Maloqueira

Capítulo 17

                         EMILY

Uma semana.

Eles não esperaram nem mesmo um mês para começarem a mudança o que na verdade seria mais "adequado" depois do casamento, mas minha casa estava cheia de caixas e de coisas que não eram minhas, ou do meu irmão, ou do meu pai ou... ou da minha mãe. Papai diz que é só para evitar problemas depois mas que Lúcia só irá morar conosco depois que eles voltarem de viagem, ou seja, depois da droga do casamento que acontecerá em três semanas em um cartório porque segundo eles, não há necessidade de esperar mais.
Talvez não fosse a pior coisa que andava acontecendo comigo nos últimos dias. Como se fosse pouco ainda tinha que aturar aquela garota, a tal Boára. Tinha que me comportar como babá porque o meu pai conhece a família dela, e a garota é uma maloqueira idiota que me tira do sério sem exageros. Pra piorar ainda me vem o Dario todos os dias com aquele papo furado de que gosta de mim desde a 5ª série e que espera o dia em que eu darei uma chance.
Os garotos do colégio são tão previsíveis. Acham mesmo que com esse tipo de conversa conseguem levar qualquer garota pra cama.

[...]
— Nossa como cê tá gostosa hoje. Sério. — disse Bô enquanto chegava perto o suficiente pra me cheirar.

Pois é, estamos indo todos os dias para o colégio juntas e a pé. Eu não posso me esquecer de agradecer ao meu pai por ter praticamente ordenado que eu fizesse a loucura de me aproximar dessa garota.

— Vamos logo antes que a gente se atrase. — falei emburrada

— Uau, como cê pode ser tão gostosa e ao mesmo tempo tão chata? — perguntou enquanto fumava seu cigarro.

— Vamos logo garota. — pedi e continuei andando.

— O que é que cê acha de ir estudar na minha casa? Ou melhor, no meu quarto e pra ser mais direta, na minha cama. — disse ela atrás de mim debochando da minha cara.

— Garota, você não se manca né? — parei e me virei pra mesma que ria de mim. — Para de ser insuportável.

— Tu só diz isso porque tá louquinha pra me beijar. — ela se aproximou de mim lentamente e eu dei um passo para trás.

— Calma ursinha, eu não vou te engolir, até porque cê tá me saindo uma chata. Só acho que tu devia se divertir mais.

— Vai se ferrar! — falei e me prontifiquei a sair mas senti sua mão sobre o meu braço.

— Mais cedo ou mais tarde? — perguntou ela no meu ouvido.

— O que? Como assim? — perguntei sem entender.

— Te como mais cedo ou mais tarde? — sua voz lenta provocou uma reação nada bem vinda no meu corpo. — Eu ainda vou te pegar e tu vai ficar gamadinha. — ela sorriu, soltou o meu braço e se prontificou a sair, mas antes bateu com um pouco de força na minha bunda.

— Aah... vai ser gostosa lá na casa do caralho. — falou e saiu andando, quando estava bem a frente de mim ela parou e se virou. — E aê! Cê não vem? Quer chegar atrasada? — seu sorriso malicioso me deixou perplexa.

Quem ela acha que é?