Capítulo 29

17 1 0
                                    

                        EMILY

Pedro foi muito atencioso, tomamos café juntos e em seguida peguei a roupa de uma das irmãs dele emprestada. Conversamos por um tempo e ele me contou sobre a faculdade, sobre morar longe de seus pais e suas irmãs. Me contou que continua o mesmo galinha de antes mas que evoluiu muito porque agora ele leva as garotas a sério. A cantada não colou e então ele desistiu e fomos para outro assunto.

— Por que você e o Gustavo pararam de se falar? — a expressão em seu rosto mudou. Ele ficou tão sério que senti a tensão cortar o ar.

— A gente não parou de se falar, é que agora o cara tá em Nova York e não tem como manter contato. — era a mentira mais visível que eu já tinha notado.

— Sério? — o encarei. — Dá pra ver que é mentira, assim como dá pra ver que aconteceu alguma coisa. Pedro, me conta! — pedi.

— A única coisa que eu posso dizer é, desencana. — sua sugestão me preocupou.

— Você merece coisa melhor sardentinha.

— Mas, como assim? — voltei a questioná-lo mas parece que o papo chegou ao fim.

— Quer uma carona? Eu tô indo pra aqueles lados. — disse ao se levantar.

Já estava ficando tarde e apesar de tranquilizar o meu pai que provavelmente me deixará de castigo por um ano por não ter avisado que iria a uma festa ou que dormiria fora. A verdade é que eu não sabia, nada tinha sido planejado então o castigo é uma consequência.


[...]

Chegamos ao portão de casa e o belo moreno dono de um olhar expressivo me entregou uma sacola com as minhas roupas.

— Não rola nem um beijo de despedida? — colocou as mãos nos bolsos da calça.

— Acho que você quer beijar outra garota. — Pedro rapidamente olhou para mim e sustentou meu olhar. — Veio pra esses lados pra se despedir da Giu. — cruzei os braços enquanto aguardava sua resposta a não necessariamente uma pergunta.

— Isso se ela não me deixar chupando manga de novo. — desviou o olhar.

— Qual é o seu problema? Por que não diz que gosta dela e...

— E o que? — seus olhos voltaram a procurar os meus. — Eu vou voltar pro Rio Grande do Sul e então? — suspirou um pouco contrariado. — A Giulia é meio maluquinha e é livre feito um passarinho, não faz o tipo que se prende por qualquer um, tá ligada?

— Acho que sim. — suspirei resignada.

— Um beijinho? — seu tom brincalhão reapareceu e formou um biquinho ao juntar os lábios. Pedro me abraçou e me apertou como fazia a um ano atrás quando andávamos ele, Gustavo e eu.

— Vou sentir saudade. — nos separamos mas antes de se afastar ele beijou a minha testa.

— Existe uma coisa muito bacana que os homens da caverna criaram, e se chama telefone. — fiz careta pra ele, que riu.

— Ok, seu grosso.

— A gente se fala, sardentinha. — era assim que ele e Gustavo costumavam me chamar. Pedro ergueu um pouco a mão e eu dei um toque de despedida.

Entrei em casa logo após constatar que Pedro havia ido embora, tentei ser o mais discreta possível num domingo de manhã.

— Sabe que está de castigo, não sabe? — papai surgiu da sala e me deu o maior susto, mas apesar disso não fiz uma expressão exagerada, apenas assenti e subi para o meu quarto.

Nada como começar um domingo de castigo.

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora