Capítulo 37

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                       EMILY


— Eu quero mais é que você e essa mulher vão se...

— Eduardo! — ouvi papai gritar ainda mais alto, como sempre fazia no impulso para tentar deter o meu irmão, ou a língua dele. O estrondo da porta batendo se tornou música para os meus ouvidos já que o pior eram as gritarias.

Será que um dia esses dois vão concordar em algo? Sinto falta daquilo que praticamente nunca tive. Uma mãe. O que será que ela diria se visse meu irmão e o papai brigando dessa maneira? Talvez ela brigaria com os dois e os poria em seu lugar pra no fim das contas, depois de uma bronca, dizer que ama nossa família e sei lá, cozinharia algo gostoso para o jantar. Papai uma vez disse que a mamãe cozinhava bem, aliás foi uma das poucas coisas que ele disse sobre ela.

— Onde é que você vai? — a voz do meu pai ressoou pela casa.

— Quando você for um pai de verdade a gente conversa, firmeza? — Edu, pegou pesado como sempre.

A data do casamento foi adiada para daqui a um mês, porque a minha futura madrasta quer que tudo ocorra com perfeição apesar de ser uma cerimonia pequena com poucas pessoas. Eu não queria ser uma filha ingrata e talvez seja por isso que penso muito bem antes de agir como o Edu, mas eu não confio naquela mulher. Ela me olha de um jeito...
Ao menos as férias estão chegando, e apesar de não ter decidido se vou ou não para a excursão do colégio pretendo fazer qualquer coisa que me leve para longe de casa e tem mais, eu amo as férias do meio do ano porque são férias de verdade, não tem aquela tensão que existe no natal e ano novo.

— Você não vai a lugar algum, entendeu? — suspirei cansada, enquanto escutava uma discussão, muito provavelmente, longa.
Olhei para o relógio e já eram oito e vinte, tamborilei os dedos em minha barriga e encarei o teto que em tempos difíceis como batalhas e guerras, era o meu lugar favorito.

"Pensando em mim?" — o bilhete me veio a cabeça.

Que garota atrevida! — sorri cética. — Será que ela não se toca? O que ela tá pensando? Eu ainda estou me recuperando da droga que foi o último final de semana, o que ela quer? Quer estragar esse também?
É claro que eu não vou a lugar nenhum com aquela maloqueira idiota! Ela é insuportável! Eu não suporto olhar pra cara dela, não suporto ficar perto daquela idiota!

— Volta aqui seu moleque! — o barulho da porta dessa vez me assustou.

Eu não aguento mais.

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora