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Lúcifer Narrando

Tomei um banho maroto, lancei uns panos novos e passei aquele malbec que a Laysa ama, lembrei dela e confesso que tive vontade de que ela estivesse aqui, se arrumando para irmos juntos pro churrasco, falando que eu fico gostoso quando visto camisa de time... saudades da minha loira.

— Bora, amor? — Filomena me tira dos meus devaneios.

— Eu vou a hora que eu quiser, se está com tanta pressa, vai sozinha. — Eu digo estressado.

Na real, não sei nem porque convidei ela para ir comigo, aliás eu sabia, ela era minha prima e tava sem um lugar para ficar, lembro de quando eu era uma criança e não tinha onde ficar aqui no morro.

— Nossa, quanto dinheiro — Os olhos dela brilharam quando me viu segurando vários bolos de notas de 50.

— Cala a boca, pirralha... se tudo isso aqui fosse meu, eu estaria fora desse morro há muito tempo. — Digo de forma seca.

— É do bonitão do pai da tua ex namorada que tu botou um belo par de chifres? — Ela pergunta cínica e eu lanço um olhar raivoso pra ela.

— É sim, sua filhote de piranha. E para de falar que eu meti chifre na Lay, porque eu nunca faria isso. — Vou arrumando as notas em cima do sofá junto com uns cordões de ouro e uma garrafa de ciroc.

— Pra sua informação, trair não é só beijar na boca e foder não... Mas enfim, pra que isso, priminho? — Ela pergunta.

— Tu não queria mostrar pro babaca do teu ex que tu estás por cima? Taí tira uma foto e posta no teu status. — Eu digo e ela me olha frustrada.

Parece que eu não levava muito jeito para fazer essas coisas, então ela arrumou tudo e colocou o celular que havia feito eu comprar ontem, puxou o meu do meu bolso e tirou a foto em seguida mandou pro Whatsapp dela.

— Vamos logo, preciso entregar esse dinheiro pro chefe. — Digo colocando tudo numa bolsa e indo procurar a chave do carro.

Quando entrei na cozinha, além da chave do carro, vi a boneca preferida da Carla, ela não conseguia dormir bem sem aquela boneca, então peguei os dois e dei uma conferida no status, a Filó já tinha postado um status e eu apenas ri.

Filomena:
Só quem nasce playba não tem ambição, na guerra ou na ascensão minha marra é a mesma! 😈🔥 (foto da mídia)

Partimos para a laje do Logan de carro, Filomena por ser de uma comunidade pobre, nem esquentou com nada, já estava acostumada a viver nas ruas e com certeza já tinha subido pro baile funk aqui no morro muitas vezes.

— Vai se acertar com a loira filha do gostoso? — Ela pergunta.

— Sei não, vacilei demais com aquelas mensagens. — Eu digo cabisbaixo.

— Se tu gosta dela, vai atrás, seu imbecil, não faz igual nossos pais fizeram com nossas mães. — Ela diz procurando algo para mastigar, acredito eu.

— Tu tem razão, menor. — Digo entregando um pacote de goma de mascar que eu deixava no banco de trás nas mãos dela.

Na casa do Logan, geral já estava lá, confesso que fiquei surpreso de não ver tanta gente quanto eu esperava, mas os mano da quebrada tava lá fortalecendo, falei com eles e apresentei minha prima pra geral, ela tava logo se enturmando com eles e eu me sai para ir atrás do Logan.

— E aí, boy — Kessilly chegou por trás de mim e eu abracei a mesma, vi que Laysa estava logo atrás e sorri para a mesma que apenas passou direto e subiu as escadas.

— Viu o Logan? — Perguntei à amiga da minha loira.

— Ele tá no escritório com o papai e mais os caras novos, vai lá. — Eu obedeço e vou.

Chegando lá, bati na porta e Kekel abriu, entreguei a bolsa à ele e quando eu ia dar meia volta e sair, ele ri da minha cara e diz que eu sou convidado a entrar, a reunião estava formada lá, e pelo o que eu entendi, amanhã era o dia dos assaltos e o dia de tirar os manos da prisão.

— O Lúcifer vai em todas as missões, ele é o mais confiável de todos os meus homens. — Logan diz e eu recebo mais olhares dos caras novos.

Depois de mais uns minutos de conversa, fomos todos para laje, várias minas dançando pagode, Laysa e Kessi estavam conversando com a Samantha, fiquei bebendo com os caras que dividiam plantão comigo, mas não tirava os olhos da minha loira.

— Quer dizer que essa tua prima tem 16 anos e já tem ex marido traficante? — Titã, um dos novatos no morro faz cara de surpreso.

— A gente tá num morro, seu comédia, acha que isso é estranho de se ver por aqui? — Rone diz.

— Nossos pais eram irmãos e sumiram no mundo, nossas mães morreram, não conhecemos ninguém da nossa família, como o marido dela ameaçou matar ela, ela me procurou, dei abrigo pra menor... Não quero ela na rua. — Disse e Laysa vinha passando e sorriu quando me escutou falando.

Fiquei todo bobão, mas aí os caras começaram a me distrair e nem vi para onde ela foi, quando finalmente consegui uma desculpa para levantar de lá, procurei a Lay em todos os cantos da Laje e não achei, fui atrás dela com a desculpa de que iria devolver a boneca da Carla, abri a porta do quarto da neném e vi ela e o Pietro dormindo juntos, fiz carinho no cabelo dela, ajustei o ar-condicionado, coloquei mais um edredom em cima deles, deixei a boneca do lado da minha filha e apaguei a luz, saindo dali.

Vi por baixo da porta a luz do quarto da Lay apagada e em seguida olhei a escada, eu estava em dúvida se ia lá ou se descia... eu já havia tomado várias doses, graças a Deus por isso, passei direto pro quarto da Lay e entrei lá, suponho que ela estava quase dormindo pois tomou um susto quando me viu.

— Sai daqui, cafajeste. — Ela levanta e em um feixe ou outro de luz da janela, podia ver que ela estava usando apenas uma calcinha, e pro meu azar, uma calcinha de renda.

Foi K.OOnde histórias criam vida. Descubra agora