Sangue suor e Morte: Livro 1 Despertar

Capítulo 79: Tempo sobre tempo.

Durante o retorno para a cidade a marcha incrível com mais de 1000 répteis de todas as espécies era linda. Por detrás da tribo o chão se erguia alguns centímetros como se algo estivesse escavando por ele, eram as milhares de serpentes que também retornavam. Quet estava tranquila a caminhar, por algum motivo estranho ela estava muito feliz em andar:

- Aaaa... Como é bom usar as duas pernas assim, eu me esqueci dessa sensação, quer dizer, eu nunca fiz isso antes kkkkk muito legal mesmo.

Ela estava feliz era como experimentar algo novo. Gria estava curiosa demais e queria perguntar diversas coisas a Quet, mas tinha receio, foi então que a mulher por vontade própria foi falar com ela:

- Ei você... Você é meio humana não é?

Gruntar já tinha desconfiança disso mas ouvindo Quet dizer com todas as letras o fez entender o problema, a questão era, Gruntar nunca viu humanos em seu planeta. Gria se sentiu um pouco invadida e triste por terem lhe lembrado sua condição terrível:

- Sim.

A resposta foi sucinta, ela estava empolgada antes para conversar com esse ser misterioso mas agora... Todo o "tesão" se foi. Na primeira frase o ser que ela queria entender pisou com força em seu maior calo.

- Ei menina orc. Isso não é motivo de tristeza. Na realidade alegre-se. Humanos tem fraquezas absurdas mas a vantagem principal dessa raça é sua capacidade de adaptação e mudança. Pense, até mesmo mesmo mestre foi humano um dia.

Gria estava calada, ela ainda não tinha se aberto para ninguém a sua condição. Ver essa mulher lhe chamando de menina era estranho.

- Eu entendo as possibilidades do humano, porém em meu planeta os humanos não são mais que gado. Já imaginou ser meio comida?

Quet tentou imaginar a situação do planeta dessa mulher. Ela estava agindo como uma menina sapeca e não como uma mulher feita, ela colocou a mão no queixo parando para pensar e então disse algo absurdo:

- Os humanos lá são tratados como gado? Então quando terminarmos aqui vou falar com meu mestre, iremos lá, traremos os humanos para o "mundo" do meu mestre. Se os orcs interferirem eu vou ter muita comida hahahahah.

Tudo foi dito como se não fosse nada demais, mesmo a risada era alegre e tranquila. Porém o conteúdo do que foi dito não parecia tranquilo. Gria queria pensar que esse ser não era capaz disso mas ela desistiu imediatamente. Ela percebeu que não ser capaz de nem sentir a presença dela já era absurdo demais, mesmo agora, se Gria desviasse o olhar era possível que não encontrasse mais Quet, sua presença era nula, não emitia calor, nenhum cheiro ou rastro energético, era como se ela não existisse. Gria odiava seu mundo Natal e a igreja que o tomou, ela estava mesmo disposta a ir lá e virar o mundo de cabeça para baixo mas, ela não queria ver sua raça completamente destruída.

- Se possível não destrua meus irmãos.

Gria pediu com real seriedade a Quet, aquilo assustou Gruntar, ele achou que as duas estavam brincando, mas percebeu que não era brincadeira, por outro lado, Quet repetiu a cena anterior, com uma mão no queixo e outra cruzada apoiando o cotovelo, ela pensava de forma descontraída:

- Tá bom, não vou eliminar seus "irmãos" mas você tá falando dos orcs ou dos humanos?

Claro que Quet sabia que eram os orcs mas ela quis brincar um pouco com Gria, esse era um hábito das serpentes e águias, brincar com a presa era comum. Gria respirou fundo e ia falar quando Quet a interrompeu.

- Existe algo realmente grande abaixo do solo.

Aquilo foi dito com um sorriso que não combinava com aquele rosto. Era um sorriso distorcido e cheio de sede de sangue. Foi a primeira vez que Gria sentiu a energia de Quet. Uma fina camada de névoa negra começou a sair de Quet, vez e outra um raio elétrico passava por toda essa névoa, era lindo mas todos sabiam que aquilo era mortal além do limite. Nesse momentos eles tinham chegado a beira da faixa desértica, Quet foi a frente e pediu que todos deixassem a área retornando um pouco. Depois daquilo ela foi até o início da areia e ergueu a mão direita.