Capítulo 54

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                       EMILY

Certo, eu não posso ficar irritada a viagem toda. Quero aproveitar esse tempo com o Gu e ficar pilhada por culpa daquela louca não vai me dar a paz que eu tanto queria, longe de casa.

Aquela idiota foi feita sob medida para os meus nervos, só pode ser. Se ela é uma brincadeira do universo espero que a vida saiba que é uma brincadeira de muito mal gosto.

— Ei que carinha é essa, sardentinha? — Guto beijou o canto da minha boca.

— Que carinha? Não tem carinha nenhuma ué. — não consegui disfarçar.

— Eu te conheço, tá irritada com alguma coisa. — senti sua mão subir pela minha coxa.

— É que aquela garota me estressa. — olhei de canto para a maloqueira sentada ao lado da Giu.

— Se foi pelo o que ela disse, eu nem liguei. — ele mordiscou minha orelha. — Na verdade eu achei a garota engraçada. — beijou o meu rosto.

— Engraçada? — afastei meu rosto. — Gustavo, essa menina não tem nada de engraçada.

— Calma sardentinha, não tá mais aqui quem falou. — voltou a beijar o meu rosto em seguida o meu pescoço.

— Guto, aqui não. — afastei sua mão da minha coxa.

— É só carinho. — mordiscou minha orelha e voltou a passar a mão na minha coxa. Em outro momento suas carícias me fariam gemer baixinho, mas a irritação de antes ía aumentando conforme as mãos daquela idiota acariciavam as coxas da Giu.

— Gustavo. — coloquei as mãos em seu peito e o afastei. — Eu disse que agora não. — ele então se aconchegou no banco, um pouco protestante, e fechou os olhos afim de dormir.

Encostei a cabeça na janela e fechei os olhos também afim de não ver mais aquilo que tanto me irritava. Sim, o fato daquela maloqueira estar flertando com a Giulia me incomodava cada vez mais. Não por mim, mas pela Giulia que parecia animada demais perto daquela insuportável, e apesar de não sermos mais tão amigas como antes eu me preocupo com ela.



[...]

O ônibus já havia parado e percebi que Gustavo já não estava ao meu lado, olhei mais a frente e o vi conversando com Marcela sua prima, que por coincidência está na minha turma.
A maloqueira dormia tranquilamente enquanto Giulia passava a mão em seu cabelo e a abrigava em seus braços.

— Bô, acorda. — pediu Giu. A pilantra se aconchegou nos seios de Giulia que sorriu.

— Já chegamos, acorda. — continuou Giulia. Não precisava ser uma gênia pra saber que aquela idiota estava se fingindo.

Então ela tá com dificuldade pra acordar né? Eu vou acordar essa sem vergonha.

Me levantei e peguei a minha mochila no compartimento de mala de mão, a maioria dos alunos já tinham decido e eu fiquei para trás. A mochila estava um pouco pesada e isso fazia parte de seu propósito. Boára permanecia no mesmo lugar em estado de coma-pilantragem e ao me aproximar fingi um tropeço e minha mochila atingiu a cabeça da maloqueira com certa força. Ela acordou no mesmo instante.

— Ops. Desculpa, juro que foi sem querer. — sorri ao constatar o ódio em seu rosto.

— Tá cega otária? — passou a mão na cabeça onde minha bolsa havia acertado.

— Eu disse que foi sem querer, se não acredita o problema é seu. — peguei minha mochila que tinha caído em seu colo. — Pelo menos a bela adormecida acordou. — troquei o sorriso pela minha cara de poucos amigos, aquela que eu faço quando o Edu entra no meu quarto e pega dinheiro sem pedir. — Cuidado hein Giu, essa maloqueira aí tá cheia de pulgas. — Giulia então me olhou sem entender. Gustavo prestava atenção em tudo, então lhe mandei um beijo no ar, o que o fez sorrir e vir até mim. Marcele parecia irritada, talvez estivessem falando de algo sério mas não me importei em interromper.

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora