Matheus Smith

232 37 0
                                    

Entramos no avião e nos acomodamos na nossas poltronas, um do lado do outro com mais um senhor ao lado dela. Não disse nada, nem ao menos uma boa noite, afivelou seu cinto de segurança.

A cara de Elisa me deu vontade de rir, pois estávamos na classe econômica, nada de classe A para uma viagem desta, depois ela tomaria conta das rédeas de suas economias e poderia viajar para onde quisesse de classe A.

Afivelei meu cinto de segurança e relaxei, agora era esperar o avião taxiar e levantar voo.

Elisa respirava fundo buscando a paciência, olhei para ela que tentava buscar a melhor posição para não ficar perto do homem ao seu lado.

- Relaxa, Elisa! - falei baixo.

- É fácil quando você não está sentado na poltrona do canto e seu companheiro ao lado cheira a atum e repolho

Olhei para o senhor e para ela e comecei a rir.

- Eu não sinto cheiro de nada. - a olhei. - Você é que exagerou no perfume.

Ela apertou os olhos e empinou o nariz ,fez menção de dizer algo, mas desistiu.

-Será que você pode pedir um amendoim japonês pra mim?

- Senhores passageiros... - comecei a imitar a aeromoça. - Assim que o avião se estabilizar, nosso serviço de bordo será servido, agradeço a todos e boa viagem. - a olhei novamente. - Nós nem saímos do chão!

- Classe econômica...-ela resmungou -Você é um pesadelo!

- Antes de reclamar, devia pensar nos seus gastos exorbitantes. foram eles que te levaram para a classe econômica. - Tirei um envelope de chicletes do bolso. - Tome, mastigue um chicletinho até poder comprar um amendoim.

- O que você chama de gastos exorbitantes, eu chamo de necessidades básicas! -ela sorriu e apanhou o chiclete

- Champanhe de 2mil dólares não é necessidade básica... - ele relembrou um dos itens da minha lista.

-Nada se compara a uma taça desse champanhe depois de um banho revigorante

- Está bem. - dei risada. - Eu me contento com uma boa cerveja.

-Também não é tão ruim! - Ela deu de ombros

O avião começou a se mover.

- Até que enfim... - disse baixo. - quando o avião se estabilizar, mudamos de acento. Assim vai dormir melhor.

-Tanto faz!- ela deu de ombros e pareceu estranhamente cansada.

Não demorou muito e o avião se posicionou na pista, deu o impulso e logo estávamos seguindo rápido até levantar voo. Vinte minutos depois comprei os amendoins para ela, água, tomei um remédio para dormir e apaguei, so me lembro de sentir Elisa se aconchegar nos meus braços e dormir comigo.

Acordei com a aeromoça falando no interfone, as luzes foram acessas e eu e Elisa nos ajeitamos no banco.

- Bom dia! - desejei assim que recolhi o banco para me sentar. - Dormiu bem?

-Até que você tem o ombro bem aconchegante! -ela sorriu- Tem mais amendoins aí?

- Tenho... Mas antes preciso ir ao banheiro. - Me levantei tentando não me espreguiçar, mas foi inútil. O problema é que minha calça estava apertada e mostrou demais.

Fiquei sem jeito e deixei o meu acento e segui até o banheiro, nos fundos do avião, entrei louco para aliviar a pressão da bexiga.

Dois minutos depois estava de volta ao acento, sem graça, pois ela sorria maliciosa.

- Aqui, seu amendoim. - dei a ela o pacotinho que estava guardado na pequena sacola.

-Você lavou bem essa mão ?-ela sorriu

- Sou um cara limpinho. - respondi levando a mão ao seu rosto.

-Curioso!- ela sorriu e levou um amendoim a boca- Quer?

- Não, obrigado! - respirei fundo. - Quero um café! não vejo a hora desse avião pousar e poder tomar um café merecido.

-Café preto e pãozinho, seria ótimo!- ela deu de ombros

- Concordo. Mas um croissant seria melhor. - Já imaginei aquela massa derretendo na minha boca.

-Ah nem me fale!- ela concordou- Eu adoraria um bom champanhe também! -ela soou debochada

- Vou fingir que não escutei essa parte. - torci a boca, pois eu não conseguia entender quem consegue beber logo de manhã.

-Acha que eu tenho problemas com o álcool? -ela perguntou e parecia desarmada.

- Acho. - A olhei rapidamente. - Seu consumo de bebida é exagerado.

-Tá! -ela deu de ombros

As vezes ela parecia estar implorando por ajuda.

- Só isso? - encarei Elisa.

O sinal soou de que estávamos para pousar, a aeromoça pediu para todos voltarem para seus lugares e afivelar o cinto de segurança.

-É, eu... estou pensando em parar!

- Muito bem. - sorri para ela. - Socialmente seria até melhor. Mas não fazer da forma que anda fazendo. Vai envelhecer mais rápido que outras mulheres por aí.

-Eu sou uma mocinha!- ela me provocou -Olha esse rostinho!

- Você é linda. Mas nem todos gostam de ver uma moça beber mais que um homem. Isso passa insegurança.

Ela suspirou e encarou o chão.

-Talvez você tenha razão!

- Até que você é uma boa ouvinte. Está aprendendo a ver onde anda errando. Só falta mudar essa sua gana por dinheiro e Status.

-Já pode parar com a sessão, Detonando a Lizzie!

- Ok! - levantei as mãos, ri gostosamente.

Finalmente o avião pousou, seguimos para fora o desembarque, apanhamos as nossas malas e seguimos para o hotel, pois o nosso motorista estava a nossa espera segurando um plaquinha com o nome de Elisa Warner.

-Sabe que haverá um evento hoje a noite de apresentação, antes do grande desfile amanhã. Pretende me acompanhar?

- Recebi a confirmação. - concordei que sim. - Vi que fez um vestido exclusivo para você.

-Preciso brilhar nesse evento. Acho que dessa vez você não vai achar que é estrelismo!

- Quero só ver. - O carro parou em frente ao hotel e descemos.

O rapaz tirou as malas e o ajudante da portaria do hotel apanhou nossas malas, colocou no carrinho e seguimos para dentro do hotel, fizemos nosso Checking e seguimos para o sétimo andar, ficaríamos um do lado do outro no mesmo andar.

- Vamos tomar café no quarto ou quer descer para tomar café no restaurante ou numa delicatesse? - perguntei antes de abrir a porta de seu quarto.

- Acho que vou tomar café no quarto e descansar um pouco, Mathews! Eu nunca durmo direito em aviões.

- Está bem. abri a porta do seu quarto e dei passagem para ela entrar. - Bom descanso. Me ligue se precisar de alguma coisa.

- Posso só tirar uma dúvida? - Parei a sua frente e esperei ela me perguntar. - Você estava levando uma garrafa dentro da calça mais cedo?- Ela perguntou segurando o riso

Olhei para o teto tentando não mostrar que tinha ficado completamente abalado e envergonhado com aquela pergunta, a olhei rindo, passei a mão no rosto.

- Há! como você é indecente, garota! - brinquei e segurei o seu rosto com as duas mãos. Não sei o que me deu, mas eu estava prestes a beija-la, soltei imediatamente. - É... uma garrafa!

- Belo instrumento! - ela riu -Bom apetite no seu café! - ela acenou e adentrou o quarto.

Fiquei ali parado, não sei se a espera de um convite ou se eu estava realmente em choque, girei os calcanhares e segui para o meu quarto, indo direto para o banho.

FINO TRATO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora