Hary Smith

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 Hary

Uma semana já tinha se passado desde que Joshua havia chegado em casa, aquele apartamento praticamente ficou um entra e sai de visitantes que mal tivemos tempo de respirar e curtir o nosso menino.

Era sábado e finalmente teríamos um dia de tranqüilidade, Evellyn foi as compras para pijamas mais frescos e alguns medicamentos para Joshua, me sentei na poltrona próximo a ele enquanto a enfermeira Dóris estava tomando um café na nossa cozinha, foi aí que senti uma mão em meu ombro e olhei assustado para ver quem era.

— Mathews! O que faz aqui? — me levantei em um sobre-salto.

— Vim ver meu irmão e a você. — ele me puxou para um abraço e eu não pude recusar.

— Não devia ter vindo... Ainda mais num sábado onde todos estão aqui.

— Pai! A Sra. Grant saiu e pelo jeito vai demorar. Dóris acha que sou um funcionário, apesar de achar que sou a cara do paciente. — Ele se aproximou de Joshua e sorriu para ele. — continua na mesma?

— É! continua... — me aproximei dos dois e apoiei a mão no ombro e Mathews. — Não quero que venha aqui sem me avisar, por favor! não quero correr o risco de alguém te ver. As pessoas não são burras.

— Pai! chega de fingir ser outra pessoa. — ele me olhou complacente.

— Nós somos outras pessoas, filho!

— Eu quero conhecer meu irmão... Quero poder participar da vida dele, da Evellyn e da minha sobrinha. Porque temos que ficar no anonimato?

Mal tive tempo de abrir a boca e Evellyn estava atrás de nós completamente embasbacada, olhei para Mathews e torci a boca em reprimenda. Era tudo que eu não queria que acontecesse, essa revelação poderia nos mandar para o inferno.

—Irmão? — ela aproximou—se de nós, a expressão em seu rosto era de total surpresa. — É bom finalmente conhecer alguém da família. — ela estendeu a mão pra mim. — Se bem que... Por que esse medo, Hary?

— É uma história muito longa. — Segurei a sua mão. — Quero que conheça meu filho mais novo... Mathews!

Mathews sorriu, era muito parecido com Joshua.

— É um grande prazer te conhecer.

— Conversa um pouco com seu irmão. - ela se voltou para mim. — E não quer me contar um pouco essa longa história, Hary?

Olhei para Mathews e ele indicou que eu deveria conversar.

— Vamos tomar um café... — Segurei em seu braço e seguimos para o andar de cima. — Eu tenho medo que me julgue.

— Quem sou eu, pra julgar? Você voltou por ele é o que importa!

Entramos na cozinha e a enfermeira que mexia no celular nos deu um sorrisinho amarelo e saiu rapidamente.

— Eu já tinha desistido quando ele entrou na minha vida sem querer. — rimos.

—Sem querer? Foi uma coincidência

— Sim... — Apanhei o conjunto de xícaras e a cafeteira italiana. — Morávamos num rancho... Estávamos casados a 5 anos até que Ethan nasceu. Estava feliz e meu trabalho estava movimentado. Viajava muito. — Me calei pensando se devia ou não abrir para ela o que fazia, decidi dar voltas. — Ethan estava crescendo, era apegado demais a mãe. Numa dessas viagens eu fui pego e... para não perder a minha família eu teria que trabalhar contra a minha empresa. Achei que conseguiria sair fora, mas não foi bem assim... éramos seguidos o tempo todo. Tracey... Hellena não tinha a menor ideia do que fazia na vida, ela sempre achou que eu fosse um vendedor de auto peças por gostar muito de carros e porque era o que contava para ela.

FINO TRATO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora