EMILY
— Fica calminha. Shhh, calma. — disse a garota ainda com a mão tapando a minha boca. Eu estava em choque não conseguia nem mesmo tentar reagir.
— Eu não tô aqui pra te fazer mal então eu vou tirar a minha mão da tua boca e tu não vai gritar. Falow? — finalmente a empurrei e minha boca ficou livre, pude então gritar.
— AAH... Socorrooo! Me ajud...— ela tapou a minha boca novamente e encostou seu corpo com a roupa já toda encharcada no meu que estava nu.
— Cala a boca garota, cê sempre me coloca numa fria! — eu não havia percebido que era a garota nova, não até olhá-la bem. — Não suporto gente caguêta. — nós duas estávamos completamente molhadas de baixo do chuveiro.
— Emy, algum problema aí? — ouvi a voz da Dandinha.
— Eu vou destapar a sua boca de novo e tu vai dizer que tá tudo bem. — ela me encarou séria.
— Se fizer alguma coisa eu... — ela se calou por alguns segundos, talvez cogitando dizer alguma coisa até que ergueu uma sobrancelha como se tivesse pensando em algo — Se abrir o bico eu digo que somos namoradas e que a gente tava transando e que por isso tu gritou. — eu a olhei enojada depois de escutar tamanho absurdo. — Duvida? — perguntou ela sem tirar a mão da minha boca e de repente começou a tirar o tênis, a calça e a calcinha. Abaixou o ziper da blusa de frio e não teve dificuldade alguma em tirá-la mesmo com uma das mãos tapando a minha boca. A água vinda do chuveiro ainda percorria nossos corpos e ela ficou apenas de top.
— Emy! — ouvi abrirem a porta do banheiro.
— Se ainda duvida... — ela sussurrou e em seguida destapou a minha boca mas a calou novamente com um beijo. Tentei empurrá-la mas ela me prensava contra a parede. Fiquei muito nervosa, mas ela parecia estar se divertindo com a minha cara.
— Emy, está tudo bem? — a voz se aproximou do box, e enfim encontrei forças para empurrar a garota e jogar sua roupa pro outro lado do box.
— Tá! Tá tudo bem Dandinha, o que aconteceu? — abri apenas um pouco a porta do box que felizmente (ou não) é preto e fosco.
— Ouvi um grito querida. — disse Dandinha um pouco desconfiada
— Ah fui eu. É que eu achei ter visto uma barata. — menti.
— Barata? Que estranho, nesta casa não tem barata. Espere, eu vou entrar pra ver...— Dandinha se aproximou do box
— NÃO! — gritei e ela se assustou.
— Quero dizer, não precisa. Foi engano meu, na verdade era um tufo de cabelo. — sorri nervosa.
— Tem certeza de que está tudo bem? — perguntou ela agora preocupada
— Tenho sim Dandinha, mas para de se preocupar atoa ok, vai descansar porque a senhora só trabalha e depois fica com dor nas costas. — minha preocupação com ela era verdadeira.
— Vocês jovens. — ela me olhou com doçura e sorriu. — Certo. Boa noite querida.
— Boa noite Dandinha. — desejei e ela saiu do banheiro fechando a porta, fiquei imóvel até escutar o barulho da porta do quarto também ser fechada. Minha respiração ofegava tanto que achei que teria uma crise de asma, mesmo não tendo asma. Olhei pra garota maluca que sorria enquanto percorria seus olhos pelo meu corpo o que me fez perceber que eu estava nua. Saí do box, peguei a minha toalha e me cobri.
— Ai meu Deus! Ai meu Deus! Você é louca! O que você está pensando pra invadir a minha casa assim? — ela então se direcionou até o chuveiro, tirou o top e começou a se ensaboar com o meu sabonete.
— Só pra constar gata eu nem sabia que tu morava aqui. — disse ela enquanto se ensaboava e piscava pra mim.
— Ah não? E você pode me explicar como é que você veio parar aqui? — eu ainda estava assusta. E como não poderia estar?
— Coincidência, sakas? — ela mexia em seu cabelo dentro do chuveiro. — Tive uns problemas e aí encontrei a tua humilde residência. — ela me olhou. Juro que eu a olhava esbabacada.
— Probleminhas? Você estava é fugindo da polícia sua maloqueira nojenta. Sai da minha casa agora! — eu estava a ponto de ter um colapso.
— Hum, não vai dar não gata. O lance é que eu preciso de um lugar pra dormir. — ela me mandou um beijo.
— Mas nem pensar! Nunca, nem em sonho que vou deixar uma maloqueira maluca dormir aqui na minha casa, no meu quarto. — eu estava falando alto demais então resolvi me acalmar e abaixar o tom de voz.
— Qual é, não seja mal educada com a pessoa que acaba de te dar o melhor beijo da sua vida. — ela continuou se lavando e eu tentei desviar o olhar para outras coisas.
— Sua nojenta! Sua... Eu gosto de garotos pra sua informação. — falei e ouvi seu riso.
— Tem certeza? — ela desligou o chuveiro, saiu do box e puxou a toalha que estava enrolada em meu corpo. — Acho que tu não vai mais usar né? — ela enrolou a toalha em seu corpo e foi se secando enquanto andava até o meu quarto me deixando de boca aberta.
Então tratei de ir até o quarto e imediatamente peguei outra toalha que havia dentro do armário me cobri e lancei um olhar furioso para a garota abusada que estava secando seu cabelo com a minha toalha.
— Sai daqui garota! Sai ou eu grito e você vai sair daqui direto pra cadeia! — a ameacei
— Pode gritar. — continuou secando o cabelo. — Eu te jogo nessa sua cama quente e macia e só o que vão ver é duas minas transando pra caralho gemendo alto pra porra. — ela sorriu sarcástica. — Ah, e pode me chamar de Bô. — ela jogou a toalha no chão, se deitou na minha cama e se cobriu com o meu edredom.
— O que está fazendo? — perguntei incrédula
— Dormindo ué. E a propósito, apaga a luz quando vier pra cama amor. — ela virou-se de bruços e deixou uma parte de suas costas descoberta.
— Se não tem como me livrar de você ao menos vista-se pra dormir. — falei e ela nem se virou pra me olhar.
— Não. Valew, eu adoro dormir pelada. Tu devia tentar! — sua voz foi ficando fraca.
— Você não pode dormir nua na minha cama!
— Já tô dormindo. — seus olhos foram se fechando lentamente.
— Ei! Ei! Acorda! Você não pode dormir aqui garota. — falei, mas ela adormeceu rápido.
Eu respirei fundo e fui pisando fundo até o banheiro, tomei um banho de verdade já que nem cheguei a tomá-lo, me sequei e coloquei meu pijama. Coloquei o celular pra despertar duas horas antes no dia seguinte pra que assim a maloqueira pudesse ir embora e parar de me causar problemas. Mais tarde coloquei suas roupas molhadas na secadora e as deixei pra pegar depois.
O que estou fazendo? Eu deveria ter chamado a polícia pra essa garota nojenta e idiota mas algo dentro de mim, "talvez o meu bom coração" ou o medo não me permitiu. Não quis dormir na mesma cama que ela. Não, de jeito nenhum!
Então coloquei um cobertor e um travesseiro no chão e peguei outro cobertor para me cobrir.
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Maloqueira
RomanceDizem que existe uma pessoa para cada pessoa. Alguém que vai chegar pra trazer o caos, te encher de dúvidas, te sacanear de vez em quando, te enlouquecer, acabar com o seu dia e te fazer chorar. As vezes essa mesma pessoa também vai te trazer paz e...