34. A Fúria de Harta

199 41 36
                                    


No dia seguinte, Harta andava pelo campo como um demónio e parecia querer libertar a frustração nas ervas daninhas. Não olhava para Bela que se encolhia perante ele.

Quando ela tentou falar com ele, ele gritou-lhe:

– Eles iam matar-te! – virou-se subitamente – Se não fosse o acidente de avião, tu morrias! Nem isso te pára?

– Eu também podia ter morrido no avião ou daquela doença esquisita que tive...– suspirou explicar que ninguém pode prever quando se vive ou morre.

– Exatamente! Eu não percebo o que tens nessa cabeça! – ergueu os braços –Se tu querias morrer antes, agora não é opção, tu agora fazes parte desta família! – Bela sentiu uma pontada no coração e ele continuou – Alá perdoe esta alma perdida!

– Eu não vou morrer! – exasperou-se Bela.

– Como sabes? – arregalou os olhos – se continuas a ter atitudes dessas...

– Tu não sabes o que eu dei por aquela empresa... – as lágrimas traíram a sua firmeza – O quanto lutei para ser promovida para agora não valer nada, não ter nada!! A humilhação de dizerem que não tenho valor como profissional...

- Acho que sei muito mais do que é não ter nada do que tu! Mas tenho a minha vida, vivo neste país maravilhoso, tão cheio de vida e a vida – abriu os braços e olhou em redor – só por si já é tanto! Tenho-te a ti e à minha família. Mesmo que não saiba fazer nada de especial, a minha vida tem valor por isso. Quando morreres não vais levar dinheiro nenhum contigo!

Bela virou-lhe as costas. Ela não lhe queria dar razão. Não queria que visse as suas lágrimas.

- Tu tens valor mesmo sem o teu trabalho, Bela... - disse Harta suavemente e Bela não conseguiu mais e fugiu para longe para esconder as lágrimas que já não conseguia controlar.  Harta deixou-a ir e apesar de ela não fazer quase nada do seu trabalho, não foi ter com ela. 

Investigação na IndonésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora