Capítulo 10: Pow Pow

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Boa Leitura, xoxo

A R I A

O caminho para a casa - de Zayn, que insistiu que pelo menos passássemos por lá - foi silencioso e tranquilo. Matt andava no nosso meio, inclinado para mim, quase pisando no meu pé de tão perto.

A sorveteria era quase na esquina, então não me incomodei em deixar o carro por lá. Entramos e todo o silêncio de Matt se transforma e muda quando ele vê todas as coisas colecionáveis de super-heróis que Zayn tinha ali.

- É maior do que a minha cabeça! - Ele se aproxima da manopla e depois vai explorar todo o resto com os olhos, porém sem tocar em nada. Vez outra sua mão esticava, mas era como se ele se lembrasse de algo e parecesse no meio do caminho.

- Você pode brincar com tudo que está ai, Matthew. - Seus olhos dobram de tamanho com a animação e Zayn não precisa deixar duas vezes. - Se você quiser algo que não consiga pegar, só me chamar. - Acho que ele concorda, mas não responde verbalmente, estando muito submerso na vasta coleção de brinquedos para escolher.

Quando ele foca nos brinquedos do DeadPool e do Homem-Aranha, Zayn se vira para mim, com uma diversão nos olhos que eu não tinha visto a muito tempo.

- Okay, isso prova que é meu filho.

- Ser sua cara é apenas coincidência. - Ele dá de ombros e caminha em direção a cozinha. A casa era bem aberta, dali ainda conseguia passar o olho em Matt, que já tinha posicionado os bonecos em posição de ataque. Vários sons de "pow pow" eram ouvidos vindo da sua boca. - Tá legal, desembucha. - Falo de forma súbita e Zayn levanta uma sobrancelha, também parando de observar a cena.

- O que?

- Matt está distraído e você parecer querer dizer algo. - A menos que 6 anos de afastamento tenha apagado os outros 19 que tínhamos vivido, eu ainda conseguia distinguir algumas de suas manias que não mudaram.

- Eu ainda não falei sobre ele para a minha família. - Não sei porque, mas estava aliviada. Quando ele falasse, seria real. Seria real os anos de afastamento e se tornaria real a reaproximação que eles iriam querer. Bem, se não de mim, pelo menos iriam querer se aproximar de Matt.

- Bem? - Eu não poderia falar "não fale nunca" apenas porque eu não queria enfrentar as consequências dos meus atos e escolhas. Eu sabia que aquilo aconteceria, só não esperava que fosse tão cedo.

- E eu queria falar logo, mas eu não sei como. - Era um pedido de ajuda indireto? Paro e considero isso.

- Nem eu sei como você pode falar isso. - Rio fraco. - Eles provavelmente vão me odiar. - Não queria, mas acabo soltando a minha preocupação. Dessa vez quem ri é o Zayn.

- Eles me culpam até hoje pelo seu afastamento, o que em boa parte, eu tenho. E sentem a sua falta. Acho que eles me odiariam primeiro antes de sentir isso por você. - Duvidava muito.

Olho em volta, apenas para me distrair e porque não tinha o que falar e penso o quão era doido. Uma semana eu estava aqui e a gente estava gritando um com o outro. Agora, Matt estava brincando no chão da sala enquanto conversávamos civilizadamente.

- Meus pais sentem sua falta também. Noah, principalmente. - Dou de ombros, como se aquela informação não fosse importante para mim.

- Estamos nos falando de novo. - Eu desconfiava que eles estavam.

- Traidor. - Resmungo e Zayn ri, indo pegar algo na geladeira. Ele volta com duas latinhas e me oferece uma. Aceito.

- Como vamos fazer? - Ele pergunta e seu olhar está em Matt.

- Com o que? Visitas? -Zayn concorda.

- Sempre que você quiser sair com ele, você me avisa com antecedência e combinamos os detalhes. - Pela expressão de Zayn, não era a resposta que ele queria.

- Eu não quero vê-lo apenas uma vez na semana por algumas horas ou qualquer merda assim. - O repreendo com o olhar pela palavra. Não era um palavrão, mas ainda não era uma das palavras que eu queria no vocabulário do meu filho por agora. Porque eu sabia que na adolescência essa seria uma das minhas menores preocupações.

- E o que você sugere? - Não que eu fosse concordar. Mas queria que ele sentisse que tinha alguma voz, mesmo que eu fosse ignorar.

- Uma coisa que eu tenho certeza que você não aceitaria por agora. Então, por enquanto, eu me contendo com as visitas. - Resolvo não tentar me aprofundar ou tentar achar algum sentido em sua frase inicial, apenas aceno com a cabeça.

- Quando você planeja contar para a sua família? - Ele hesita antes de responder, como se ainda não tivesse pensando realmente nisso.

- Assim que eu descobrir como. "Oi, mãe, pai, irmãs. Eu tenho um filho de cinco anos que só descobri a existência a pouco mais de uma semana e ainda pelo acaso do destino, já que se não resolvesse dar essa pausa e vir morar aqui por um tempo, eu provavelmente nunca saberia que sou pai. A propósito, ele é a minha cara, por isso que vocês foram tão bruscamente afastados, daria para reconhecer na hora". - Rolo os olhos.

- Terminou? - Ele dá de ombros, com um sorriso no rosto. Ele estava se sentindo melhor depois de jogar isso na minha cara. - Em minha defesa, eu contaria para Matthew quando ele fizesse 18, contaria a história inteira e não esse seu resumo vago e o que ele decidisse fazer sobre isso, já não seria mais da minha conta. - Sorrio o mais semelhante que consigo ao seu sorriso cínico e ele faz um sinal de redenção com os braços.

- Tudo bem, tudo bem. Mas não pense que eu vou te perdoar fácil sobre isso, mesmo que você tivesse os seus motivos. - Quase rio.

- Malik, o dia que eu te pedi perdão por algo que eu fiz no passado, pode ter certeza que não sou eu. - E isso era verdade. Eu poderia muitas vezes ter repensado, poderia achar errado o que eu fiz, mas toda vez eu lembrava que era o melhor para Matthew.

Crescer naquele mundo, o mundo em que Zayn era mais uma imagem do que uma presença física... bem, eu ficava certa pelo que tinha feito. Meu único arrependimento, era ter privado Matt de crescer perto dos outros avós, que eu sabia que teriam feito de tudo por ele. E que fariam agora, quando descobrissem.

Past - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora