Maloqueira

Capítulo 40

                        BOÁRA

Descolei uma bebida quente e gostosa pra ursinha, quem sabe ela não se solta um pouquinho.

— Ei Bô, por que tu trouxe essa mina com a gente? Se os caras cola aqui, ela vai ser um atraso. — Duca não parava de reclamar no meu ouvido, e já tava ficando chato.

— Ah qual é, se os caras colarem aqui a gente da um jeito, e para de reclamar mew, tá parecendo o meu velho. — falei já impaciente.

— A mina é mó patricinha, e cê nunca trouxe ninguém aqui, nem mesmo a Lara. Por que trouxe essa mina que não sabe nem pular um muro de meio metro?

— Quer saber cara, fui! — me enchi do papo de velho e caí fora, afim de ir me encontrar com a ursinha. Algumas minas mandavam um oi e claro, eu não posso dar uma de mal educada né não? Mesmo que o velhote diga o contrário, eu tenho educação.

— Oi Bô. — Joyce tocou o meu braço antes de passar por mim, encarei a bunda que mal cabia dentro de um mini short.

— E aí. — falei mais pra mim mesma do pra garota que havia desaparecido entre as pessoas.

Meu bom humor tava lá encima, mas a visão nítida e tosca de uma filha da puta tentando beijar a ursinha fez com que meu sorriso sumisse completamente. De repente me vi indo na direção do sofá onde a deixei e sem nem pensar duas vezes joguei a bebida de um dos copos que eu segurava em cima da sapatão do caralho.

— Ei, caralho você ficou... — J.A fez uma pausa ao perceber que era eu, então eu subi em cima da pequena e velha mesinha de centro que tava próxima ao sofá e também entre Emy e eu, a atravessei ficando assim mais próxima da ursinha, ou melhor dizendo, entre ela e J.A. — Ah, é você.

— Tentando pegar a minha mina filha da puta? — a raiva me consumiu de tal forma que ignorei a ursinha.

— Cai fora Bô, essa daqui eu vi primeiro. — a filha da puta me encarou.

— Viu primeiro um caralho, a mina veio comigo e se cê chegar perto dela de novo, não é só um copo de bebida que vai voar na tua cara não. — apontei o indicador com o polegar pra cima. — Tu tá ligada que se eu quiser acabo contigo e com essa tua fama de malandrona. Cê sabe que tu de malandra não tem porra nenhuma. — J.A parecia cogitar alguma coisa. — Ainda tá na minha frente sapata? Cai fora! — ela me olhou por mais alguns segundos. — Agora! — completei, e ela saiu pisando duro.

Não olhei muito pra ursinha durante a discussão, mas quando terminou eu suspirei e me virei para olhá-la. Ela parecia um pouco nervosa e eu ofereci o copo de bebida que tinha restado, pra acalmá-la.

— Eu não quero! — disse, ríspida.

— Toma aí que tu vai gostar. — estendi o copo mas não sei bem o que deu nela, porque a louca bateu a mão na minha e me fez derrubar o copo no chão.

— Que é? Tá louca? — me aproximei sem entender afim de, quem sabe, quebrar o pescoço da otária.

— Primeiro, eu não sou a sua "mina" entendeu? — ela apontou o dedo indicador na minha cara. — E segundo, pra onde foi que você me trouxe? — meteu mala.

Quem essa vadia acha que é?

— Primeiro, vai se fuder tá legal? Segundo, eu só falei aquilo pra te livrar da sapatão que tava doidinha pra te embebedar e te levar pra sabe-se lá onde, um lugar cheio de sapatão e aí te comer e te deixar estirada em qualquer rua por aí. Mas cê não sabe nem agradecer, e depois a sem educação sou eu. — meu nível de raiva foi aumentando.

— Quer saber, eu vou pra casa! Nunca mais quero olhar pra sua cara, sua maloqueira idiota! — a ruivinha me empurrou.

— Ah é? Vai! Mas vai sozinha, porque eu vou ficar aqui bebendo e me divertindo. — a olhei mais uma vez. — E cai fora do meu caminho porque tem uma morena cheia de amor pra dar me chamando. — a empurrei fazendo com que ela saísse da minha frente. Andei em direção a algumas minas que estavam dançando e aproveitei pra me aproximar. Uma das garotas eu já conhecia. Flavia, uma pretinha linda, não demorou nada pra que já estivéssemos dançando juntinhas.

Quem essa ruiva pensa que é pra me tratar assim? Eu acabei de defender ela cara. É isso o que eu ganho por ajudar?

Se ela acha que é o último biscoito do pacote ela tá muito enganada.