72. O Nervosismo

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Sentia-se uma energia nervosa na casa, aquela que se sente quando os sonhos estão prestes a tornar-se realidade. Aquele nervosismo que se sente quando a felicidade chega e é tão espantosa que até se tem medo de ser uma ilusão. No entanto, não havia nada com que se pudessem iludir. Bela estava mais rica do que alguma vez estivera, Harta ia casar com ela por amor e ia tornar o seu maior sonho realidade. Depois de toda uma vida com falta de dinheiro ou a viver só para o ter, parecia mesmo um sonho.

No dia seguinte, Bela acordou cedo, mas mesmo assim não conseguiu ver Harta antes de ele ir para o trabalho. Ele estava ali tão perto e ao mesmo tempo tão longe dela. Ela gostava de voltar a ter tempo para falar com ele como deve ser. Aquelas regras impostas pelos pais e pela religião eram totalmente descabidas na sua opinião. No entanto, respeitava-as, por isso, passou o dia nas compras com Batari a comprar tudo o que faltava na casa de Harta e a procurar uma casa melhor para comprar ou alugar. Não fazia mal nenhum ter uma casa em Padang para as férias. Apesar de ter praia e ter vários locais que pareciam interessantes visitar, Bela e Harta nunca passearam como turistas.

Após as compras, enquanto Batari arrumava e experimentava tudo, Bela resolveu ir ter com Harta na sua hora de saída. Assim, não teria ninguém a vigiar e eles poderiam falar sem restrições. Quando chegou, Harta estava a acabar o serviço a limpar os vidros de uma loja na entrada do condomínio, ele sorriu surpreso e com os olhos a brilhar. Bela sentiu como se tivesse a entrar numa banheira de água quente em que todo o seu corpo amolecia com a suave sensação do seu calor.

– Pensei que pudéssemos beber um café antes de ir para casa. – explicou Bela, como se fosse necessário.

– Foi uma ótima ideia porque tenho muito para te contar! – respondeu ansioso Harta.

– Tens? Sobre a conversa com o teu pai?

– Sim, sobre o nosso futuro – ao ouvir a resposta de Harta, o coração de Bela deu um pulo de felicidade.

Foram de mãos dadas para o café. Bela estava nas nuvens olhava atentamente para Harta e enquanto caminhavam as suas dúvidas e inseguranças iam-se dissolvendo como se nunca tivessem existido.

Harta contou-lhe os seus sonhos e os sonhos do pai. Bela concordou e apoiou os sonhos de ambos e ficou feliz por voltar a viver em Portugal depois do casamento. Finalmente quando saíram do café, trocaram um beijo escondido, mas cheio de saudades e promessas. 

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora