3 anos no passado:
-Will a tia Délia pediu pra gente comprar pão pro café, você já terminou o dever de casa? Se a professora reclamar de você outra vez vai dar ruim pra você em.-
Um menino sorridente
Essa sempre foi a maior característica de Marcos, mas, fazia tempo que ele não sorria como antes, era como se o sorriso estivesse desfocado, com a luz fraca. Will já tinha percebido isso e até questionado o amigo, mas ele sempre dizia que não era nada.
-Marcos, tá acontecendo alguma coisa? Os meninos da sala 2000 estão pegando no seu pé de novo ? se for isso eu arrebento a cara deles, só me dizer-
Marcos deu um leve sorriso, mas parecia , triste.
-Não Will ta tudo bem.-
Era o fim da tarde, e no dia seguinte um evento animador aconteceria no orfanato, pessoas da prefeitura viriam pra fazer uma inspeção, esse era o dia mais tenso do més, porém era o dia mais feliz pra maioria dos internos, pois nesse dia os donos mandavam a tia Délia fazer lanches deliciosos, e os internos poderiam comer alguma coisa, logico que isso era para que os inspetores pensassem que as crianças eram bem alimentadas e bem tradadas, apenas uma boa e velha farsa. No entanto Will notou que Marcos estava inquieto, quanto mais o dia passava mais inquieto ele ficava.
Ao retornar da padaria Marcos foi direto para o quarto dele, Will tentou perguntar algo mas marcos nem prestou atenção. Naquele dia Marcos não desceu pra janta, Tia Délia não sabia o que acontecera, pois o menino comeu no quarto. Will ficou preocupado, desconfiado, hoje era o dia de Marcos limpar o banheiro interno no fim da noite, antes de dormir, mas isso não era muito, na realidade era só passar um pano e água sanitária, não justificaria a atitude do garoto durante todo o dia, se fosse o banheiro externo Will até entenderia mas.... Algo estava estranho.
Já passava das nove da noite, o orfanato estava parcialmente silencioso, apenas o som da velha TV no quarto de Tia Délia podia ser escutado, Will desceu as escadas, e foi na direção do banheiro, ele pretendia ajudar seu amigo a limpar, já que ele parecia tão triste durante o dia.
Se aproximando da entrada do banheiro ele notou que não existia barulho vindo de dentro. Will ficou intrigado e resolveu procurar, indo pelo corredor que virava a direita e dava direto para o patio externo, e a esquerda iria para a área de gerenciamento, onde residia o zelador e onde ficava a sala da gerencia. Quando ia chegando a bifurcação notou a porta do zelador entreaberta, um pequeno som de choro vinha de lá. WIll foi se esgueirando para a sala, até que encostado na parede ao lado da porta, ele pode escutar a voz falando de dentro:
-A para de chorar... Você não quer que eu conte pra todo mundo que você é um viadinho não é? Hahahahaha. segura isso ou eu vou fazer todo mundo da sua escola, todo mundo da igreja e principalmente, todo mundo aqui, saber que você é boiola.-
Will tomou um choque, mas não com a voz e as palavras do zelador, e sim com a voz que apareceu depois.
-Por favor, não... não conta pra ninguém. Eu te imploro, eu tenho um dinheiro guardado, é pra comprar um computador, eu dou ele pra você, mas , por favor, não conta pra ninguém.-
O zelador riu, e retrucou:
-Por que você acha que eu ia ouvir você? Você é lindinho demais pra deixar passar. Você vai me dar o dinheiro e vai me "dar" mais outra coisa. Anda logo e segura isso aqui, que não gosto de deixar ele pegando frio assim-
Will estava com o punho cerrado, com ódio fluindo pelo seu coração.
-Por favor, eu tenho alguém que eu amo, eu não que.... eu não quero..-
~Pah!!~
Nesse momento um som seco de tapa foi ouvido, seguido de um choro baixinho.
Will não suportou mais, desde que chegou no orfanato, ele sempre carregou pra todos os lados um canivete, era como um amuleto da sorte pra ele, ele sempre, sempre andava com ele, e agora não era diferente. Will abriu o canivete e correu, a cena era aterrorizante: O zelador, um homem nos seus 40 ou 50 anos, com dentes amarelos pelo cigarro, sorria lascivamente enquanto segurava pelo cabelo um menino, o rosto desse menino era vermelho, um tapa tinha parado ali, o menino chorava. Porém o pior era o que acontecia a baixo da cintura,, a calça do homem estava baixa e o pênis dele estava pra fora a bermuda de interno do menino estava meio rasgada.
Will não pensou duas vezes, repleto de ódio ele atacou o homem com o canivete, mirando a barriga dele. O homem não era idiota, ele tentou se afastar rápido, infelizmente pra ele, Will era mais rápido, a ponta do canivete penetrou cerca de meio centímetro na barriga do homem, e abriu um rasco superficial em direção ao umbigo. Do lado direito até o centro da barriga exibia agora uma marca sangrenta.
Um grito curto saiu da boca do homem, que ficou louco de raiva, no entanto, o menino a sua frente tinha um olhar feroz, e parecia disposto a matar a qualquer momento. Mesmo o mais valente dos homens hesita de frente ao perigo de morte, imagine um covarde como esse, ele ficou tremendo ao olhar pros olhos negros do menino, era como se só houvesse escuridão naqueles olhos. Foi ai que Will gritou:
-Se você encostar um dedo no Marcos de novo eu juro por Deus que eu mato você.-
O grito saiu das entranhas de WIll, fez com que o zelador desse passos pra traz caindo de bunda numa cadeira que estava poucos metros dele.
Will puxou Marcos, que estava ali, sem entender nada. Minutos depois no quarto de Marcos, Will olhava com raiva pra Marcos enquanto questionava:
-Por que caralhos você não me contou que esse bosta tava aprontando? Se você tivesse me dito, eu teria cortado aquele cotoco que ele chama de pinto.-
Marcos ainda não tinha parado de chorar, na realidade ele não sabia como lidar com tudo isso, foi quando Will falou:
-Cara, eu já sabia, eu vi você no ano passado com o Thiago, e sei que vocês ficaram varias vezes, mas o que importa? Você é feito do mesmo material que eu, de sangue, suor e lagrimas. Não importa o que digam, o que aconteceu hoje não pode voltar a acontecer. Ninguém pode te tratar desse jeito nunca mais.-
Will ainda falava, quando Marcos pegou o canivete que agora estava sobre uma mesa, e cortou a palma da própria mão. O canivete não era tão afiado, ele tinha uma boa ponta, mas sua lamina não era grande coisa, mesmo assim um pequeno corte apareceu e o sangue fluiu.
Marcos disse:
-Eu juro, por esse sangue, você é meu irmão agora, e nunca mais ninguém vai fazer algo parecido comigo de novo.-
Nesse mesmo momento Will sorriu, tomou de Marcos o canivete, fez um pequeno corte na mão e apertou as mãos de Marcos.
-Agora somos irmãos de sangue-
Marcos sorriu, mas agora era um sorriso sincero.
Will vendo isso também sorriu.
-Tá vendo irmão, nunca mais deixe seu sorriso ser roubado.-
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Sangue suor e Morte: Livro 1 Despertar
FantasíaUm órfão do crime, deixado em um orfanato quando criança por sua tia Lena, que por falta de recursos não poderia cria-lo, vê sua vida virar uma luta pela sobrevivência. acompanhe William através do sangue suor e morte. Artes e desenhos de personag...