Capítulo 11

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EMILY

O que deu em mim? Eu fiquei igual uma idiota na frente daquela garota, quando foi que eu virei gaga ou tímida?
Acabei ficando com o uniforme dela e pedi pra que a Dandinha colocasse pra lavar e é claro que eu não devia ter feito isso mas, mais uma vez o meu bom coração ou o que seja, resolveu vir à tona.

Tudo o que eu quero é ir embora, acabar com a loucura que é o ensino médio, ir pra uma universidade em Nova York, nunca mais voltar e criar objetivos lá. Objetivos de verdade, pra vida.
Tudo vai mudar quando eu for para a faculdade. As coisas vão melhorar.

— Emy, querida! Seu pai está chamando você e seu irmão lá embaixo. — a voz de Danda vinha de fora do quarto.

Respirei fundo e me levantei, saí do quarto e desci as escadas para ver o que papai queria. Meu irmão desceu logo atrás com uma cara nada agradável. Quando chegamos ao hall de entrada papai estava nos esperando todo sorridente ao lado de uma mulher madura, morena de olhos claros e muito bonita.

— Nos chamou papai? — lancei um meio sorriso em direção a estranha que me olhou de cima abaixo incrédula.

— Sim. Essa é Lúcia.

— Olá. — disse a estranha com um sorriso acolhedor mas não de um jeito bom.

— Deem as boas vindas. Lúcia e eu vamos nos casar e claro, ela vem morar aqui. — ele respirou profundamente antes de começar a falar de novo. — A cerimônia acontecerá em um mês. — terminou.

Eu o encarei de boca aberta esperando as risadas e a camera escondida aparecer ou apenas um suspiro indicando que aquilo era uma grande e ridícula mentira do meu pai. Nada disso aconteceu então eu fui caindo na real lentamente. Não conseguia me mover quanto mais dizer alguma coisa.

— Ca-casar? — gaguejei.

— Eu daria risada se não soubesse que você é esperto o bastante pra fazer uma merda dessa. — Edu falou sarcástico e com a voz alterada. — De onde conhece a puta? Aposto que comeu ela na traseira de um carro e já se acha bom o bastante pra casar. — continuou.

— Moleque irritante, eu devia te dar uma lição mas agora não. Vá para o seu quarto agora! — disse papai em seu mais severo tom.

— Eu sou maior de idade, você não manda em mim. — disse Edu possesso e elevou ainda mais o tom de voz.

— Você não paga as suas contas, enquanto eu estiver te sustentando e sustentando os seus caprichos de moleque, você vai me obedecer sim. Pro seu quarto agora! — papai apontou com o dedo indicador para cima.

— Depois vamos ter uma conversa. — meu irmão bufou de raiva e foi para o quarto.
Papai respirou fundo e se virou para a tal de Lúcia.

— Me desculpe por isso, infelizmente Eduardo é o mais impossível da casa. — papai pousou suas mãos nos ombros da mulher que ainda olhava para a escada como se estivesse pensando em algo mas também prestava atenção no que acontecia ali.

— Não se preocupe, talvez eu já imaginasse que seria assim. É difícil pra ele. — seus olhos pareciam tristes, mas então ela se virou pra mim com um sorriso falso no rosto, se aproximou e pegou minhas mãos.

— E essa mocinha linda, Emy não é? Desde que seu pai me falou seu nome Emily, eu fiquei encantada. Emy é um apelido tão doce.

— Não vai agradecer o elogio filha? — perguntou papai.

Eu juro que tentei dizer algo mas não consegui, fiquei parada olhando para aquela mulher cujo vai se tornar esposa do meu pai e minha madrasta. Eu deveria tentar não me importar já que quero ficar longe do meu pai por um bom tempo senão pro resto da vida mas a notícia me incomodou, me incomodou de forma arrasadora. Decidi sair o mais de pressa possível deixando os dois para trás. Saí de casa sem saber no que pensar primeiro.
Andei pelo quarteirão sem rumo me perguntando como chegamos a isso. Meu pai toma decisões sérias como essa sem nem ao menos nos consultar, meu irmão é um revoltado da vida e só vive fazendo besteira e eu... Eu sou uma garota idiota que só quer ir pra longe.
Egoísta da minha parte? Acho que sim.

— Porra mew cê não olha por onde anda não? — bati sem perceber em algo ou em alguém e acabei caindo no chão o que pelo visto aconteceu com a outra coisa que na verdade era alguém.

— Me desculpe, perdão! — falei me levantando e quando olhei para a pessoa que também se levantou tive uma péssima surpresa.
Ah não!

— Ursinha. — sorriu a maloqueira assim que me reconheceu.

— Ah céus, não! — reclamei comigo mesma. — Desculpa ter te derrubado ok, tchau! — me dispus a ir embora mas senti sua mão em meu braço de leve mas que me impedia de ir.

— Espera. — eu me virei novamente pra ela e a olhei. — Tá toda triste. — ela me olhou com atenção.

— Você nem me conhece garota. — disparei

— Não mesmo, mas tu faz o tipo nervosinha e não triste. — ela se aproximou de mim e eu tirei meu braço de sua mão mas ela voltou a segurá-lo.

— Quer que eu acabe com essa tristeza?. — seu sorriso dizia que estava zombando de mim.

Garota idiota!

— Você é nojenta garota. Me solta! — tentei me soltar mas ela se apossou do meu braço com força.

— Diz aí, que é que cê queria comigo? — seu rosto estava tão próximo que senti o meu corar.

— Como assim? — perguntei sem entender.

— Ué, tu veio falar comigo e depois sumiu. Nem pude dizer que cê fica gata de vestidinho florido. — por um instante nossos lábios se tocaram sem nos beijarmos.

— Parece um anjo. — sua voz rouca me atingiu como uma borboleta no estômago me fazendo arrepiar.

— Bô! — ouvi uma voz masculina e virei o rosto pra ver quem era. Um cara estava chamando a maloqueira de dentro de um carro. — Vai logo caralho! — disse o homem já com o carro encostado na esquina.

— Gosto do teu cheiro. — disse ela no meu ouvido, me fazendo ter aquela sensação de novo. — Gosto mesmo. — ela então me olhou por um instante e me deu um selinho, sorriu, se afastou e entrou no carro.

— Sua...— apontei o dedo indicador pra ela enquanto ela me observava com um sorriso já dentro do carro. — Sua... — tentei falar mais uma vez mas foi em vão.

Tentei argumentar mas não saiu nenhuma palavra sequer da minha boca enquanto a maloqueira me manda um beijo no ar. O carro foi embora me deixando ainda com o dedo apontado para o nada e logo já não pude mais ver o carro. Continuei na calçada sem saber o que fazer ou o que dizer.
Ela disse que gosta do meu cheiro. — me peguei sorrindo. De irritação é claro.
Ai que raiva. Que raiva! Que garota idiota!

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora