🏆1° lugar na categoria romance - Concurso Mystic Queen
ESSE LIVRO CONTÉM GATILHOS
Antonella Alencastro é uma mulher ambiciosa, de personalidades forte, e é marcada por um passado violento. Seu pai agredia a sua mãe até a fatalidade acontecer, ela...
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@nia_escarlate
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Duas semanas atrás...
Jane está me encarando com seus olhos lindos e calmos, seus óculos estão na ponta do nariz e ela me observa por cima deles. Eu estou evitando a olhar, na última sessão de terapia não foi legal. Na primeira semana, eu estava frágil, sentimental e chorosa. Já na segunda...
— Está desperdiçando o seu tempo. — Jane diz tentando atrair minha atenção.
— Você disse que tem todo o tempo do mundo! — Eu digo ainda sem a encarar, olhando para a lareira onde o fogo queima as madeiras.
— Eu realmente tenho, Antonella. Eu sou psicóloga e você é a minha paciente. Para te ajudar eu tenho todo tempo do mundo, agora para ver você se fechar depois de tanto que progredimos? Não está certo. — Ela diz e em sua voz eu consigo identificar um pouco de mágoa.
— Eu não estou me fechando! — Eu digo olhando em seus olhos.
— Negação. — Ela diz anotando no papel.
— Eu não estou regredindo! — Eu afirmo mais alto.
— Teimosia e raiva. — Ela diz e volta a anota no papel.
— Que droga, Jane! — Eu digo pegando o bloco de sua mão jogando na lareira vendo-o virar cinzas aos poucos.
Jane apenas me repreende com o olhar. Na segunda semana de terapia que termina hoje, eu estou com um complexo de raiva incontrolável e tudo é devido aos pesadelos constantes que eu venho tendo.
— Esse era o meu bloquinho favorito. — Jane diz abrindo um sorriso. — E o terceiro que você destrói. — Ela afirma cruzando as pernas tirando o óculos do rosto. — Negação, teimosia e raiva. — Ela repete bem devagar me olhando.
— Significa que não está adiantando nada eu revirar a minha sanidade mental de cabeça para baixo nessas sessões de terapia. — Eu digo emburrada e me jogo na poltrona.
— Quero que você fale sobre a Antônia. — Jane pede se levantando virando a poltrona para a direção dela.
— Eu já disse...
— Fale de novo. — Ela me corta e se senta na mesinha a minha frente.
— Antônia é minha mãe. Fábio a matou. Ele me torturou depois de quase um ano de morte dela...
Eu me calo. Meus lábios se fecham, não consigo reproduzir mais nenhuma dessas palavras que dói no fundo da minha alma. A raiva me consome, queima como uma labareda sem chance de se acabar com qualquer jato de água fria.
— Fale sobre Valentina. — Ela orienta vendo que eu não vou mais falar sobre Antônia.
— Ardilosa, mentirosa... — Eu respiro vendo o olhar de repreensão de Jane. Combinamos que nessas primeiras sessões não vamos falar do presente e sim do passado. — Ela foi a mulher que me salvou. Me tirou da escuridão que Fábio tinha me empurrado, me encurralando, me calado...
