Capítulo 8

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EMILY

Sem noção. É isso o que essa garota é, uma sem noção. Agora ela é o assunto do colégio e não se fala em outra coisa a não ser da novata idiota. Uns falam bem, outros falam mal e eu só posso garantir que ela é louca e insuportável.

— Será que a diretora Duarte sabe que tem uma lésbica no colégio? — Silvia perguntou olhando para a garota na arquibancada ao lado da Giulia.

— Não sei. — disse Lara.

— E a Giulia, por que está conversando com a novata lésbica? — Silvia com sua língua venenosa não parava de olhar pras duas sentadas na arquibancada.

— Todos nós temos o direito de conversarmos com quem quisermos Silvia. — falei e ela me fuzilou com os olhos.

— Fala isso porque ela é sua amiguinha.

— Falo isso porquê você é a maior fofoqueira do colégio e se tem alguém que odeia ver as pessoas em paz é você e sua língua venenosa. — devolvi

— Como ousa falar assim comigo? — perguntou ela olhando envolta do nosso circulo de meninas e reparando que algumas delas estavam rindo. Silvia bufou e se levantou, saiu pisando fundo.

— Só você consegue tirá-la do sério. — disse Octavia rindo.

— Nem ela se leva a sério. — falei e as meninas ao meu redor riram.

Meu olhar se voltou pra garota nova que conversava com Giulia como se a conhecesse a tempos. De repente me veio aquela imagem ridícula na cabeça de quando aquela coisa parecida com uma garota me beijou de manhã antes de pular a minha janela.
Ok, não foi um beijo foi só um selinho mas ainda assim foi uma afronta. Os meninos jogavam futebol como sempre e as meninas ficavam sentadas na arquibancada ou no canto da quadra fechada o que era injusto já que algumas meninas da sala sabem jogar futebol. Ok, só duas mas ainda assim é injusto.

— Fourman! — o professor chamou. A novata olhou para o professor bufando como se ele houvesse interrompido alguma coisa.
Ridícula!

— Seu uniforme! — o professor lhe mostrou o saco transparente contendo o uniforme de educação física. A maloqueira revirou os olhos e se levantou para pegar o uniforme, foi até o meio da quadra onde o professor estava e pegou o saco. — Só uma perguntinha de rotina.

— Ótimo, manda. — disse ela sem paciência.

— Qual esporte você pratica? — perguntou o professor

— E isso importa? — perguntou a maloqueira

— Eu estou perguntando não estou? — a grosseria do professor era evidente mas a maloqueira nem ligou.

— É, mas olha a sua volta. Só tem moleque jogando e as meninas tão sem fazer nada. — ela cruzou os braços.

— Já até sakei a parada. É o lance da desigualdade né?

— Volte para o seu lugar e cale-se, consegue fazer isso? — o professor Toledo estava ficando um pouco alterado.

— Tô afim de jogar. — a novata indicou com a cabeça para os garotos que estavam parados olhando incrédulos pra ela.

— Vá para o seu lugar. — o professor ficou vermelho

— Não diz que os babacão aí estão com medo de uma mina? — a novata fez uma pausa. — Um gol. — insistiu convencida.

— Aê professor deixa a gata jogar, só não nos responsabilizamos por qualquer dano no corpinho dela. — disse Tom debochando.

— Tem certeza? — perguntou o professor a novata.

— É, acho que tenho sim. — disse a novata sorrindo.

— Vai ter que vestir o uniforme e você só tem... — o professor olhou para o relógio de pulso. — Um minuto.

— Ah, de boa. — a maloqueira abriu o saco com o uniforme, jogou o mesmo no chão e tirou sua regata ficando de top na frente de todos.

— Mas o que... — o professor mal conseguiu se expressar incrédulo.

Todos os meninos começaram a assoviar e as meninas começaram um burburinho. Bô colocou a camiseta do uniforme que ficou larga e grande nela, tirou sua calça moleton e todos começaram um burburinho mais alto ainda, sua cueca feminina realçava sua bunda e eu não parava de olhá-la, sem acreditar na cena que ela estava fazendo. Ela pôs o short do uniforme e de pressa colocou o tênis, amarrou seus cabelos em um rabo de cavalo bagunçado que nela ficava perfeito.
Sério Emily? Nela fica perfeito? Qual é, o que eu estou pensando? De perfeita essa maloqueira não tem nada.

— Ei Bô! Me deixa segurar as suas roupas. — Giulia se aproximou e pegou as roupas da maloqueira do chão.

— Valew gata. — a maloqueira sorriu pra Giulia maliciosamente.

Deus, que ridícula!

— Dedica esse gol pra mim? — Giulia se aproximou da novata e lhe deu um beijo no rosto.

— Com certeza gatinha. — disse a maloqueira piscando. O professor Toledo apitou e todos pararam de falar.

— Santos, pro banco!

— Mas... professor!— questionou Julio

— Cai fora, agora! — o professor falou arrogante como sempre.

— Entra Fourman, só não me causa problemas.

— Firmeza. — a novata se posicionou no time adversário ao de Tom e Dario que estavam no mesmo time.

O professor Toledo apitou novamente o seu apito para que o jogo começasse, todos estavam prestando atenção no jogo, a maloqueira começou chutando a bola para o garoto de seu time e todos começaram a correr ou se movimentarem rápido, segui com o olhar os movimentos da maloqueira que parecia estar se divertindo porém concentrada, foi então que a bola chegou novamente a seu poder e a novata foi guiando a bola por entre os vários garotos que se aproximavam dela.
A maloqueira driblou, dois, três e por fim quatro e cinco adversários, jogou a bola para um dos garotos de seu time que jogou para outro cara e numa questão de segundos a novata estava novamente com a bola em seu poder perto do gol. E não deu outra, ela jogou a bola pra cima e fez o que os garotos chamam de bicicleta de lado e a bola entrou com êxito no gol. Não entendi bem o porquê mas todo mundo começou a gritar e eu estava com um sorriso idiota no rosto como se eu ligasse pra essa coisa toda. O time da maloqueira a colocou no alto e começou a carregá-la por toda a quadra, ela levantou seus braços se vangloriando.

Garota babaca!

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora