27. A Preocupação de Harta

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De alguma forma, Bela conseguiu abandonar os campos e fazer todas as tarefas necessárias antes de jantar. Apesar de estar a fazer tudo quase mecanicamente, sem lhe dar nenhuma atenção, Bela sentia uma paz que não se lembrava se alguma vez sentiu. Era como todas as forças que ela tinha para resistir tivessem pura e simplesmente ido embora juntamente com a sua capacidade de pensar. Depois de jantarem, Bela levantou-se para ajudar a lavar a loiça, mas antes de dar o primeiro passo tudo ficou negro diante de si.



Acordou com a luz do Sol na sua cara. A seu lado tinha uma tigela de comida e um jarro com água. Todos tinham ido para as suas tarefas diárias. Deveriam pensar que Bela estava doente (se calhar até estava...) e deixaram-na descansar. Comeu a comida e bebeu a água e voltou a dormir. Tinha de recuperar para continuar a trabalhar. Tinha de ver aquela rede e qual era a empresa do terreno do lado. Não podia ir-se abaixo.

No final do dia, Harta acordou-a:

- Bela! Bela! - começou apenas por tocá-la, mas ao ver que ela não acordava começou a abaná-la – Bela! Como te sentes? O que tens? – Harta ainda a estava a agarrar pelos ombros quando ela ganhou consciência.

- Hum... Desculpa... estou muito cansada não estou habituada a este tipo de trabalho... Eu só preciso de descansar e amanhã já vou estar a trabalhar...

- Como podes dizer isso, se ontem, do nada, caíste no chão?! Eu vou falar com os meus pais. Tu não podes continuar assim, antes de vires para cá estiveste doente - Harta dirigiu-se à cozinha antes de Bela conseguir responder. A sua voz ríspida e urgente a falar com os pais latejava na cabeça de Bela. Ele defendi-a e ela não tinha feito nada por ele, nem por aquela família. Nem por ninguém toda a sua vida. Bela sentiu o calor das lágrimas no seu rosto. 

No dia seguinte, deixaram-lhe comida outra vez. No entanto, Bela sentia-se melhor. Conseguiu levantar-se e tomar banho que apesar de gelado soube-lhe muito bem. Na hora de almoço ajudou a mãe de Harta, Batari. Ela aceitou a ajuda silenciosamente. O que teriam falado na noite anterior? Será que a iriam colocar na rua?

Depois de almoçar, Harta disse-lhe que a partir daquele dia ela iria trabalhar só meio dia, de manhã ou de tarde. Estavam preocupados com ela e ela precisava de recuperar a sua saúde. No entanto, Bela sabia que a razão de ter o horário reduzido era devido apenas a ele.

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora