20. O Passeio com Harta

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Eles iam embarcar no ferry a caminho de Padang. Harta durante o tempo que estiveram no mercado, mostrou onde era a cidade no mapa que ela tinha comprado no aeroporto. Era bem perto da Sumatra. O local que ia investigar. Será que passaria pelos campos de produção? Estava ansiosa por lá chegar. Ansiosa para tomar um bom banho e ficar a relaxar como se tivesse num banho de espuma. Será que a família Dewi tinha banheira?

No entanto, ia passar mais uma noite a dormir na carrinha e lavar-se em praias ou em casas de banho públicas, isso se as encontrassem... Quando estavam no barco Bela aproveitou para ir ver o mar que era chamado Mar de Lava. O vento sabia bem.

Harta continuava a vigiá-la. Bela ignorou o seu olhar insistente. Era normal que ele se sentisse desconfiado com uma estrangeira, mas a sensação de ser observada era desagradável. Eles deviam pensar que ela os queria roubar ou algo semelhante.

A injustiça cozinhava dentro de si em lume brando. Quando ela pagasse com produtividade, eles iam ver que podiam confiar nela. Ela pagaria a sua dívida e ainda ficariam agradecidos por ter melhores condições de vida. Nunca ninguém deveria viver com tão pouco dinheiro. 

Bela sentia-se muito desconfortável. Tinha vontade de se jogar naquele mar para se lavar e àquela roupa horrível e suja que usava. Queria ter outra roupa. Queria a sua casa e a sua família. Ironicamente, só queria mais do que isso vingar-se da sua empresa que tão facilmente a descartou. Linda tinha razão naquilo que lhe tinha dito. 

Quando chegaram à outra margem Harta disse que iriam ficar no cais por umas horas enquanto os pais iam tratar de um assunto. Perto do cais havia um centro comercial. Harta perguntou se ela queria ir lá. Bela aceitou com satisfação. Os centros comerciais eram um dos seus locais favoritos. Naquele momento, queriam dizer casas de banhos mais ou menos limpas (comparadas a estações de barco, barcos e campos só com ervas). Ia se lavar até ao impossível na casa de banho. Só tinha pena que as casas de banhos nos centros comerciais não tivessem chuveiros.

Ela ainda tinha algumas rupias indonésias para comprar um hambúrguer, que já não aguentava com tanta sopa. 

A primeira coisa que fez assim colocaram os pés no centro comercial, foi seguir o símbolo de homem e mulher (tão conhecido por Bela como WC). Lavou-se e penteou-se o máximo que conseguiu até lavou a roupa interior e secou no secador para espectáculo de quem entrasse na casa de banho. No entanto ela não quis saber pior era estar naquele estado. Depois de uns bons quarenta minutos, saiu da casa de banho com o cabelo molhado e a sentir-se outra. Harta aborrecido olhou para ela.

- Tu... - arregalou os olhos - lavaste o cabelo?!

- Sim, ainda não tinha encontrado melhor sítio para o fazer.

Ele riu-se com vontade e olhou-a com curiosidade. Provavelmente, pensava que era doida, mas doido era ele que passava dias sem tomar um banho como deve ser.

Ele olhou para ela e perguntou-lhe se ela queria um lenço. Ela disse-lhe que não. No entanto, apareceu-lhe uma caixa na sua frente com um bonito lenço novo.

- Comprei sem pensar... pensava que gostavas de ter um, mas se não quiseres podes deitar fora - disse a olhar para o chão, desanimado.

- Oh! Para quê foste fazer isto? Eu disse que não porque não preciso, mas já que compraste para mim, eu quero. Muito obrigada. É muito bonito.

Ele deu-lhe um grande sorriso. Ficou ainda mais bonito. Observando-o bem, ele era um homem muito atraente. Ela estava feliz por o ter encontrado.Se não fosse por ele estava perdida naquele país que não percebia a língua, sem nada. 

No centro comercial, misturavam-se todo o tipo de pessoas, asiáticos, ocidentais, indianos e indonésios todos se misturavam e, por vezes, era difícil de os distinguir. Toda uma variedade que mostrava que os humanos não são assim tão diferentes. No fim, todos têm as mesmas necessidades e desejos.

Eles comeram os menus mais baratos que havia, mas soube tão bem a Bela parecia um luxo comparado aos últimos dias. Enquanto falava com Harta a comentar as coisas que viam no centro comercial tentava afundar dentro de si um sentimento de tristeza que a assombrava. Ele disse que iriam viajar por mais três dias. Provavelmente iriam partir ao final do dia quando o calor acalmasse.

No entanto, quando os pais de Harta chegaram, informaram que conseguiram uma casa para ficar por aquela noite. O problema é que tinham que ficar todos no mesmo quarto. Todos olharam para Bela, preocupados. 

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora