2026
Bradford não era uma cidade gigantesca, mas também não era pequena o suficiente que eu tivesse que me preocupar em esbarrar com a família de Zayn a cada esquina.
Cortar os laços com os Malik tinha sido mais difícil do que com o próprio Zayn. Nossos pais eram amigos, então não foi muito normal quando eles simplesmente pararam de se visitar. Meus pais não ficaram felizes com a minha decisão, mas como sempre, me apoiaram.
Depois de dois anos nosso contato era basicamente inexistente. Nunca mais vi Trisha ou as irmãs de Zayn, que eram minhas amigas e também ficaram confusas com o corte brusco. Noah, meu irmão, que eu acharia que seria o mais difícil de aceitar não falar mais com o Zayn, foi o que mais me apoiou.
No primeiro ano, era muito comum receber mensagens de Zayn semanalmente, mais até do quando a gente namorava, todas perguntando se eu estava bem, quando ignorei todas, elas foram demorando mais para chegar, até pararem de vez.
Nosso último contato tinha sido a dois anos atrás, quando Zayn perguntou porque eu tinha cortado eles completamente da nossa vida, minha e da minha família e falou que não achava necessário esse afastamento todo. Humpf. Não era necessário para ele.
Consegui me blindar de tudo e qualquer noticia de Zayn Malik, privando minhas contas nas redes sociais completamente e esquecendo dos nossos amigos em comum. Nisso, eu estava protegendo Matthew, que tinha acabado de completar seus 5 anos. Raramente postava algo dele e se postava, era um stories que sumia no dia seguinte.
Meus pais vinham nos visitar, mas eu não poderia fazer a mesma coisa. Eles eram basicamente vizinhos de Trisha e Yaser, que não me perdoariam por esconder seu neto assim. Por mais que tentasse não saber nada sobre ele, fofoca em qualquer lugar se espalhava rápido, principalmente se fosse uma fofoca que envolvesse o orgulho da cidade.
Zayn Malik estava retornando para a sua cidade natal. Tinha dado uma pequena pausa na carreira ou algo assim, não me atentei aos detalhes além de que ele estava se mudando para cá, tendo comprado uma casa e tudo.
Duvido muito que ele fosse se dar o trabalho de me procurar, mas estava preocupada.
Durante esses seis anos tinha pensado muito na decisão que tomei e por muitas vezes pensei ter tomado a errada... Mas mudar de ideia a essa altura do campeonato não adiantava mais de nada.
Corto algumas frutas e misturo no cereal de Matthew, antes de ir acordá-lo.
- Baby boy? - Chamo recebendo um grunhido em resposta. Ia ser um daqueles dias. Rio, acendendo a luz. - Você tem que acordar, Matt. Tem escola hoje.
- Eu não quero, mamãe. - Eu entendia, várias vezes eu também não queria ir pra escola.
- Se você acordar e conseguirmos ir mais cedo, talvez dê para comprarmos um picolé no caminho... - Tento a barganha e como sempre, meu filho sendo filho de quem é, levanta como se estivesse ligado no 220v e não como se estivesse se fingindo de morto a dois minutos atrás.
- Mamãe, o que eu vou levar de lanche? - Era uma boa pergunta. Percebo que ainda não tinha preparado nada.
- Meu deus, eu esqueci. - Matthew dá risada, enquanto eu separo seu uniforme quase correndo e jogo no cama, entregando para ele uma toalha. - Banho rápido. - Aviso e desço as escadas com o coração na mão.
Matthew já era bem independente, mas isso não me impedia de ficar preocupada de entrar no banheiro e ele tivesse caído no chão. Ou jogado o shampoo na privada e ter dado descarga.
- Pelo amor de deus, bebê, não faça nada de errado! - Grito do andar de baixo, recebendo uma risada travessa em resposta. Oh, meu pai.
Vou pra cozinha, conferindo o relógio. Ainda tinha tempo.
Pego a lancheira do Batman com várias divisórias, preenchendo uma com uvas e a outra com um sanduíche simples. Caço na geladeira um Danone e coloco ali também, enchendo sua garrafinha de suco em seguida. Procuro um post-it que eu deixava ali perto, assim como uma caneta.
"A mamãe te ama, espero que você esteja tendo um bom dia na escola. Aproveite seu lanche" finalizo com um pequeno coração e coloco o papel junto, longe da comida e fecho a lancheira, respirando com alívio ao escutar os passinhos de Matthew na escada.
- Estou pronto, mamãe. - Rio ao notar sua camisa ao contrário.
- Bem, quase... - Vou até ele e tiro seu blusa, beliscando sua barriga de leve, o que o faz rir e se afastar do meu toque. - Tome seu café e depois eu coloco a blusa, não vou arriscar você sujar mais essa. - Ele concorda e sobe na sua cadeira, resisto ao impulso de ficar o apreciando comer, porque meus senhores, poderiam falar qualquer coisa de mim, mas que eu fiz uma criança feia, isso não.
Termino de arrumar sua mochila, colocando um casaco mais reforçado, caso ele sinta frio e apenas espero Matthew escovar os dentes, antes de sairmos.
- Tudo certo? - Pergunto enquanto coloco sua touca.
- Sim.
- Não está esquecendo nada? Colocou seu brinquedo na mochila? - Seus olhos ficam maiores quando ele se lembra que esqueceu que hoje era seu dia favorito da escola. O dia do brinquedo.
- Mamãe, me espera! - Ele fala antes de sair correndo para a sua caixa. Como se eu fosse ir pra escola dele, sem ele.
- Estou esperando, querido. Mas escolha um logo, ou chegaremos atrasados. - Quase dou risada ao ver seu desespero de vir correndo com dois brinquedos na mão, a mochila nas costas e a lancheira balançando do lado. - Respire, meu amor, respire. - Falo quando percebo que ele está ofegante.
- Podemos ir. - Rio quando ele se recompõe e seguimos para a garagem.
Pego sua mochila e lancheira quando ele abre a porta e o levanto, colocando na sua cadeira. Meu bebê já não precisava mais de cadeirinha, agora era um "assento de elevação". Eles crescem tão rápido.
Termino de encaixar seu cinto e sigo para o banco da frente, ligando o carro.
- Vamos ouvir música? - Pergunto, mesmo sabendo a resposta. Coloco pelo celular nossa playlist favorita e sigo pelas ruas tranquilas da cidade.
Graças aos meus pais, Matthew estudava na melhor escola de Bradford. O menino estava aprendendo coisas na primeira série que eu lembro de ter aprendido na terceira.
Eu tinha um emprego bom, um salário que nos mantinha confortáveis e que me deva possibilidades de poder levar Matthew para passear e não faltar nada, mas o luxo de pagar uma escola daquele preço e ainda os matérias, eu não tinha. Felizmente, meus pais estavam envolvidos nisso, me ajudando do inicio ao fim.
- Chegamos, baby boy. - Estaciono o carro, mas congelo ao olhar pra frente e achar Trisha e Safaa conversando com a diretora. Do seu lado, estava uma menininha muito bonita, que eu julguei ser a sua filha. Safaa já tinha ganhado ela quando paramos de nos falar.
O que será que estavam fazendo ali? Será que iriam colocar ela para estudar nessa escola? Imaginei que sim, mas sinceramente, eu não podia me dar o luxo de deixar ir ali e torcer para a mãe do Zayn não notar a semelhança clara de Matthew com Zayn pequeno. A mulher criou ele, que desculpa eu daria? "Ah, é meu priminho que é a cara do seu filho quando criança, Trisha, coisas da vida"? Não podia.
- Mamãe? - Matt me chama impaciente. - Por que não saímos?
- Calma, meu amor. Estou conferindo uma coisa aqui. - Finjo olhar meu celular e Matthew começa a desenhar rostinhos na janela, já que a umidade tinha embaçado o vidro.
Respiro com um alívio imenso quando elas se despedem e se afastam, indo pro próprio carro.
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Past - Zayn Malik.
FanfictionUma simples decisão de sim ou não, isso ou aquilo e até mesmo coisas que parecem insignificantes, como brincar com uma criança num parquinho, pode girar sua realidade de ponta cabeça. Essa ação, foi exatamente, o que mudou a vida de Aria completamen...