Linda aterrou em Jacarta. Ia descobrir aquele país, até a Sumatra ia visitar! Não ia deixar ilha, nem pedra por inspecionar até descobrir a irmã. Sabia que ela estava ali. Ia encontrá-la custasse o que custasse. No entanto, ainda se sentia aventureira ao pensar que deixou a filha e o marido em Portugal para ir para a Indonésia sozinha. A humidade colou-se à sua pele enquanto caminhava no hangar do aeroporto, sentindo o calor quase tão intenso quanto a humidade. Sentia-se a sufocar naquele clima.
Aquele e-mail que tinha recebido era inquietante. Depois de mais de duas semanas sem notícias, seguido da aflição de anunciarem que estava morta, agora isto. Tinham feito o funeral com um caixão vazio, tinham recebido uma indemnização que não retirava o vazio e a injustiça. A raiva. No entanto, era tudo mentira.
Linda nunca conseguiu acreditar, o seu coração dizia-lhe que não era verdade. Que estava viva. Ela só a conseguia ver assim, viva e determinada a lutar por algo. A sua irmã era assim, vivia de objetivos. Concentrava-se num objetivo e nada a demovia, nem mesmo a lógica ou razão. Linda estava habituada a confiar na razão. Tudo o que acontecia na vida tinha uma razão. Todas as ações eram consequências de algo e geravam mais consequências. Esta crença sempre a ajudou a educar a irmã e a cuidar da sua família.
Ela tinha que a encontrar e estava ali naquele país que pouco ou nada sabia. Vagueou no aeroporto, um largo espaço, movimentado com pessoas tão diferentes. Orientais misturavam-se com ocidentais, com mulheres com lenços na cabeça, talvez de religião muçulmana, outras com vestidos coloridos tipicamente indianos, entre outros...
Foi à loja comprar um guia do país e um mapa. Reviu o e-mail à procura de alguma pista onde ela poderia estar. Perguntava como estava, mas não dizia nada para além do nome das pessoas com quem estava. Linda desejou que houvesse listas de páginas amarelas mundiais. Onde encontrar uma pessoa chamada Harta? Talvez, nem isso a ajudasse porque não sabia o seu sobrenome. Linda decidiu começar pelas zonas turísticas. Depois iria à região onde a irmã ia trabalhar: Sumatra.
Apanhou um táxi que seguiu por uma autoestrada bem alcatroada, motoretas como vespas eram o mais comum naquele país estranho. Quase todas com pacotes amarrados no banco traseiro. O smog da cidade era tão intenso que se poderia ver como um nevoeiro quente e tóxico. Parecia que apenas homens conduziam no país, Linda não viu uma única mulher a conduzir durante a sua viagem. O taxista pouco falador com um tom de pele cor café com leite olhava para o top que Linda tinha vestido. Duas tiras seguravam o top colado devido ao calor e humidade, preto e sóbrio. No entanto, aquele olhar fixo perturbou-a, ela teve de vestir o casaco, sem vontade. Arregaçou as mangas do casaco. O motorista voltou a olhar para a estrada.
Linda sabia que a Indonésia era um arquipélago dividido com a Malásia. Viu o mapa, mas parecia ser tão mais pequeno, as agências de viagens vendiam o país com tanto verde, tantos animais raros principalmente (como o Komodo que até era o nome de uma região) que ela imaginou que ia para a selva. A caminho de Jacarta realmente viam-se muitas palmeiras, mas a cidade era uma grande cidade, parecia-lhe maior do que Lisboa. Os prédios altos e modernos, as ruas simplesmente arranjadas e o movimento, a vibração intensa de uma capital. Tinha os seus aspetos únicos como os edifícios estranhamente bicudos como se quisessem chegar com o telhado ao céu, a sua arquitetura também era única. As mulheres caminhavam com véus coloridos. No entanto, via-se que estavam desgastadas com o ritmo da cidade. Jacarta quer crescer, quer garantir o seu lugar no mundo. Linda compreendia esse sentimento. Ela sentiu o mesmo durante muito tempo.
Quando chegaram ao hotel, Linda sentiu-se descansada. Os hotéis sempre tinham pessoas que falavam inglês e, às vezes, até português. Tinham ar condicionado. Era o céu. Ela entrou no hotel ainda mais entusiasmada com a sua aventura. Talvez pedisse um guia para ir com ela. Sim, era boa ideia. Assim nunca ficava sozinha no meio do nada ou de uma selva de macacos. Antes ia tomar banho e comer qualquer coisa antes de planear a sua aventura.
Depois de ter tomado banho, aventurou-se a experimentar uma das comidas indonésias no restaurante ao lado do hotel. A comida era colorida, tinha um cheiro intenso a especiarias fosse carne ou peixe era bastante vermelha. O empregado garantiu-lhe que era peixe grelhado com arroz (algo conhecido) e um molho estranhamente amarelo esverdeado. Linda respirou fundo e o cheiro a especiarias invadiu-a completamente, provou o peixe. Os sabores intensos preencheram a sua boca. Ela não sabia o que tinha comido, mas sabia que tinha gostado.
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Investigação na Indonésia
Mystery / ThrillerBela, subdiretora da Global, é enviada para investigar os estranhos incêndios supostamente causados pela sua empresa na Indonésia. Durante a viagem, ela perde tudo inclusive a sua identidade o que a leva a refletir sobre a sua vida e o que é importa...