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Luciano vulgo Lúcifer
Lúcifer narrando (foto na mídia)

Parti com o Arthur pro açougue do seu Abaeté, que era camarada nosso aqui do morro.

— Fala tu. — Falo chegando lá.

— E aí, tio. — Arthur faz toque de mão com ele.

— Separa aquelas peça de picanha, umas calabresa e manda 10 grades de cerveja.

O produto dele era bom e ele fazia um preço de boa, já sabia que era pro patrão e que o Logan já tinha salvado muito a pele dele quando o açougue tava quase indo à falência.

— Churrasco na laje do patrão?  — Ele pergunta

— Boas vindas da Laysa, a filha dele. — Arthur diz e eu já fico quieto no meu canto.

— Então eu mando o Cebola e o Marquinhos subirem mais tarde como nós sempre faz. — Abaeté diz e eu concordo com a cabeça.

— Valeu aí meu mano, tranquilidade. —Digo saindo e Arthur faz um toque com ele e vem comigo.

— Bora fazer uns corre? — Arthur diz e eu concordo sem pensar.

— Tá doido filho? Se tu fazer corre comigo teu pai me acelera. — Digo subindo na moto, depois de prestar atenção no que o playboy tinha dito.

— Qual foi da loira lá? Mó gostosa essa filha do Tio Logan. — Arthur diz rindo.

— Aposta que ela rende pra mim? — Digo enquanto acelero a moto pra subir o morro.

O açougue ficava na parte de baixo e a casa do Kekel ficava em cima, e a boca geral também.

— Aposto que ela rende pra mim, sabe que todas as mina se amarra no pai aqui. — Arthur fala enquanto vou descendo da moto na frente da casa dele.

De longe a gente ver a Kessi e a Loira com um monte de sacola subindo as escadas de uma viela, e estavam rindo.

— Na festa de hoje, se eu pegar primeiro tu me leva em um corre, se tu pegar eu te dou 500 conto.  — Arthur fala rindo e olhando pra loira que assim que ver a gente vira a cara.

— Fechou então, playboy.  — Falo assentindo.

Eu nem tava afim de pegar a mina, mas odiava perder pro Arthur, nem sei porque concordei em fazer isso com ele, ele poderia se resolver depois, já que o pai dele é braço direito do dono do morro, já eu? Eu ia era morrer se o Logan soubesse disso. 

Arthur entrou na casa dele e antes de eu dá partida o Logan passou rádio pra eu ir cobrar um viciado que tava devendo a boca.

Nunca menti, já matei algumas pessoas, não por que eu quis, mas porque se eu quisesse ser considerado e andar no bonde do patrão eu tinha que ter pulso firme.  Na mesma hora desci e fui bater na casa do viciado que tava devendo, uma menina pequena que atendeu, deveria ter uns 5 anos.

— O Carlos tá aí, mocinha? 

Já tava ciente que essa era a filha dele, ela começa a dizer que tava doendo o dente e umas fita lá que criança adora conversar com desconhecido, e quando o Carlos aparece e me ver tira a filha dele de perto.

— Entra Carla, vai pro teu quarto. — Ele diz pra ela.

— Mas papai, eu tava conversando com o tio Lu. — Ela diz toda fofa, no fundo eu tava me sentindo um desgraçado por ser obrigado a deixar a menina órfã.

— Entra filha, papai te ama muito. Vai pra casa da tia Renata. — Ele diz.

— Vai fazer eu ficar te esperando? — Digo de braços cruzados.

— Na frente da minha filha não, Lúcifer. Deixa eu me despedi dela. Ela só tem eu aqui, mãe dela morreu. — Ele diz e eu só fiz que sim com a cabeça.

A mãe da menina era uma prostituta que havia sido assassinada por um dos caras poderosos do morro inimigo.

— Fica dentro do quarto que o tio Lu vai levar o teu pai pra uma viagem. — Levo a menina até o quarto e tranco ela lá.

— Tu vem comigo. — Puxo o Carlos pela camisa e levo ele pro mato que tinha lá perto.

— Tu sabe bem o porquê disso. — Aponto a arma na cabeça dele e atiro.

Carlos cai morto e de olho aberto ainda, a imagem me deixa de estômago revirado e eu saio dali atordoado. Enquanto dirigia em uma velocidade alta, meu coração aperta em saber que a filha dele tinha ficado lá sozinha, me lembro do rostinho dela depois que deixei ela sozinha no quarto, com medo. Quando eu era criança, meu "pai" batia na minha mãe, e ela me trancava no quarto, eu ficava do mesmo jeito, sozinho e com medo.

— Não, não vou deixar a menina sozinha no mundo. — Falo pra mim mesmo.

Dou um giro de 90 graus na moto e vou buscar a pequena Carla, assim que chego lá, ela tá chorando dentro do quarto.

— Cadê meu papai, tio Lu? To com medo... — Ela vem toda inocente pra perto de mim e eu caio no choro na frente dela.

Eu era um lixo.

Foi K.OOnde histórias criam vida. Descubra agora