Capítulo 6: Conversa.

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 - Mãe, onde estamos indo? - Matt me pergunta enquanto eu o visto. 

 - Para a casa do seu tio. -  Respondo terminando de abotoar seu casaco. 

 Fazemos uma viagem tranquila até a casa de Noah, coisa de 15 minutos, e tento ao máximo não deixar transparecer meu nervosismo para Matthew. 

 Deixo Matt tocar a campainha e não o paro quando ele toca mais de cinco vezes até recebermos uma resposta de dentro da casa. 

 - Mas toda essa impaciência só pode ser de uma pessoa... 

 - Tio Noah! - Deixo ele se abraçarem e assim que Matt entra dentro de casa, Noah me olha preocupado. 

 - E agora? 

 - E agora? - Eu mando de volta e ele ri. 

 - Vou cuidar de Matt o tempo que precisar. - Bato no seu braço quando sua expressão muda para uma maliciosa. Eu agredia muito meu irmão, as vezes ficava com dó. 

 - Eu acho que no máximo duas horas eu estou de volta. 

 - Não sabia que o Zayn era tão rápido assim. - Desisto e o deixo, dando um tchau para Matt que me responde da sala, onde já escutava o barulho do video-game. 

  Quando a porta se fecha atrás de mim, preciso de uns segundos para tomar coragem. Meu pai, eu estava nervosa. Eu falaria de Matthew? Ele iria ficar bravo? Minha pior preocupação era ele tentar tomar a guarda de Matt. 

  - Mova-se. - Falo pra mim mesma indo até a casa do lado. Preciso de toda a minha coragem para bater. 

 Fico surpresa quando a porta se abre em menos de dois minutos. 

 - Entre. - Obedeço a sua ordem e não resisto ao impulso de checar a sua casa. Esperava que tivesse alguma caixa no chão ou sei lá, mas estava tudo em ordem. 

 - Você queria conversar, diga. - Eu não queria enrolar e nem tentar ter uma conversa de educação antes. 

 - Você está com fome? Eu fiz o jantar. - Ele me ignora e bem, não podia negar que tinha esquecido de comer. Eu estava fazendo muito isso ultimamente. 

 - Eu posso jantar com o Noah, não tem problema. - Zayn suspira. 

 - Vamos, Aria, pare de ser orgulhosa. É só um jantar. - Para ele era "só" um monte de coisa. 

 - Tudo bem. - Cedo, porque se foi ele que cozinhou, devia estar bom e já que eu estava nessa, pelo menos iria aproveitar. 

 - Eu fiz o que eu gosto de chamar de "frango da mamãe" - Rio quando ele destampa a panela com mais gracejo do que precisava e o familiar cheiro enche a cozinha. Realmente, lembrava muito o da mãe dele. 

 - Estava com saudade. - Deixo escapar, sem querer e quase me bato. Eu estava com saudade da comida! Não dele! Eu tinha que lembrar que estava puta com ele. 

 - Eu também. - Não sabia do que ele estava falando e nem queria seguir por ai, apenas sento onde ele indica e ele nos serve, indo pegar uma garrafa de vinho em seguida. - Você quer? - Concordo, segurando minha taça para que ele possa encher. 

 Comemos num silêncio agradável por um tempo, até que tivemos que falar sobre o elefante na sala. 

 - Mãe, em? - Eu sabia que ele sabia e ele sabia que eu sabia que ele sabia. Meu deus, que frase confusa. 

 - Sim, pois é. - Eu não admitiria nada até que ele olhasse para mim e perguntasse "é meu filho?" então eu consideraria mentir, antes de responder com a verdade. 

 - Bem, nada de tão extraordinário aconteceu na minha vida durante todo esse tempo. - Mesmo que eu não tivesse perguntado, estava curiosa. 

Tento ignorar ele e tentar seguir nesse mesmo fluxo a conversa, porém não consigo e suspiro quando Zayn me encara em expectativa. 

 - Pergunte seja lá o que você quer saber. Você não me chamou aqui para conversarmos como foi a nossa vida nesses últimos anos. - Zayn abaixa seu garfo, bebendo um pouco antes de me responder. 

 - Não, eu não chamei. Mas eu me recuso a acreditar que você fez comigo o que eu acho que você fez. - Ele estava se referindo a esconder Matt todo esse tempo? - E também não considero que você me traiu quando estivemos juntos. Então, me resta te perguntar, quantos anos Matthew tem? - Dessa vez, quem precisa beber para responder sou eu. 

 - 5 anos. - Sussurro com um fiapo de voz. O olhar dele me dá a certeza que Zayn sabia o que estava acontecendo. 

 - Aria. - Ele fala meu nome tão pausadamente que um arrepio passa por mim. - Ele é meu filho? 

 - Não. - Tento, porque eu acreditava nisso. O quanto da vida de Matt, Zayn esteve presente? Quantas noites ele passou em claro? Quantas vezes ele chorou achando que não iria conseguir fazer isso sozinho? Quantas idas no médico pela madrugada, quantos medos, quantos primeiras vezes ele esteve presente? Nenhuma. Eu tinha que admitir que boa parte era minha culpa sim, mas o que ele esperava que eu fizesse? Que ele terminasse comigo e logo em seguida eu falasse "então, tô grávida, agora você está preso comigo pro resto da vida"?. 

 - Eu não acredito que você vai me fazer pedir um teste de DNA, sabendo a verdade. - Eu sabia que ele faria isso se eu tentasse continuar com a mentira. - Aria, ele é meu filho?

 - O que te faz pensar que é? - Eu queria ganhar tempo antes de responder. Zayn bufa divertido, mas eu posso afirmar que ele não estava nenhum pouco feliz. 

 - Eu realmente vou ter que responder isso? - Quando eu não falo nada, ele continua. - Porque as datas batem e nem se eu fosse cego não daria para notar as semelhanças. E agora faz sentido todo esse isolamento da minha família, eles me contariam isso e você não poderia ter escondido por tanto tempo. 

 - Se você já sabe e está tão certo, porque eu tenho que falar? - Ele me olha exasperado. 

 - Porque eu me recuso a acreditar que você fez isso comigo! Sabendo o quanto a família é importante para mim, eu não consigo assimilar que você me fez perder cinco anos da vida do meu filho! - Eu queria quebrar a minha taça de vidro na cabeça dele. 

 Eu tinha que parar de ser tão agressiva também. 

 - E o que você queria que eu fizesse?! - Pergunto, agora também exasperada. 

 - Tivesse me contado, porra! - Agora eu fico puta. 

 - E você acha que eu não tentei? Você realmente acha que eu não tentei?! Deixa eu refrescar a sua memória. A seis anos atrás, quando você esqueceu o nosso aniversário e nem sequer deu a graça de aparecer ou mandar uma mensagem decente, eu ia contar para você! Ou melhor ainda, quando você pareceu na outra semana e eu ia te contar, sabe o que você fez?! - Percebo que consigo o atingir com isso. Uma boa para mim. - Sim, isso mesmo, você terminou comigo e disse que ficaria noivo! O que você esperava que eu fizesse em seguida? Continuasse na sua sombra, sem nunca aparecer em público com você e obrigar meu filho a viver o mesmo? Ou melhor ainda, te "segurar" comigo por isso? 

 Estava com a respiração ofegante quando finalmente falo o que estava preso a anos. Consigo deixar ele sem palavras, o que eu considero algo. 

 - Mesmo assim, você não tinha o direito de esconder isso de mim. - Zayn fala, agora sua voz é baixa. - Ele é meu também. - Com essa eu tenho que rir. 

 - Você não tem direito nenhum sobre ele. - Nós dois sabemos que isso é mentira. 

 - Você sabe, Aria, que se eu entrar na justiça, eu consigo a guarda integral dele. - Ele estava me ameaçando? Depois de tudo ele estava me ameaçando? 

 Preciso de um segundo para me recuperar do baque. 

 - Se algum dia, algum dia, toda aquela merda que a gente teve foi real, se você realmente já me amou alguma vez na sua vida, você não vai fazer isso comigo. - Eu estava jogando baixo, mas por Matthew eu jogaria mais baixo ainda. 


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