Capítulo 39

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                         E M I L Y

O tal de Duca é um mal-educado pois nem ao menos me cumprimentou, não que eu fizesse questão, mas é uma regra básica de conduta e ética. Por causa do mal humor do amigo da maloqueira eu nem me atrevi a perguntar sobre o lugar.
Estacionamos em uma rua muito estranha, vazia e só a luz de alguns postes a iluminavam.

— Onde estamos? — com um frio na barriga, questionei.

— Shhh! — a maloqueira fez sinal de silêncio com o dedo. — Só me segue. — sussurrou. Ela entrou por uma pequena fresta entre duas paredes e me puxou pra que eu fizesse o mesmo. Logo percebi que estávamos entrando numa propriedade cujo mais a frente tinha uma casa grande, que mais parecia abandonada.

Ótimo Emily, você vai ser presa por invasão a propriedade e o seu pai vai te matar. Sério, meus parabéns!

— Garota, pra onde... — antes que eu terminasse Bô tapou a minha boca.

— Qual é, dá pra calar a boca? — sussurrou outra vez.

Passamos por dois corredores e descemos uma espécie de escada subterrânea como nas casas de filme americano, onde provavelmente ficam os porões. Dali em diante pude ouvir a música que ficava mais alta a cada passo. Estávamos em um corredor estreito que cujo a luz era vermelha, e mais a frente as pessoas começaram a aparecer, garotas seminuas encostadas nas paredes, pessoas se pegando ainda mais adiante e por fim chegamos ao que parecia uma balada particular com muita gente, mas com alguns sofás e um bar cool.

— Que lugar é esse? — olhei a minha volta, observando as mais variadas pessoas dançando, bebendo e se pegando em todo lugar.

— Diversão, já ouviu falar? — seu sarcasmo me fez erguer uma sobrancelha.

— Esse lugar tem cara de estar abandonado e se isso for verdade...

— O lugar não tá abandonado. O pessoal cuida muito bem dele. — Bô indicou as pessoas da festa, uns estavam bebendo como loucos outros se pegando como se nunca tivessem feito sexo na vida e tinham também aqueles que estavam cantando e dançando junto com a música que tocava.

— Oi Bô! — uma garota loira e alta passou ao lado da maloqueira que olhou pra garota como se ela fosse um enorme pedaço de carne.
Como posso definir a loira? Huuum vejamos...

Piranha!

— Eu vou embora antes que eu possa me dar mal por sua causa. — falei, já andando em direção ao lugar por onde eu havia entrado.

— Ah mas tu não vai. — protestou a maloqueira segurando o meu braço. — Tu tem mesmo é que relaxar. Vem comigo! — me puxou por entre as pessoas ali um pouco estranhas. As meninas se vestiam como prostitutas e os meninos como gogoboys. Percebi que haviam algumas garotas vestidas com roupas masculinas. — Senta aí e me espera! — a maloqueira me jogou em um pequeno sofá vermelho.

— Ai! — falei e ela apenas sorriu e se perdeu entre a multidão. Tentei relaxar e ficar tranquila no meio de toda aquela gente, eu estava sozinha no sofá e procurei não me mexer muito. As meninas a minha frente dançavam bem sensualmente e alguns rapazes dançavam atrás delas, outras estavam beijando outras meninas e eu comecei a ficar um pouco nervosa com aquela visão da perdição.

— Ei, olha só o que temos por aqui. — me assustei ao ver um menino, na verdade uma menina vestida de menino já sentada ao meu lado, segurando um copo de bebida e me olhando como se (eu) fosse um pedaço de carne.

— Que ruiva linda. Me diz, qual é o teu nome gatinha? — me afastei um pouco, mas ela se aproximou novamente. Mal conseguia olhar o rosto da garota, ou os seus olhos ou qualquer outra coisa, eu só queria que ela não se aproximasse tanto por isso voltei a me afastar.

— Emy. — falei um pouco nervosa. — Pode me chamar de Emy.

— Lindo nome Emy, como a dona. — enfim enxerguei seu olhar malicioso. — Você pode me chamar de J.A flor. — estendeu o copo de bebida. — Vai de vodka? — ofereceu.

— Não, obrigada. — ainda mais incomodada fui parar no braço do outro canto do sofá.

— Tem certeza? — ela me perguntou enquanto se aproximava de novo, e eu apenas assenti. — Aposto que você ta afim de outra coisa. — senti o hálito quente com cheiro de cerveja e outras coisas misturadas bater contra o meu rosto. Uma sensação nada agradável inclusive.

Meu Deus, onde eu vim parar?

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora