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Menor Narrando:

Antes de encostar no churrasco da Laysa e do Lúcifer, passei na barbearia para dar um trato no visual. O Murilo, que era o dono da barbearia, era um parceiro nosso das antigas, nos envolvemos no crime todos juntos. Mas, durante uma invasão de polícia no morro, ele tomou dois tiros que quase matam ele e então ele voltou atrás e disse que essa vida não era pra ele, geral respeitou a decisão e Logan apoiou ele construindo a barbearia.

— E a tua cria, moleque? — Ele pergunta enquanto começa a passar a máquina na minha cabeça.

— Ah véi, é a coisa mais linda do mundo... puxou pro pai, óbvio. — Falei sorrindo e lembrando que minha Stella tinha toda a aparência da mãe.

— Puxou pra ti nada, Zé... aquela guria é a cara da Kessi.... por falar nela, vocês estão juntos ainda, irmão?

— Ah leke, eu vacilei feio com ela nesse baile agora que passou. — Disse cabisbaixo.

— Não entendo a tua necessidade em fazer merda, Menor... a mina tudo certo contigo, teve continua nas boas e nas ruins, e tu de tiracão... se eu fosse o Kekel, mandava te passar. — Ele diz e todos os moleques começam a achar graça.

— Cê tá louco, mano? Eu hein... Mas pô, vou fazer algo pra melhorar isso aí, mas do jeito que conheço o coração de pedra daquela mulher, já vi que eu vou ter que chorar sangue pra conseguir essse perdão. — Falei dando um sorriso fraco.

— É irmão, talvez tu aprenda a valorizar mais tua família... papo responsa...

Murilo continuou a conversa sobre família, depois falamos sobre diversos assuntos referente aos moradores do morro, sobre lazer das crianças e quando vi já estava com cabelo na régua, paguei meu amigo e sair dali indo direto em casa ver como minha irmã estava.

Suzane era minha irmã do meio, ela entrou em depressão logo depois que minha mãe morreu, não saia de casa, não falava com ninguém além de mim, a vida dela era apenas ler livros, ela decidiu que queria viver dessa forma, então eu apenas respeitei.

— Oi mana, cheguei... tá tudo bem? — Falei jogando a chave em cima da mesinha de centro da sala.

Ela apenas assentiu com a cabeça sem tirar os olhos da TV, fui até o sofá onde ela estava sentada, deitei, colocando minha cabeça em seu colo... Suzane gostava que eu fizesse isso, ela fazia carinho em minha cabeça e me olhava profundamente.

— Como foi o teu fim de semana? — Ela pergunta e eu fiquei surpreso, normalmente ela não perguntava.

— Fiz besteira, maninha... Mas nada preocupante. — Disse sorrindo de uma forma que eu sabia que lhe tranquilizaria.

— Foi com a Kessilly e a bebê? — Ela pergunta e eu levanto, sento ao seu lado e observo ela me encarar.

— Foi sim, maninha... Mas vou resolver isso hoje mesmo, amanhã eu poderia trazer a bebê para você ver, o que acha? — Perguntei sorrindo e ela sorriu também.

Dei um beijo na testa da minha irmã do meio e subir para o meu quarto, tomei um banho e me vestir, antes de sair pro churrasco, lembrei de deixar dinheiro, caso Suzane precisasse de alguma coisa. Fui de moto pra casa do Logan, falei com os moleques que estavam de guarda na frente da casa e entrei logo, no caminho para a área da piscina, encontrei Arthur com a sua nova amiga, namorada ou sei lá o que era dele.

— E aí parça, sobre o dia do baile, queria dizer que... — Ele não me deixou completar.

— Olha Menor, tuas explicações tem que ser pra Kessi e não pra mim, por mim a gente tá de boa... — Ele responde e da a mão para que façamos um toque.

— Tamo junto, mano. E você é a...? — Perguntei olhando para a moça que estava com ele.

— Ah, Diana... prazer, sou amiga da Samantha e agora do Arthur também. — Ela diz pegando em minha mão.

— Diana, sou o Silas... mas pode me chamar de Menor, desculpa por aquele dia e a casa não é minha, mas pode se sentir a vontade. — Rimos e fomos indo falando sobre o dia do baile até chegarmos na área da piscina, onde já estava lotado de gente, bebendo, comendo e tomando banho.

— Fala tu, Menor. — Lúcifer fez toque de mão comigo e em seguida me deu uma long neck de Heineken.

Ficamos conversando sobre armas até que eu vejo a minha morena chegar segurando uma bolsa de neném e ao lado dela estava um dos vapores do Kekel carregando o bebê conforto onde nossa filha estava, logo veio a Laysa com a Carla e o Pietro e já estava todos aqui. Levantei da cadeira com um ciúme descontrolado me possuindo e fui até o vapor que sorria pra minha filha.

— E aí mano, pode me dar minha filha e já pode ir embora. — Falei pegando o bebê conforto das mãos dele.

Kessilly me olhou furiosa, isso ainda ia acabar mal.

— Ele vai embora por que, Menor? E quem você pensa que é pra sair pegando a minha filha desse jeito? Se toca, filho... tu não tá com toda essa moral não. — Ela cruzou os braços e me lançou um olhar de quem queria me matar.

— Ela é minha filha também Kessilly e eu não quero que ele carregue ela e pronto, ela tem pai pra isso.

— Quer dizer que agora ela tem um pai? Entendi... de segunda à sexta ela tem um pai, quando chega sábado, o pai fica on no baile, vai se esfregar com piranha e esquece que tem filha... tá muito fácil agora ser pai. — Ela fala com todo um deboche, quando eu ia abrir a boca pra responder, o Kekel chega até a gente.

— Parou a palhaçada dos dois, porra! Parem de ser crianças, amanhã assim que acordarem eu quero os dois lá em casa pra gente ter uma conversa, mas por enquanto, respeitem o evento da amiga de vocês. — Kekel fala tranquilamente e eu apenas concordo com a cabeça e Kessi mantém a cara fechada, se ela pudesse matar só através de pensamento, eu tenho certeza que já estaria morto.

O irmãozinho que tava carregando o bebê conforto da minha filha fica sem saber o que fazer, Kekel me olha sério como se dissesse "Faz teu papel de homem". Além de meu sogro, Kekel era meu chefe também e eu conhecia ele há anos, era uma referência pra mim, é óbvio que eu já sabia o que tinha que fazer.

— Foi mal ai, irmão. — Estendi a mão pro carinha que pegou na minha mão mais do que depressa — Fica pro churrasco, a família sempre vai receber os irmãos bem.

Foi K.OOnde histórias criam vida. Descubra agora