Lúcifer narrando
Me pergunto durante três noites o porquê de ter feito o que eu fiz, eu tinha uma mulher firmeza, linda e tenho uma filha, uma filha que precisa de mim do lado, eu sempre esperei por uma mulher como a Laysa na minha vida, e eu perdi ela, perdi ela por uma coisa que eu mesmo fiz, eu me olhava no espelho e percebia o monstro que eu era, o monstro que eu tava me tornando, aquele ali não era eu, nunca iria ser.
— Luci, volta pra cama — Uma vagabunda do morro que eu nem se quer lembrava o nome, pede e eu a olho com desprezo.
— Tá aqui o dinheiro do motel, do táxi e da noite... Tô indo embora. — Aviso e ela levanta dá cama vindo até mim.
— Eu achei que iríamos passar a noite juntos, Lu. — Ela diz tentando acariciar meu peitoral.
-—Se liga mina, nem do teu nome eu lembro... — Falo com sinceridade, pego a chave do carro e saio dali.
Dirijo sem rumo, todos os lugares onde eu passava, eu enxergava ela e isso estava me torturando, me deixando louco... Eu acho que eu tinha um rumo sim, e sabia muito bem que sempre iria ter.
— A loira não quer te ver, respeita. — Mamute fala e eu dou um soco na parede.
— Mano, eu preciso falar com ela, ver minha filha... Tu tá ligado que minha filha mora aí, né? — Digo perdendo a paciência, ele só era um soldadinho de merda e só porque tá fazendo vigilância na casa do chefe, tava se achando.
— Sai daqui, viado... Tu tá cheirando a perfume de puta, não vai entrar pra falar com a mina desse jeito. — Ele diz e eu seguro a gola da sua camiseta.
— Ei, ei... cara, para com isso, vem comigo. — Arthur me puxa e me leva para a sua casa.
— Porra Arthur, não me meto nas tuas brigas não. — Digo estressado.
— Caralho neguin, tu tá um porre hein... não vai brigar por causa de ninguém não, Logan já sabe dessa briga? Tu tá esperto que as coisas no morro tão preta, Tio Logan não quer desunião aqui dentro não, ele vai soltar os caralhos contigo e com quem promover desordem. — Arthur me entrega uma lata de cerveja e eu sento no sofá da casa dele.
— Quero ver minha filha e a Laysa não deixou nem que eu me explicasse. — Desabafo, sei que trocar mensagens com mulheres é errado quando você está em um relacionamento, mas nunca cheguei de fato a sair com uma, por mais que eu saiba que receber nudes de mulheres diferentes fosse errado, eu achava que merecia me explicar.
— Dá um tempo pra loira, ela precisa se acalmar... é a primeira briga de vocês, já comigo e com a Paty, brigamos quase sempre, tem mais briga do que transa nessa nossa relação. — Ele ri e eu acho graça também.
No final das contas, ficamos conversando até de madrugada tomando umas, assistindo UFC e falando sobre coisas aleatórias, quando deu umas 02:00 da manhã, eu resolvi ir embora, cheguei em casa, vi uma boneca da Carla em cima de uma mesinha, peguei ela e dormir abraçado, eu amava aquela guria como se fosse minha de verdade, tinha medo de pensar no que poderia acontecer quando ela soubesse da verdade.
***
No dia seguinte, eu acordei com meu celular tocando, era a Regina pedindo pra eu ir buscar a Carla na escola, tomei um banho depressa, porém com bem sabão pra não ir cheirando a bebida, escovei bem os dentes e lancei um conjunto da Nike com um boné da CK, coloquei um trident na boca e partir pra esperar o meu amor sair da escola.
— Oi, tu é o pai da Carla, né? — Uma menina me aborda na frente do portão da escola.
— E tu, quem é mesmo? — Falo olhando ela de cima a baixo, era bem bonita, na verdade.
— Sou ninguém não, moço. — Ela diz e atravessa a rua me encarando.
Fico sem entender nada, logo minha atenção é voltada para a minha menor que me abraçava com um sorrisinho meigo no rosto e uma mochilinha de unicórnio nas costas, carrego ela no colo e vou andando com ela até o carro.
— Deixa eu ir no volante, papai? — Ela pede piscando os olhinhos, meu peito se enche de amor e eu não resisto.
Coloco a menor no colo e ponho suas mãos no volante juntamente com as minhas, era incrível ser pai, era incrível como um ser humano desse tamanho me fazia esquecer de quantos corpos eu já queimei, quantas pessoas eu já matei.
— Quer almoçar o que, princesa? — Pergunto enquanto estaciono o carro na frente de uma lanchonete.
— Quero pizza. — Ela sorri desconcertado. — Mas a Lay não pode saber — Ela sussurra e eu dou um sorriso cúmplice.
Peço pizza, batata frita e milk shake para viagem e enquanto esperávamos sentados, pego meu celular do bolso e vejo o status da Laysa e em seguida do Arthur, os dois estavam na praia e sozinhos... que filho da puta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Foi K.O
Teen Fiction+18 || Laysa sempre soube que seu pai comandava um morro, mas nunca aceitou essa realidade. Morava com sua mãe, em um bairro nobre e sempre teve tudo oque queria, escolas particulares e roupas caras, mas em uma troca de tiros entre policiais e ladrõ...