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Sentia meus olhos inchados, pesados de tanto chorar.

Vim o tempo todo calada no carro com a cabeça encostada na janela, Eduardo por sua vez, alternava sua mão fazendo carinho na minha coxa e trocando a marcha.

Edu: Amor... -ele chama minha atenção ao ver que já estou chorando novamente-

Nara: Tá doendo tanto, Edu! -eu chorei mais- Me doeu tanto ter que deixá-lo lá. -vi ele parando o carro num acostamento e em seguida me abraçar, me permite chorar ainda mais no seu peito e vi ele respirar fundo-

Edu: Eu sei que tá doendo, me dói muito também! -ele disse alisando meus cabelos- Tu sabe o quanto eu tava louco pra ter nosso filho, infelizmente teve esse contratempo aí, mas logo menos ele tá com a gente, não fica assim, por favor. Bernardo precisa de tu fortona pra quando ele chegar em casa. -ele tentava me confortar, mas eu sentia que ele também precisava de conforto, talvez ele esteja sofrendo o mesmo que eu, e esteja tentando ser forte o tempo todo, não demonstrar mesmo.-

Nara: Se eu pudesse voltar no tempo eu juro que não rejeitaria ele, eu só queria o meu filho comigo. -eu disse ainda chorando- A culpa é minha, eu rejeitei tanto meu bebê, Edu!

Edu: Nara! -ele segurou meu rosto- Nunca mais fala, isso, tá me entendendo? A culpa não é tua, aconteceu, já foi! Deus sabe de todas coisas, ele nasceu agora porque tinha que nascer. Para de falar essas paradas. -ele me abraçou novamente e foi me acalmando.

Depois de um tempinho, ele comprou uma água no sinal e a gente foi pra minha casa.

Eu só queria chegar em casa, tranquila, ter paz, tomar um banho e deitar, e me surpreendi em ver a sala do meus avós cheias, uma surpresa nada agradável, minha cabeça tava explodindo, eu olhei pro Edu, que com certeza havia entendido tudo, respirei fundo e fui entrando.

Estavam meus avós, Mirele, minha sogra, e meus pais, isso mesmo, meu pai e minha mãe, um show de horrores? Talvez!

Minha vó veio ao meu encontro e me abraçou, queria que só tivesse ela aqui, me vejo uma vontade tão forte de chorar, mas me controlar.

Ana: Calma, minha filha! Vai ficar tudo bem, você vai ver. Confia em Deus! -ela disse no meu ouvido e eu assenti.

Fiquei menos de dez minutos na sala, logo disse que iria pro quarto, ninguém falou nada, notei que o Eduardo ficou sem graça, mas ignorei.

Sei que eles querem meu bem, entendo a preocupação, mas minha sogra e minha mãe nunca nem me ligaram pra saber que eu estava bem, como meu filho estava, e agora estão aqui? Ah, me economiza! Questão de senso também, né?! Sinceramente, não tenho paciência. Entrei no quarto e em seguida o Edu entrou também, me olhou como se quisesse falar algo, mas ficou calado.

Tomei um banho rápido, vesti uma camisola solta e me ajeitei na cama ao lado do Edu, ainda estava inchada, com algumas dificuldades, mas não sentia dores, graças a Deus.

Ouvi duas batidas na porta e em seguida ela ser aberta, até me assustei quando vi que era dona Paula, a senhora minha mãe.

Paula: Filha, posso conversar com você? -eu fiquei encarando, sinceramente, não queria não, preciso parar de ser tão ruim assim, meu coração guarda muito rancor. Ela não esperou eu responder e foi entrando no quarto, em seguida olhou pro Edu que já ia se levantado e eu segurei seu braço-

Nara: Fica, Eduardo! -ele me olhou sem graça e se sentou novamente na cama- Pode falar.

Paula: Nara, eu queria te pedi desculpas por tudo que aconteceu entre a gente, filha. -ela disse me olhando nos olhos, não consegui esboçar reação nenhuma, e senti o Eduardo me olhando de canto- Eu fui muito dura com você, me arrependo disso todos os dias, se eu pudesse voltar no tempo eu jamais fazia aquilo, minha filha! Me perdoa, por favor. -ela disse limpando uma lágrima que escorreu-

Nara: E precisou esperar esse tempo todo, mãe? -eu disse me segurando pra não chorar também, continuou sensível e agora ainda mais vulnerável- A senhora foi tão dura comigo, eu passei por uma gravidez tão conturbada, queria tanto a senhora ao meu lado, pra me confortar, sei lá, dizer que ia ficar tudo bem, que tais coisas eram normais numa gravidez, eu sofri muito, mãe! -eu disse e ela se aproximou sentado ao lado, na ponta da cama-

Paula: Filha, eu queria vim, eu queria falar com você, mas não conseguia. -ela limpou as lágrimas- Seu pai via, eu chorei muitas noites, Nara. Eu pedia perdão pra Deus todos os dias. -ela pegou na minha mão- Quando eu soube que você deu entrada no hospital eu senti tanto medo, tive medo de te perder, você é a minha filhinha. -ela chorou mais- minha bonequinha, eu não aguentaria viver sem você, eu te amo tanto minha filha, e aí eu vi que precisava falar com você, eu preciso do seu perdão, me perdoa minha filha, por favor.

Nara: A senhora tem noção que seu orgulho impediu da gente ter qualquer relação? Eu sempre fiz de tudo mãe, de tudo pra dar orgulho a senhora, e sem mais nem menos a senhora fez aquilo comigo, eu nunca vou esquecer daquilo. -eu respirei fundo sentindo uma lágrima escorrer- A senhora não tem noção do quanto me doeu e me dói.

Paula: Filha! Eu imagino que te fiz sofrer, eu não sei onde eu tava com cabeça, Nara. Eu tentei, meu orgulho me impediu e eu me arrependo tanto, minha princesa, eu só queria poder voltar no tempo. -ela chorou mais, eu poderia não perdoa-la, o que minha mãe fez não se faz, principalmente com uma filha. Mas, se tem uma coisa que eu tenho certeza que meu filho fez, foi me moldar, de certa forma amadurecer.

Eu conheço a minha mãe, ela é igualzinha a mim, orgulhosa a beça, ela não taria aqui me pedindo perdão se realmente não tivesse arrependida-

Nara: Mãe, para de chorar. -eu respirei fundo- Eu nunca vou esquecer o que a senhora me fez, não sei se nossa relação vai ser uma das melhores, mas eu não quero carregar o peso de não aceitar seu perdão. -eu disse-

Paula: Oh minha filha! Você é tão boa. -ela fungou- não sei como eu pude ser tão mau com você. -ela alisou minha mão-

Nara: Já passou! -eu disse querendo da um naquela conversa, por mais que já tenha passado e a gente tenha "resolvido" ainda me faz mal, e me machuca muito-

Paula: Vou deixar você descansar. -ela disse dando um beijo na minha testa e eu assenti.

Foi questão de segundos, ela saiu e eu caí em lágrimas no peito do Eduardo que só me pedia calma.

Isso me dói, é uma cicatriz, sabe? Independente de qualquer coisa, eu jamais faria algo parecido com o Bernardo, nunca deixarei meu filho passar por tal situação, eu vou defender o meu bebê de tudo e toda maldade desse mundo.

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o capítulo anterior não bateu a meta de comentários, então sem maratona!
Mas, como eu não gosto de segurar capítulo, mais um aí pra vocês, esse eu chorei. hahaha

NARA. (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora