Kekel narrando
Hoje era o último dia de treinamento dos caras, amanhã iríamos alugar a casa pra ficar de tocaia até de noite quando iria começar o pânico. Mandei mensagem no grupo da família convocando pra um churrasco de noite na minha casa.
— Chefia, o Logan quer bater uma real com o senhor. — Mamute fala assim que eu chego na boca.
Entrei na sala dele, o mesmo estava sentado fumando um baseado, tranquei a porta e sentei de frente pra ele, no seu semblante podia ver o medo e a tristeza.
— Cara, tu tá ligado que isso é arriscado. — Ele quebra o silêncio.
— Eu já participei disso antes, Louis. — Falo firme e ele me oferece o cigarro que estava em sua mão, recuso.
— Porra, eles morreram nisso, Kelliston... Eu sei que é muita viadagem, não me importo. A mãe da Laysa morreu nesse mesmo dia, teu pai morreu, meu pai morreu... tudo por conta dessas merdas, eu não posso mais perder ninguém, não posso. — Ele deixa lágrimas caírem do seu rosto.
Logan sabia que a gente tinha uma equipe melhor do que a equipe dos nossos pais, temos dois especialistas, os melhores do tráfico do Brasil. Ele era meu irmão, poderia não ser de sangue, mas era meu irmão.
— Eu te amo cara, sem viadagem e sem caô, vamo botar pra fuder amanhã e não vai cair nenhum dos nossos. — Levantei e fiz toque de mão com ele, em seguida dei um abraço nele.
— Tamo junto? — Ele pergunta e eu puxo o cigarro da mão dele e lhe dou um tapa de leve na cabeça.
Saí da salinha e chutei com os moleques pro local de treinamento... Rone tinha preparado um rádio pra cada um com rastreador e mochilas anti alarme, Titã tinha dividido as armas entre eles e estava testando a sagacidade de todos os caras.
— Chefe, uma Glock ou uma KWA? — Titã pergunta e eu pego a Glock da mão dele.
— Boa chefia, combina com a tua roupa de caveira. — Ele ri e eu dou de ombros.
Tinha que parecer concentrado na missão e firmeza, por dentro corria um pouco de medo nas veias, Lúcifer não apareceu, provavelmente deveria tá de ressaca depois de uma madrugada de bebedeira, mas ele era tudo certo, o mais confiável de todos.
— Galera, peço que todos fiquem ligados hoje... os fogueteiros estão cercando todo o morro, nada pode dar errado, as vendas estão a todo o vapor e vai ser tudo nosso amanhã. — Falei enquanto os caras estavam todos sentados.
— Fé, chefe. — Rone fala e os caras repetem.
— Churras de noite hein, espero vocês lá. — Faço toque de mão com uns meninos e depois saio fora pra casa.
No caminho eu penso no meu filho e na Samara, eu tava em falta com eles, eu tava no vacilo com a loira. Passei na hamburgueria e fiz uns pedidos, comprei batata com bacon e cheddar, comprei um buquê de girassóis e depois comprei todos os bonecos da Marvel pro menor.
— Acha que eles vão gostar? — Perguntei pra Kessi que tava chorando enquanto via o buquê, esqueci de mencionar que havia comprado um pra ela também, grávida curte essas coisas.
— Ela vai amar paizinho, eu amei o meu também. — Kessi me abraça e o Arthur abre a porta de casa, ele tava com a camisa no ombro e sujo de areia, do lado dele tava a Laysa também suja de areia.
— Opa, tava cheio de fome — Ele ia abrir a sacola de hambúrguer e eu dei um tapa na mão dele.
—É pra Samara, seu ogro... — Kessi diz e ele vira os olhos.
— Nossa, tio Kekel todo romântico, eu nasci pra ver essa cena. — Laysa tira onda e eu faço cara feia pra ela e puxo as pontas loiras do cabelo dela.
— Vou buscar a Samara... Kessi, não esquece de arrumar lá pra mim, princesa. — Beijo a testa dela, beijo a testa da Lay e dou um tapa na nuca do Arthur e em seguida saio.
***
— Eu te amo, amo nosso filho, por favor me desculpa... Eu prometo que vou fazer as coisas certas dessa vez. — Falo enquanto ela estava olhando as coisas ao redor da cama.
Minha filha era foda, tinha feito uma decoração do jeito que as mulher curte, arrumado os bonecos pro Pietro num canto e ele já estava louco tentando abrir as caixas. Samara estava com lágrima nos olhos e eu abracei ela, beijei o seu pescoço e sussurrei um pedido de perdão.
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Foi K.O
Teen Fiction+18 || Laysa sempre soube que seu pai comandava um morro, mas nunca aceitou essa realidade. Morava com sua mãe, em um bairro nobre e sempre teve tudo oque queria, escolas particulares e roupas caras, mas em uma troca de tiros entre policiais e ladrõ...