Quando olhou para cima para pedir desculpa pelo encontrão viu que o homem em quem embateu era Harta. Bela abriu a boca à espera de conseguir dizer alguma coisa, mas não conseguiu. Harta desviou a cara, mas conseguiu perguntar:
– Desculpa, estás bem? – perguntou timidamente, segurando-a nos ombros.
– O que estás aqui a fazer?! – Bela conseguiu por fim falar.
– Tivemos que vender a casa... – os olhos de Harta estavam fixos no chão – viemos para Padang procurar trabalho...
- Vocês têm onde morar? – Bela tocou-lhe no peito e Harta finalmente olhou para ela. A sua preocupação era evidente. Harta sentiu o coração a apertar.
- Claro que sim... tu tens onde morar?
- Sim! Consegui trabalho num hotel, acreditas? – Bela continuava com a mão sobre o peito de Harta, mas este afastou-se. Bela estremeceu, ele nunca a tinha afastado.
Harta sentiu-se triste. Deveria estar feliz, mas a única coisa que sentia era que ela já não precisava dele.
- Que bom... Qual é o hotel? – Harta olhou para ambos os lados da rua – é aqui perto? É melhor levar-te lá, aqui as ruas não são seguras...
- Não sei onde estou... estava perdida até te encontrar...
- Já não estás? – perguntou friamente.
- Não, porque tu estás aqui – «porque tu és o meu anjo da guarda» Bela quis dizer, mas teve medo.
Harta fez um meio sorriso. Sentiu o peito a aquecer, mas estava zangado com o abandono dela.
- Qual é o nome do hotel? Eu levo-te lá.
Quando chegaram estava Rafael a fazer uma chamada em frente do hotel. O hotel correspondia à descrição de muitos dos edifícios turísticos de Padang. Os seus telhados a erguer-se para o céu, que Bela questionava como construíam, contrastavam com as pequenas casa com telhados de lata encurvadas como se encolhessem em si mesmas. Harta era alheio a estas estranhas particularidades do seu país. Se pedisse para voltar para a casa dele, será que aceitava?
- Ah! Bulan o que faz aqui? Hoje não é o seu dia de folga? – perguntou Rafael em português. Olhou desconfiado para Harta ao lado de Bela.
- Bulan? – Harta arregalou os olhos para Bela. Ela apertou-lhe a mão e fez um pequeno gesto como a dizer que lhe explicava depois.
Harta fez um sorriso tímido.
- Rafael, este é o meu namorado, Harta – disse Bela em inglês para que Harta entendesse.
Rafael olhou para Harta com espanto. Massajou o peito e deu-lhe a mão para o cumprimentar. Harta foi-se embora com um amplo sorriso que aqueceu o coração de Bela e arrefeceu o de Rafael.
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Investigação na Indonésia
Mystery / ThrillerBela, subdiretora da Global, é enviada para investigar os estranhos incêndios supostamente causados pela sua empresa na Indonésia. Durante a viagem, ela perde tudo inclusive a sua identidade o que a leva a refletir sobre a sua vida e o que é importa...