Luciano narrando:
1 semana depois...
A vida de quem era do crime, não era fácil, poderia até parecer fácil, mas não era... hoje mesmo eu tive que ver uns soldados dando uma surra em um viciado simplesmente pelo fato de que ele não tinha dinheiro para pagar a droga, e o tráfico funcionava dessa forma: a gente vicia alguém e quando esse alguém não tem mais nada para dar, simplesmente temos que espancar a pessoa. Isso era foda.
— Tá fazendo o que papai? — Carla chegou no quarto me tirando do devaneio.
— Tava pensando que eu tenho uma neném muito linda mas ela nem gosta mais de brincar com o papai. — Sorri pegando ela no colo e girando.
Carla me fazia rir e me deixava com medo de todo esse horror em que eu era envolvido, ela iria ter mais um irmão, isso iria me deixar mais paranoico ainda. Depois de fazer mais cócegas na minha filha, ela saiu correndo falando que iria brincar no seu quarto, resolvi que iria dar um rolê de moto e aproveitar pra passar na barbearia do Renatinho. Depois de trocar resenha com os caras, cortar o cabelo e tomar umas cinco garrafas de Heineken, me despedi dos crias e dei um chega na boca, o Logan queria falar uma coisa comigo, e o assunto não podia ser falado pelo celular.
— Fala tu, patrão. — fiz um toque de mão com ele, que tava na sua sala.
— Seguinte, o informante já cantou a pedra dizendo que os verme tão atrás de nós, tão armando pra nós, hein. — Logan ascende um cigarro e senta na sua cadeira, ele tinha um olhar pesado, daqueles que transparece o cansaço.
— Já entendi, tá querendo que eu passe a visão pros menor ficarem espertos? — Perguntei me assentando na cadeira de frente também.
— Na verdade não. Não é novidade pra ninguém aqui que eu confio mais em você do que em qualquer outro que trabalhe pra mim, então eu quero que você comande o morro, caso os caras passem Kekel e eu. — Logan foi bem direto, logo depois de cuspir tudo em cima de mim, me olhou sério e tragou o cigarro.
Eu já tinha feito todo e qualquer tipo de serviço pro Logan e pro Kekel, comecei nessa vida muito cedo, já matei, roubei, vendi droga, clonei cartão, tudo quanto era tipo de serviço sujo, eu já havia feito. Mas apesar de tudo isso, eu sabia que nunca iria estar preparado para comandar as vendas de drogas, armas e qualquer outro tipo de transição de um morro inteiro, além de que isso iria me deixar mais visado ainda, e eu iria ser pai pela segunda vez.
— Não vai me dizer nada? — Logan me encarou de uma maneira fria — Qualquer soldado iria estar em extase com essa noticia, por que eu sinto que tu tá indiferente? — E era verdade, qualquer um que cresceu nessa vida (inclusive eu há uns tempos atrás) iria estar mais do que contente em receber uma noticia dessas.
— Pelo o que eu sei, o comando é passado de pai pra filho. — Respondi firme, sem demonstrar qualquer reação.
— Sim, mas eu não tenho filho homem e o Arthur é a porra de um playboy... se deixarmos ele gerenciando o morro, é capaz dele dar a porra da droga toda pros amigos viciados dele. — Logan solta um risinho divertido e eu não me contenho também.
— Laysa tá esperando um moleque meu. Não sei se quero essa responsabilidade nas minhas costas, se eu morrer, como eles três ficarão? — Falo a realidade finalmente, eu sabia que Logan não era do tipo que não compreenderia.
— Eu sou pai e estou nessa há anos, Kekel é pai e está nessa há anos... todos corremos riscos de vida, mas é quem somos e é o preço que se deve pagar. Eu espero que aceite correr esse risco, pois foi essa vida que te tirou da lama. — Ele levanta da cadeira, coloca a bituca de cigarro no cinzeiro e logo em seguida sai, me deixando sozinho com a porra dos meus pensamentos.
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Foi K.O
Teen Fiction+18 || Laysa sempre soube que seu pai comandava um morro, mas nunca aceitou essa realidade. Morava com sua mãe, em um bairro nobre e sempre teve tudo oque queria, escolas particulares e roupas caras, mas em uma troca de tiros entre policiais e ladrõ...