Capítulo 4

26 3 0
                                    

                      LARA

Droga, estou atrasada!

Duvido que o senhor Laurent me deixe entrar com mais de dez minutos de atraso. Tom estava logo ao meu lado, não tirava sua mão da minha cintura e aquilo me irritava apesar dele ser meu namorado. Ainda assim só estamos juntos porque nossos pais fazem muitos negócios e pra ser mais específica, o meu pai praticamente me obriga a seguir com essa droga de namoro.
A verdade é que quanto mais tempo eu fico longe da minha gata de rua mais vontade eu sinto de ficar com ela e se isso me torna lésbica quanto menos gente souber sobre ela melhor, aliás o mais adequado é que ninguém saiba sobre a Bô. É um saco depender tanto do meu pai, depender tanto do dinheiro dele e dos pensamentos alheios. As vezes me pergunto o que a minha mãe faria se estivesse no meu lugar, se não tivesse me abandonado quando eu ainda era bebê e se não tivesse cortado os pulsos alguns anos depois. A escola também não é muito receptiva com homossexuais, por isso prefiro me manter a margem de certos comentários.
Por fim cheguei na porta da sala e percebi que Emy estava vindo correndo também, aposto que da biblioteca.

— Se você se atrasou, ele não vai poder questionar nós dois. — falei sarcástica e Emy apenas soltou um "haha" o que me fez sorrir.

A típica santa do pau oco. Não bebe, não fuma, não curte mas critica quem bebe, quem fuma e quem curte. Sinceramente não sei o que o Dario vê nela, pior ainda não entendo como os garotos da escola querem ficar com ela. A verdade é que Emily Ferraz não faz o tipo de ninguém. — revirei os olhos ao pensar. Por fim nós três entramos de mansinho.

— Senhoritas, Ferraz, Campel e senhor Monteiro. — Droga, ele nos viu!

— Senhor Laurentt — falamos os três juntos

— Dez minutos de atraso? — ele olhou seu relógio de pulso.

— Perdão professor, eu estava na biblioteca. — Emy deu-lhe o cartão da biblioteca assinado. Nossa que garota puxa saco.

— Sente-se senhorita Ferraz. — Emy foi se sentar.

— E quanto a vocês? — o professor se dirigiu a Tom e a mim.

— Desculpa aí professor é que a Lara tirou toda a minha energia essa noite se é que você me entende. — o comentário de mal gosto de Tom fez com que todos dessem risada.

Que idiota!

— Sentem-se, e da próxima vez não terão tanta sorte.

Tivemos sorte, não posso mais faltar a aula dele, estou a um passo de ser reprovada nessa matéria. Me sentei numa carteira do canto no fundo da sala, foi então que olhei pro outro lado da sala onde havia alguém me encarando... seus olhos transmitiam perplexidade e seu rosto apesar de calmo me dizia muita coisa. Bô estava me olhando fixamente e eu não sabia o que fazer nem o que pensar.

Como ela veio parar aqui? Droga!

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora