26. O Novo Trabalho de Bela

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Depois de meio dia, a arrancar ervas e a fazer caminhos (limpando-os de ervas) e muito grata por ter luvas e umas galochas (aquele era o trabalho mais nojento que alguma vez fizera!). O seu estômago não parava de reclamar, Harta que estava perto ouviu e disse qualquer coisa para o pai. Pouco depois informou a Bela que era hora de almoçar.

Ao caminhar para casa as pernas de Bela tremiam tanto que cederam e caiu várias vezes. Já mal conseguia coordenar o seu corpo. Ainda era só o primeiro dia, ela tinha de se aguentar. Tinha de ganhar forças e de comer mais. Mais fruta. Sim, as vitaminas davam força e vitalidade. Ela ia se entupir de fruta.

Depois de comer e estar sentada por uma hora já se sentia mais recuperada. Eles reutilizavam tudo até mesmo a água de cozer os legumes. A sua comida era estranha, mas principalmente de vegetais cultivados por eles com muitos condimentos, mas saborosa. Os poucos pertences daquela família eram ouro e as coisas que compravam mantinham como frascos e embalagens. Tudo. Era um bom método de economia. Pensava que ela tinha ainda a garrafa pequena de sumo que lhe deram no aeroporto no saco. Podia levara para o campo para se manter hidratada. Foi buscá-la. Era tão pequena que cabia no bolso das suas novas roupas.

No final do dia, Bela não conseguia nem pensar, o seu corpo pulsava numa dor que ia para além de tudo que ela alguma vez tinha sentido. Ela já nem sentia a terra e a sujidade que se entranhava por todo o seu corpo. Estava noutra dimensão em que faria o que lhe dissesse desde que não fosse para fazer raciocínios porque a sua mente desistiu de funcionar. Nesse estado mental, começou a observar os campos em redor dos pertencentes à família de Harta. A pouca distância via-se campos com redes demasiado sofisticadas para ser de meros agricultores. 

Aquelas redes eram sem dúvida de uma empresa. O pensamento passou. Reparou nos campos, na paz que se sentia ali, o vento que passava pela cara e a humidade que não deixava o calor ser aterrador, mas também não o descolava do corpo. Era como estivesse para além da dor. Voltou a olhar para as redes e pensar na empresa que existia ali, em Padang, mesmo ao lado dos terrenos de Harta... Poderiam ser... da Global? 

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora