Capítulo 22: Lavando a roupa suja.

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Treta, treta, treta 

Boa Leitura, xoxo

A R I A

  Eu não entendia o porquê, mas estava com raiva de Zayn. E não tinha percebido o quanto que eu estava com raiva do Zayn, até o ver na minha casa, invadindo ainda mais o espaço. Acho que era isso, essa invasão como se nada tivesse acontecido. Deve se pensar que seis anos é um período de tempo razoável para se superar algo. Spoiler: não era. 

 Acho que isso também se deve ao fato de eu nunca ter realmente tido um tempo para superá-lo. Não, eu nunca tive um momento nesses seis anos para pensar sobre tudo o que aconteceu e seguir em frente. Estava ocupada demais criando Matt e também tentando fingir que meus problemas não existiam. Não deu muito certo. Ali estava o resultado: uma raiva incondicional, mesmo quando ele não estava - tecnicamente - fazendo nada de errado. 

 Exceto a ideia idiota de se mudar de país e ainda morar junto. Sentido? Nenhum. 

 - Tá legal, andamos em círculo, não saímos do lugar, tudo vai continuar na mesma, ninguém se muda. Boa noite, te vejo amanhã quando Matt voltar da escola. - Me despeço e espero que ele comece a se dirigir para a porta, para que eu possa fechar e tomar um banho demorado. 

 - A gente terminou? - Rio com a piada que vem na minha cabeça. "A seis anos atrás", mas resolvo deixar quieto. 

 - Sim, não tem mais o que discutir e eu queria ficar sozinha na minha casa sem você pelo menos por algumas horas. - Eu ligaria para alguma amiga também, só pra xingar ele. Em momentos como aquele era que a amizade de Safaa mais vazia falta. 

- Eu discordo, agora que eu trouxe a tona o assunto de morar nos EUA, acho que a gente pode discutir mais sobre isso. - O olho sem acreditar enquanto ele fala isso. Discutir mais o que, pelo amor de Deus? 

 - Malik, isso não está em discussão. Eu e Matt não vamos para lugar nenhum, muito menos ainda para morar com você. - Ele abre a boca para protestar, mas eu continuo, interrompendo. - E okay, vamos supor que algum dia eu aceite essa ideia de Jerico, vamos fazer o que quando você decidir namorar alguém? Quando eu decidir namorar alguém? "Olha, eu tenho um filho, mas se preocupa não, ele tá na casa que eu divido com o pai dele". Você pensou nisso, em perder a sua privacidade? - Eu acho que isso nem sequer tinha passado na cabeça dele, já que ele parece pensar. - Exatamente, não vai rolar. 

 - Eu não ligo pra isso, eu nem pensei nisso... 

 - Pois bem, eu ligo. - Por mim eu não ligava nem um pingo. Namorar de novo não passou na minha cabeça por muito tempo, estava bem. Mas eu usaria qualquer desculpa para tentar por na cabeça dele que isso não daria certo. - Não estamos mais no século XIIX, não é porque temos um filho que temos que morar juntos.  

 - Eu vou te convencer. 

 - Me convencer a quê? - Eu já estava perdendo a paciência. 

 - A morar comigo, o que mais? - Ele fala como se fosse simples. 

 - Olha, você quer ver Matthew o máximo de tempo possível, okay, estou cedendo você estar aqui todo santo dia, mesmo achando que amanhã ou depois você tenha que ir pros EUA e eu vá me arrepender disso. Mas já decidimos, já está bem, venha quantas vezes quiser para ver Matt, mas é só isso que você vai conseguir de mim. - Eu não esperava que ele fosse sorrir depois disso. 

 Eu desisto. 

 - Malik, faça o que quiser, se mude pra minha casa, vai pra sua, durma no chão ou no carro, eu não ligo mais. - Jogo a toalha, eu não ficaria ali perdendo meu tempo se ele não estava me escutando. 

 Acho que tinha conseguido algum progresso, mas não. Só tinha conseguido que ele viesse comigo escada acima. 

 - Beleza, você falou que um dos problemas éramos ser estranhos. Vamos resolver isso primeiro. - Será que ele era surdo? 

 - Presumo que você vai me seguir pro banheiro também? - Tenho um deja-vu e a julgar pelo rosto do Malik, ele lembrou a mesma coisa. 

 - O que eu tinha respondido? "Se isso significar você me falar o que de babaca eu fiz dessa vez?" Foi algo assim? - Acabo rindo, mesmo estando com raiva dele. 

 - Eu acho que nunca te odiei tanto igual aquele dia. Bem, eu te odiei muitas vezes depois disso, talvez a frase melhor seria "eu nunca tinha te odiado tanto até aquele dia". - Ele dá de ombros. 

 - É o que dizem, entre o ódio e o amor tem uma linha tênue. 

 - A única linha tênue que tem nesse momento é o meu auto controle e a minha vontade de te bater. - Resmungo, quando ele senta na minha cama, percebo que realmente não iríamos acabar com aquilo tão cedo. 

 - Não é possível que você me odeie tanto assim. - Levanto as sobrancelhas pra ele, num claro "você realmente acha que não?" 

 - Acho incrível o tanto que você acha me uma pessoa evoluída para ter esquecido tudo e estar 100% okay com você. - Quando ele dá de ombros e deita de barriga pra cima e coloca o braço sobre os olhos, começo a considerar que ele ia dormir. Era cada uma. 

 Vou caçar uma roupa e escuto sua voz, quase não passando de um sussurro. 

 - Eu me arrependi quase que no mesmo dia, sabia? - Não respondo, não estava afim de reviver isso. Continuo fingindo estar muito ocupada passando as roupas de uma pro outro no cabide. - Toda vez que eu mandava alguma mensagem, eu achava que você ia responder e a gente ia poder tentar concertar aquilo. Ou pelo menos voltar a ser amigos. Você nunca respondeu nenhuma. 

 - Concertar o que, Malik? A sua decisão? - Dou de ombros. - Agora não importa. 

 - Eu estava confuso. A gente não se via a direito a quase um ano naquele tempo. Acho que dava pra contar nos dedos o número de encontros que a gente conseguiu ter naquele último ano. 

 - E dai? Eu vivi a mesma coisa que você e em nenhum momento pensei em terminar com você ou me apaixonei por outra pessoa. - Deixaria o banho pra depois, agora parecia mais o momento de lavar roupa suja. 

 - Eu acho que nunca me apaixonei realmente por ela. - Uau, era suposto eu me sentir melhor com isso? Saio do quarto, resolvendo que no andar de baixo ia ser mais fácil expulsa-lo. 

 - De novo, agora tudo é um grande "e dai?". Não vai mudar o que passou e nem vai resolver nada agora. Na verdade, até piora um pouco você terminado comigo por algo que você nem sabe se realmente sentia. - Ele ia contestar, mas eu realmente não queria mais falar daquilo hoje. Abro a porta. - Te vejo amanhã. 

 Graças a deus, dessa vez, ele me escuta e aceita, fecho a porta e fico sozinha, finalmente. Ou no caso, de novo. 

Past - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora