Sangue suor e Morte: Livro 1 Despertar

Capítulo 3: O preço da sobrevivência

Mais uma vez Will sentiu como se o tempo tivesse parado, era como se alguma coisa estivesse lhe dando a chance de pensar esfriando a sua mente e acelerando seus pensamentos. Ele não tinha tempo pra investigar esse efeito, agora ele só pode agir rapidamente.

A cozinha era o segundo maior comodo da casa, no meio dela uma mesa grande de madeira com dois bancos grandes, um em cada lado, estava entre Will e Pedro. Will se projetou para a frente tomando a dianteira da situação. Passou pisando no banco a sua frente saltando sobre a mesa usando o impulso para cortar com a faca , que não saíra de sua mão, o tentáculo que se projetava até Pedro.

O tentáculo foi cortado como manteiga espirrando um liquido preto e se debatendo como uma cobra. Olhando a situação Pedro caiu de costas e soltou um grito de horror, assim que fez contato com o chão sentiu algo úmido, levantando suas mãos e colocando-as em frente ao seu rosto, incrédulo viu, era carmesim, de um vermelho brilhante, sangue. Pedro estava dentro de uma poça de sangue, feito com o sangue de seus irmãos, foi a ultima coisa que ele viu antes de perder a consciência.

Will estava olhando diretamente para Délia, a mandíbula da velinha tinha se alargado como a de uma cobra, os lábios e a bochecha estavam rasgados, o tentáculo, ao se projetar para fora, rasgou parte do que antes era o rosto da doce senhora. Era muito claro que algo não estava certo com aquela senhora, erá impossível um ser humano ter tamanho ferimento em seu corpo e permanecer de pé como ela estava.

Os olhos da velha eram brancos como os de um cego, sangue vazava pelos rasgos, seu corpo estava inchado em uma proporção absurda, ela provavelmente não poderia se mover, e um cheiro podre estava enchendo o comodo.

Marcos que estava na porta da despensa em algum momento pegou um facão e gritou:

-Will, isso.... isso é....-

will gritou:

-Marcos cala a boca, é a Tia Délia.-

-Tia, sou eu... O will. olha...-

Will tocava seu próprio rosto, como se quisesse demonstrar ser ele mesmo.

Marcos era claro sobre o que aquilo era, mas Will não podia atacar a unica pessoa adulta que ele respeitava.

No orfanato, todos compartilhavam o fato de serem órfãos, porém somente Will era negro, sim , um homem preto abandonado, vitima do crime, e esse fato era muito importante, pois ele definia o tratamento que o garoto recebia por parte dos poucos visitantes do orfanato. Neste lugar somente um adulto o tratou bem, só a tia Délia.

Aquela doce senhora sempre esteve do lado dele, mesmo quando o zelador tentava castiga-lo ela se colocava na frente, ela sempre foi seu anjo. O motivo por trás de toda essa afinidade além do carinho era que ela também era negra, e sempre dizia a ele:

-Seja preto com orgulho, meu filho.-

Will não poderia esquecer tudo isso, e atacar aquela senhora. enquanto pensava nisso sentiu um grande choque na área da sua cintura, era como se ele fosse atingido por um pedaço de madeira. O impacto o fez cair para o lado tropeçando no banco e batendo com o corpo direto na mesa.

A dor sentida era absurda, ele tinha a sensação de gosto de sangue na boca, sua vista ficou preta por um breve momento. Olhando ele viu que o tentáculo cortado foi usado como um chicote o atingindo. Foi tudo muito rápido, o choque emocional sentido foi maior que o físico, ele não podia aceitar que aquilo era a sua "sagrada" tia.

Nesse momento um barulho soou, era um squesh, como se algo tivesse batido em uma superfície aquosa espirrando liquido pelo local.

Will se esforçou para olhar para frente e viu.

Marcos brandiu o facão diretamente no corpo da criatura. O impacto fez com que um liquido preto esguichasse no ar, mas aparentemente o ataque não havia causado dano.
Marcos gritou com força:

-Não é mais a tia. Porra, acorda caralho, isso agora é um monstro e só isso.-

As palavras eram ditas pela boca, mas uma cara de desespero estava estampada em Marcos, além disso, lagrimas e ranho estavam escorrendo pelo rosto do jovem.

Marcos era um menino Branco com a aparência que se encaixava nos padrões, tinha feições até bem delicadas, mas nesse momento seu estado era terrível.

Sentindo o ataque, a criatura virou seu olhos em direção a Marcos, forçando para virar o rosto com dificuldade aparente, o tentáculo que atacara Will agora ia em direção a Marcos. Foi nesse momento que Will entendeu, era uma escolha, se ele não fizesse nada, tanto ele quanto Marcos iriam morrer.

Will Mordeu os lábios com força, se forçando a ficar de pé, correu na direção do "monstro". Nesse exato momento o tentáculo fez contato com Marcos, lançando o garoto na parede por cima de panelas e talheres, no entanto em uma demonstração de tenacidade, ele segurou com os dois braços, prendendo o tentáculo com força. Essa atitude causou mais danos internos ao menino, porém, impediu que o tentáculo se movesse com força, dando tempo para Will.

Will correu, a cada passo as lembranças inundavam sua cabeça, eram cenas simples, mas extremamente significantes para ele. Aprender a andar de bicicleta... as brincadeiras na hora de fazer o bolo.... as palmadas e os castigos, muitas lembranças foram inundando a cabeça do menino. Ele que há tempos não chorava se viu chorando, e os poucos metros que os separavam eram intermináveis assim como suas lembranças.

Não seria possível fugir do seu destino. quando se aproximou do monstro, o mesmo notou sua presença. Na impossibilidade de usar seu tentáculo um rugido gutural foi lançado, mas o som não vinha da altura de sua boca, e sim, de sua imensa barriga.

Com um pressentimento de perigo Will se jogou para a frente em diagonal, no mesmo instante uma língua cor preta e ainda mais grossa que o tentáculo passou em sua localização anterior, era mais curta , se expandiu apenas cerca de 1 metro e meio, ao passo que o tentáculo foi a mais de 3 metros, mas sua força era muito maior, pois ao chegar a localização anterior de Will o chão que ela atingiu ficou parcialmente rachado.

Graças a essa língua que acabou rasgando as roupas da senhora, Will pode ver, a barriga da criatura era uma enorme boca, repleta de dentes afiados e enormes, um liquido viscoso como baba escorria, e sons de chiado podiam ser ouvidos vindos dos restos de roupa que a baba encostava. Claramente era altamente corrosiva.

Na área onde os seios deviam estar um pequeno nódulo pulsante podia ser visto. Não demorou pra Will perceber, aquilo era como o coração da criatura, provavelmente o seu maior ponto fraco.

A língua da criatura não era tão móvel quanto seu tentáculo, ela não conseguia fazer movimentos delicados, ou se dobrar como uma cobra, era semelhante aos movimentos que uma linguá humana poderia fazer, notando a intenção de Will a língua tentou se retrair e tapar o pequeno nódulo, infelizmente para a criatura Will que estava ao seu lado se levantou, rugindo como um tigre, e esfaqueou bem o meio do nódulo. Um liquido como sangue podre vazou, e a criatura tremeu emitindo sons estranhos até que abruptamente parou de se mover, estranhamente seu tentáculo ainda se movia, como uma cobra morta.

Neste momento, uma grande bola de Luz foi em direção ao corpo de Will, e ele sentiu aquela energia quente se alojar dentro dele mais uma vez.

Neste mesmo momento Marcos e Pedro estavam recebendo uma bola de luz vinda do monstro também, a diferença estava no seu tamanho, a de Marcos era grande como uma bola de Futebol, enquanto a de pedro não era maior que uma bolinha de gude.

Will Mais uma vez recebeu uma mensagem, não mais era a voz, era apenas texto, por isso ele ignorou. Marcos e Pedro por outro lado, escutavam a voz em sua cabeça.

No chão perto da criatura Morta 3 itens estavam jogados.

Um pedra semelhante a um diamante bruto, um par de luvas e uma fruta, semelhante a maçã.

Tudo isso era muito magico, porém, nesse momento, ninguém poderia comemorar.

Marcos ofegava pesadamente enquanto Will estava aparentemente paralisado somente quando Marcos tocou o ombro de WIll ele pode ver, a língua da criatura em seu ultimo momento golpeou Will em seu braço que estava esfaqueando-a, o braço direito de Will estava completamente torto. O olhar no rosto do menino era de desespero, podia-se ver raiva, triste e dor , mas aquele olhar estava sem foco.

Will desmoronou inconsciente.