm MUITA sorte de ter trabalho!! Pobretanas que nem sabem trabalhar!

O outro encolheu-se e não respondeu.

Bela e Harta entreolharam-se. Harta tinha uma chama no olhar que fez Bela tremer. Levantou-se. Foi buscar os sumos e ao voltar derramou um para cima do encarregado. Bela congelou.

– Então mas o que é isto?! – gritou para Harta.

– Desculpe –, no entanto, o ar de Harta era desafiador. Parte do sumo aterrou no peito do encarregado e a outra parte caiu no seu uísque.

– Qual desculpe, estragou a minha bebida! Agora, paga! - gritou o encarregado limpando-se com um lenço.

- Desculpe, mas sou demasiado pobre para pagar a sua bebida – olhou para Bela e fez sinal de irem-se embora. Bela levantou-se rapidamente, espantada, nunca pensara que Harta pudesse reagir assim.

- O quê?! – o encarregado levantou-se deixando a cadeira cair.

O dono do bar colocou-se entre os dois homens.

– Vamos não se enerve! Acidentes acontecem. Eu ofereço-lhe outro copo de uísque. – o dono deu um pano ao encarregado para se limpar enquanto advertia Harta com o olhar.

Bela e Harta não esperaram a resposta do encarregado, saíram do bar e correram para a carrinha. Estavam a caminho de casa quando Harta avisou Bela:

– Não te quero mais perto daqueles homens! Ou de qualquer pessoa daquela plantação!


Ele estava tão furioso que Bela nem teve coragem de responder. 

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora