Capítulo 4: Noah.

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Tiro Matthew da sua cadeirinha, colocando ele no chão com cuidado e passando as alças da sua mochila pelos seus braços. Termino passando sua lancheira de lado.

Ele me dá a mão e seguimos juntos até a entrada da escola, onde não tinha mais nenhuma criança entrando. Falo com a diretora que tínhamos nos atrasado e ela é super compreensiva, deixando Matt entrar sem problemas.

- Tenha um bom dia de aula, meu amor. - Me despeço dele com um beijo na cabeça e não recebo nada a mais do que um "tchã, mãe!" apressado, enquanto ele corre escola a dentro.

- Crianças... - A diretora, Camila, seu nome, fala encantada. Rio com ela.

- Sim. - Percebo que tinha uma oportunidade ali e resolvo jogar um verde. - Ainda estão aceitando matriculas?

- Engraçado, você é a segunda pessoa que me pergunta isso hoje. Agora mesmo atendi uma mãe com essa dúvida. Estamos sim, mas só até semana que vem. - Agradeço a informação e espero que ela não tenha notado meu sorriso forçado.

O que eu iria fazer? Não podia deixar Matthew chegar atrasado todo dia, mas também não poderia correr o risco de esbarrar com Safaa.

Eu deveria ter seguido o conselho de Noah quando ele disse que a melhor coisa era se mudar de cidade. Mas eu precisava ficar aqui. Já bastava não ter um pai, não queria que Matthew se sentisse sozinho no mundo. Acho que os avós e o tio preenchiam um pouco esse vazio.

Ainda pensando em Noah, dirijo até sua casa. Assim que bato na porta ela abre e tomo um susto.

- Mulher, entra logo! - Fico assustada pelo seu tom e faço o que ele pediu. Olhando em volta, faço uma careta ao encontrar um sutiã jogado na sala.

- Noah, toma vergonha na cara! - Reclamo e ele me ignora.

- Ele é a porra do meu vizinho. - Não entendo de primeira, mas quando o significado das suas palavras me batem eu preciso sentar.

- Ele tá ai? - Percebo como a minha voz ficou aguda.

- Sim, se mudou ontem. - Noah sai catando as peças de roupa espelhadas pelo chão.

- Ele sabe que você mora aqui? - Ele nega com a cabeça.

- Mas é questão de tempo até descobrir. - Oh, meu pai.

- Puta merda, Noah, se muda. - Ele ri. - Eu tô falando sério, você é minha salvação com Matt quando eu preciso trabalhar e ele não tem escola, com quem eu vou deixar ele? - Noah me olha, agora preocupado.

Eu sabia o quanto ele amava o sobrinho, a chance de ter que vê-lo com menos frequência o incomodava.

- A gente vai dar um jeito. Eu vou pra sua casa, relaxe. - Relaxe o cacete, eu estava com medo de sair na rua para ir pra casa agora.

Tento me acalmar. Já se passaram cinco anos, ele deve ter se esquecido.

- Eu sei o que você tá pensando e não. - Ignoro ele. Noah tinha essa mania de achar que conseguia ler a minha mente.

- Vamos, já passaram cinco anos. - Tento e ele rola os olhos pra mim.

- Grande coisa, vocês se conhecem a mais de vinte e namoraram por sete, a menos que ele tenha tido uma amnésia, ele se lembra. - Levanto do sofá, indo até a cozinha pegar um copo de água.

- De todas as casas de Bradford, todas, por que logo aqui? Ele tem dinheiro para comprar as porra da casa do centro. - Se Matt estivesse aqui, ele já teriam ganhado uns bons dez dólares pelo castigo do palavrão.

- Eu também não sei, acho que ele quer anonimato. - Foda-se.

- Esquecido talvez não, mas ele não deve se importar mais, certo, Noah? - Ele ri.

- Isso, irmãzinha, é uma resposta que eu não tenho. Mas vamos torcer que sim, porque eu se fosse ele ficaria uma fera de não saber do meu filho de cinco anos. - Dou de ombros.

- Você sabe meus motivos, Noah. - Reafirmo, indo lavar o copo que usei.

- Sim, eu sei, e você sabe que eu te apoio em tudo, mas...

- Sem "mas", Noah. - O corto e ele dá de ombros.

- Que seja como você quiser, irmãzinha. - Ele fica olhando para todos os lugares, menos para mim, o que me diz que ele quer dizer algo.

- Fale logo. - Encorajo e ele solta.

- Ele terminou com a Gigi a mais de 4 meses e não está saindo com ninguém... - Okay, aquilo era uma informação nova. Tento ao máximo deixar meu rosto inexpressivo.

- Legal, espero que ele esteja bem. - O desinteresse na minha voz quase me convenceu.

- Aria, honey, não seja tão tapada. Ele terminou e voltou pra cá. Junte dois mais dois. - Ignoro o que ele estava tentando insinuar. Eu não iria cair nisso de novo. Tinha me iludido muito nesses últimos anos achando que Zayn mudaria de opinião e iria vir conversar comigo, mas nada. E não seria agora que isso iria acontecer.

- Voltou porque como você mesmo disse, ele quer anonimato. Terminou, não sei porque, mas devem voltar. Não é a primeira vez que você me diz que ele termina. E, além de tudo, sua família inteira está aqui. Ele tem mais de um motivo, nada a ver comigo, para ter tomado essa decisão. - Noah suspira, levantando as mãos em sinal de desistência.

- Você que sabe. Mas, eu se fosse você, ia preparando uma boa desculpa para quando vocês se esbarrarem e ele olhar pra baixo e "oi, criança que é a minha cópia, como você está?" - Bato nele, porque eu podia e porque ele estava me provocando.

- Ele não vai conhecer o Matthew. - Declaro e Noah ri.

- As vezes eu queria saber que mundo de ilusão é esse que você vive.

- Noah, me ajuda aqui, cara! Dá algum apoio. - Ele passa o braço pelos meus ombros.

- Vai dá tudo certo. - Acerto meu cotovelo na sua barriga, pelo seu tom irônico. - Para de me agredir, caralho!

- A filha da Safaa vai estudar no mesmo lugar que o Matt. - Solto a informação pela qual eu vim e os olhos dele dobram de tamanho com a surpresa.

- Safaa a sua cunhada? - Rolo os olhos.

- Ex-cunhada. Sim, ela mesma. - Noah me encara, antes de respirar fundo e dizer:

- Eu só tenho uma coisa para te dizer, irmãzinha: boa sorte.


Past - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora