2020
Eu estava nervosa. Na verdade, eu estava tremendo. Hoje era um dos poucos dias que Zayn estava autorizado a passar comigo. Tínhamos dois por mês e eu sentia sua falta em todos os outros.
Mas se bem, que de uns tempos para cá, estava sentindo ainda mais. Antes conversávamos dia e noite por mensagem e tinha sido assim, literalmente, por anos, agora estava cada vez mais raro. Ele está ocupado, eu me lembrava sempre.
Confesso que quando não recebi nada hoje, nem sequer uma mensagem de 7 anos de namoro, eu fiquei chateada. Mas tentei me convencer que ele não tinha esquecido e sim estava planejando fazer algo pessoalmente. Mesmo que ele nem sequer tenha lido a minha mensagem.
Deixo seu presente mais escondido, eram dois pares de tênis combinando. Um do seu tamanho e o outro bem menor. Era por isso meu nervosismo. A empresa que gerenciava sua imagem já não gostava do nosso relacionamento, imagine agora. Quantas vezes já não tinha tentado convencer Zayn a terminar de vez comigo? Inúmeras. Tinha até medo do que mandariam fazer com esse bebê.
Me olho no espelho pela décima vez. Ainda estava de três meses, então não dava para ver nada. Meu deus, eu ia ter um infarto até esse homem chegar. Quando a campainha toca, fico eufórica. Finalmente!
Abro a porta e meu rosto caí. Definitivamente não era o Zayn que estava ali. Um homem que eu nunca vi na minha vida me entrega um buquê de flores e pede para eu assinar. Faço o que é pedido e ele se despede, saindo.
- Tenha um bom dia. - É o que ele deseja, porém estava sendo péssimo.
No meio das flores, tinha um pequeno e delicado bilhete.
"𝓞𝓵𝓪, 𝓶𝓮𝓾 𝓪𝓶𝓸𝓻.
𝓝𝓪𝓸 𝓹𝓸𝓭𝓮𝓻𝓮𝓲 𝓲𝓻 𝓽𝓮 𝓿𝓮𝓻 𝓱𝓸𝓳𝓮, 𝓶𝓪𝓼 𝓼𝓮𝓶𝓪𝓷𝓪 𝓺𝓾𝓮 𝓿𝓮𝓶 𝓲𝓻𝓮𝓲.
𝓣𝓮 𝓪𝓶𝓸, 𝓼𝓲𝓷𝓽𝓸 𝓼𝓾𝓪 𝓯𝓪𝓵𝓽𝓪, 𝓩."
Era a porra de um bilhete digitalizado. E pela frase, nem foi ele que escreveu. Custava me ligar? Ou mandar uma mensagem? E ele nem lembrou! Sete anos comemorando a mesma data e ele nem sequer lembrou!
Nem pra ele falar para seja lá quem digitou isso "estamos fazendo 7 anos, se você puder mandar algo a ver com isso" , mas, não.
*
A semana passa voando, mas diferente das outras vezes, eu não estava ansiosa para vê-lo. Eu estava puta. Ele não tinha me mandando mensagem a semana inteira, mas resolveu mandar ontem.
"Estou indo aí amanhã, tudo bem para você?"
A vontade era de responder "não, inferno, não está tudo bem para mim" porque de novo, ele nem leu as que eu tinha mandado antes, apenas digitou isso por cima.
- Que belo pai você arrumou, em filho. - Falo sozinha, ou com ele ou ela que crescia na minha barriga. Não esperava uma resposta, parecia que tinha puxado o Zayn.
Dessa vez, quando escuto o toque da porta, não ligo pro meu cabelo, não ligo se estava usando uma das roupas mais folgadas que tinha e muito menos ligo de não ter nada preparado para ele.
Apenas abro a porta e ficamos nos encarando por uns segundos, em silêncio.
- Eu posso entrar? - Levanto uma sobrancelha para ele, mas abro espaço. - Olha, eu sei que você está brava...
- Você consegue sequer imaginar o porquê que eu estou brava? - Eu queria ver se ele realmente tinha esquecido nosso aniversário.
- Por quê eu sumi e não vim no último final de semana? - Mas era um sonso mesmo.
- Sim, Zayn, é exatamente por isso que eu estou brava e não porque você esqueceu a porra dos sete anos que passamos juntos. 19 se for contar desde a vez que nos conhecemos. - Compreensão passa pelo seu rosto e ali que eu vejo o primeiro sinal de arrependimento verdadeiro.
- É por isso que eu vim aqui, tenho que te falar uma coisa.
- Bem, eu tenho que te falar uma coisa também. - Que eu teria te contado semana passada, se você tivesse me dado a chance e graça da sua presença.
- Deixa eu ir primeiro, sim? - Com certeza seja lá o que ele tinha para falar era mais importante que um filho.
Eu tinha que controlar meus hormônios, estava ficando estressada com tudo.
- Sim, tudo bem. - Ele respira fundo, sem saber muito bem por onde começar. - Vem aqui. - Por mais que estivesse brava, eu sentia a falta desse filha da puta, então não consegui recusar quando ele abriu os braços.
Me aconchego nele e não consigo segurar as lágrimas que desciam livremente pelo meu rosto. Por que não podíamos ter um relacionamento normal?
- Eu preciso deixar você ir. - Fico confusa com isso. O que ele quis dizer?
- Como assim, Zayn? - Ele não olha pra mim enquanto fala, mas mantem o aperto a minha volta.
- Você merece ter mais do que isso, Aria. Não é possível que você esteja satisfeita vendo seu namorado apenas duas vezes por mês quando tem sorte. E eu estou tão, porra, ocupado, gravando o álbum novo que nem virtualmente eu estou podendo te dar atenção... - Deixo as palavras caírem sobre mim.
- Você está terminando comigo? - Pergunto só pra ter certeza e quando ele não fala nada, tenho a minha resposta. - Mas se isso for por mim, está tudo bem, Zayn, eu já aguentei até agora, não podemos só jogar fora todo esse tempo por causa disso...
- Não vamos jogar fora, irei guardar cada momento. - Eu estava perdida. - Tem mais uma coisa... - Oh, meu Deus, o que poderia ser?
- O que é? - Me afasto do seu abraço e ele deixa, seco as lágrimas com as costas das mãos.
- Eu acho que estou me apaixonando pela Gigi... - Oh, ótimo. Tudo que eu precisava. Para fechar com chave de ouro.
- E você precisava me dar essa informação por...? - Pergunto e tento deixar um tom divertido na frase, mesmo que não estivesse achando nada engraçado.
- Porque acima de tudo você é minha amiga, e vai parecer na mídia que estamos noivos essa semana ou na outra, queria que você ficasse sabendo por mim...
- Você quer a minha aprovação no seu noivado de mentira, Malik? - Eu entendia certas coisas, mas aquilo ali era demais.
- Aria, acima de tudo, somos amigos a quase vinte anos... - Esse argumento de novo? "somos amigos" amigos que vão ter um filho junto, mas, acima de tudo, é o que somos, certo? Amigos. - Eu não quero que você suma da minha vida. - Ai, que engraçado.
- Claro, Zayn. Fico feliz por você e espero que vocês dois também sejam. - Doía falar aquilo mas era verdade.
- O que você queria me falar? - Penso nos sapatos no meu quarto e seguro meu impulso de por a mão na barriga.
Ali era o momento que eu iria decidir o que seria da minha vida dali para frente. E eu espero ter tomado a decisão certa.
- Não era nada. - Sorrio forçadamente.
Eu estaria sozinha nessa nova fase.
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Past - Zayn Malik.
FanfictionUma simples decisão de sim ou não, isso ou aquilo e até mesmo coisas que parecem insignificantes, como brincar com uma criança num parquinho, pode girar sua realidade de ponta cabeça. Essa ação, foi exatamente, o que mudou a vida de Aria completamen...